A questão de qual dia os cristãos tipicamente adoram de acordo com a Bíblia é uma que tem sido discutida e debatida por séculos. Para fornecer uma resposta completa e ponderada, devemos nos aprofundar tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, examinar as práticas cristãs primitivas e considerar os desenvolvimentos históricos e teológicos dentro do cristianismo.
No Antigo Testamento, o sábado é claramente estabelecido como o sétimo dia da semana, que corresponde ao sábado. Este dia foi reservado para descanso e adoração em comemoração ao descanso de Deus após os seis dias da criação. Gênesis 2:2-3 afirma: "No sétimo dia Deus já havia concluído a obra que realizara; e nesse dia descansou de toda a sua obra. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação." O mandamento de observar o sábado também é um dos Dez Mandamentos dados a Moisés no Monte Sinai: "Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, teu Deus" (Êxodo 20:8-10).
Para o povo judeu, o sábado era um sinal da aliança entre eles e Deus. Era um dia de descanso, reflexão e adoração, envolvendo proibições e rituais específicos delineados na Torá. A observância do sábado era um aspecto central da vida religiosa judaica.
À medida que avançamos para o Novo Testamento, vemos que o próprio Jesus observava o sábado, como era costume para um homem judeu de sua época. Lucas 4:16 nos diz: "Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume." No entanto, Jesus também enfatizou o significado espiritual mais profundo do sábado, desafiando as interpretações legalistas dos líderes religiosos de sua época. Em Marcos 2:27, Ele disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado."
A igreja cristã primitiva, que surgiu de um contexto judaico, inicialmente continuou a observar o sábado. No entanto, uma mudança significativa ocorreu com a ressurreição de Jesus Cristo, que aconteceu no primeiro dia da semana, domingo. Este evento se tornou a pedra angular da fé cristã e influenciou profundamente as práticas de adoração cristã.
O Novo Testamento registra que os primeiros cristãos começaram a se reunir no primeiro dia da semana para partir o pão e adorar. Atos 20:7 afirma: "No primeiro dia da semana, reunimo-nos para partir o pão." Da mesma forma, em 1 Coríntios 16:2, Paulo instrui os crentes a separar uma quantia de dinheiro no primeiro dia da semana. Essas referências indicam que o domingo se tornou um dia especial para os primeiros cristãos, provavelmente porque era o dia da ressurreição de Cristo.
A transição da adoração no sábado (sábado) para a adoração no domingo foi ainda mais solidificada pelos pais da igreja primitiva e pelos escritos dos Pais Apostólicos. Inácio de Antioquia, escrevendo no início do segundo século, referiu-se aos cristãos como "não mais observando o sábado, mas vivendo na observância do Dia do Senhor, no qual também nossa vida ressurgiu por Ele e por Sua morte" (Inácio, Epístola aos Magnésios, Capítulo 9). Da mesma forma, Justino Mártir, escrevendo em meados do segundo século, descreveu a prática cristã de se reunir no domingo para adoração, leitura das Escrituras e a Eucaristia (Justino Mártir, Primeira Apologia, Capítulo 67).
A mudança para a adoração no domingo não foi meramente uma questão de conveniência ou adaptação cultural. Foi profundamente teológica, enraizada na ressurreição de Cristo, que foi vista como o cumprimento do descanso sabático e a inauguração da nova criação. O escritor de Hebreus fala de um "descanso sabático para o povo de Deus" (Hebreus 4:9), que muitos cristãos primitivos entenderam como sendo cumprido em Cristo e celebrado no dia de Sua ressurreição.
Ao longo da história da igreja, a adoração no domingo tornou-se a norma para a maioria das comunidades cristãs. O Concílio de Laodiceia (cerca de 363-364 d.C.) instruiu explicitamente os cristãos a honrarem o Dia do Senhor e, se possível, descansarem nesse dia, enquanto desencorajava a observância do sábado judaico. A prática da adoração no domingo foi ainda mais reforçada pelo imperador romano Constantino, que em 321 d.C. declarou o domingo um dia de descanso e adoração em todo o Império Romano.
Apesar da predominância da adoração no domingo, sempre houve grupos dentro do cristianismo que continuaram a observar o sábado no sábado. A Igreja Adventista do Sétimo Dia, por exemplo, enfatiza a importância do sábado no sábado e o vê como um aspecto vital da obediência e adoração cristã.
Em resumo, enquanto o sábado (sábado) foi o dia original de descanso e adoração estabelecido no Antigo Testamento, a ressurreição de Jesus Cristo no primeiro dia da semana (domingo) levou a uma mudança significativa nas práticas de adoração cristã. Os primeiros cristãos começaram a se reunir no domingo para comemorar a ressurreição, e essa prática foi solidificada pelos ensinamentos dos pais da igreja primitiva e pelos desenvolvimentos históricos dentro da igreja. Hoje, a maioria dos cristãos adora no domingo, vendo-o como o Dia do Senhor e uma celebração da nova criação inaugurada pela ressurreição de Cristo. No entanto, alguns grupos cristãos continuam a observar o sábado no sábado, mantendo uma conexão com o mandamento bíblico original.