Em que nome os cristãos devem ser batizados de acordo com a Bíblia?

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O batismo é um dos ritos mais significativos e sagrados do Cristianismo, simbolizando a identificação do crente com a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. A questão de em nome de quem os cristãos devem ser batizados está profundamente enraizada nas Escrituras e é essencial para entender os fundamentos teológicos e doutrinários da fé cristã.

O principal mandamento bíblico para o batismo vem do próprio Jesus Cristo. Na Grande Comissão, registrada no Evangelho de Mateus, Jesus instrui Seus discípulos:

"Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19, ESV).

Este versículo, frequentemente referido como a fórmula trinitária, claramente delineia que o batismo deve ser realizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Esta diretiva sublinha a crença cristã na Trindade, as três pessoas distintas de Deus que são co-eternas, co-iguais e consubstanciais.

A fórmula trinitária não é meramente uma frase litúrgica, mas uma declaração teológica profunda. Ela encapsula a plenitude da revelação de Deus à humanidade. Ao batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, os cristãos afirmam sua crença na natureza triúna de Deus e reconhecem os papéis que cada pessoa da Trindade desempenha na obra da salvação. O Pai, como a fonte de toda criação e amor; o Filho, como a Palavra encarnada que redime a humanidade através de Sua vida, morte e ressurreição; e o Espírito Santo, como o sustentador e santificador que habita nos crentes e os capacita para uma vida santa.

No entanto, um ponto interessante de discussão surge quando examinamos as práticas da igreja primitiva registradas no Livro de Atos. Várias passagens em Atos mencionam o batismo em nome de Jesus Cristo. Por exemplo, Pedro, dirigindo-se à multidão no Pentecostes, diz:

"Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo" (Atos 2:38, ESV).

Da mesma forma, em Atos 10:48, Pedro ordena que Cornélio e sua casa sejam batizados em nome de Jesus Cristo. Além disso, em Atos 19:5, Paulo batiza os discípulos em Éfeso "em nome do Senhor Jesus".

Essas referências ao batismo em nome de Jesus Cristo levaram alguns a defender uma fórmula batismal "somente em Jesus". Eles argumentam que, uma vez que os apóstolos, que foram diretamente comissionados por Jesus, batizaram em Seu nome, essa prática deve ser normativa para a igreja.

Para reconciliar essas práticas aparentemente diferentes, é essencial entender o contexto e as implicações teológicas dessas passagens. A ênfase no batismo em nome de Jesus Cristo em Atos pode ser vista como uma declaração de lealdade a Jesus como o Messias e Senhor. No contexto da igreja primitiva, onde havia muitas reivindicações religiosas concorrentes e uma forte tradição monoteísta judaica, afirmar Jesus como Senhor era uma declaração radical e definidora de fé.

Além disso, a frase "em nome de Jesus Cristo" significa a autoridade e o poder de Jesus. No mundo antigo, fazer algo em nome de alguém era agir com sua autoridade e endosso. Portanto, quando os apóstolos batizavam em nome de Jesus, eles estavam invocando Sua autoridade e afirmando a salvação que Ele realizou.

A fórmula trinitária dada por Jesus em Mateus 28:19 e a prática apostólica de batizar em nome de Jesus Cristo não são contraditórias, mas complementares. Elas destacam diferentes aspectos da mesma verdade. A fórmula trinitária enfatiza a plena revelação de Deus e o relacionamento do crente com o Deus triúno. A prática de batizar em nome de Jesus sublinha a centralidade de Jesus no plano redentor de Deus e a identificação do crente com Ele.

Os pais da igreja primitiva e teólogos também fornecem insights sobre este assunto. Por exemplo, Tertuliano, escrevendo no início do terceiro século, afirma a fórmula batismal trinitária em sua obra "Sobre o Batismo". Ele argumenta que o batismo deve ser administrado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme ordenado por Jesus. Da mesma forma, a Didaqué, um manual cristão primitivo para instrução, também prescreve o batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Na prática cristã contemporânea, a maioria das denominações adere à fórmula trinitária para o batismo. Esta prática está alinhada com o comando explícito de Jesus e o entendimento teológico de Deus como triúno. Também serve como um elemento unificador entre as diversas tradições cristãs, afirmando uma crença compartilhada nos princípios fundamentais da fé.

Em conclusão, os cristãos devem ser batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme instruído por Jesus em Mateus 28:19. Esta fórmula trinitária encapsula a plenitude da revelação de Deus e o relacionamento do crente com o Deus triúno. As referências ao batismo em nome de Jesus Cristo no Livro de Atos destacam a autoridade de Jesus e a identificação do crente com Ele. Juntas, essas práticas sublinham a natureza abrangente e profunda do batismo cristão, enraizando-o firmemente nos fundamentos escriturísticos e teológicos da fé.

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