Quais eventos levaram Davi a se tornar rei após Saul?

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A jornada de Davi de um jovem pastor ao rei de Israel é uma narrativa fascinante cheia de orquestração divina, coragem humana e lições morais. Os eventos que levaram Davi a se tornar rei após Saul estão meticulosamente registrados nos livros de 1 Samuel e 2 Samuel, e revelam muito sobre a soberania de Deus, a fragilidade humana e o desenrolar das promessas divinas.

A história começa com o reinado de Saul, o primeiro rei de Israel. Saul foi escolhido por Deus e ungido pelo profeta Samuel (1 Samuel 10:1). Inicialmente, Saul mostrou promessa como líder, mas seu reinado foi marcado pela desobediência e pela falha em seguir os mandamentos de Deus. Um dos momentos cruciais que sinalizou o fim do favor de Saul com Deus foi sua obediência incompleta na batalha contra os amalequitas. Deus havia ordenado a Saul que destruísse completamente os amalequitas e todas as suas posses, mas Saul poupou seu rei, Agague, e manteve o melhor do gado (1 Samuel 15:9). Este ato de desobediência levou a uma severa repreensão de Samuel, que declarou que Deus havia rejeitado Saul como rei (1 Samuel 15:26).

Esta rejeição preparou o palco para a ascensão de Davi. Deus instruiu Samuel a ungir um novo rei entre os filhos de Jessé de Belém (1 Samuel 16:1). Samuel obedeceu e, após avaliar os filhos de Jessé, foi guiado por Deus a ungir o mais jovem, Davi, que estava cuidando das ovelhas na época (1 Samuel 16:12-13). Esta unção foi feita em segredo, e o Espírito do Senhor veio poderosamente sobre Davi a partir daquele dia, significando a escolha e a bênção de Deus.

A introdução de Davi à corte real veio através de seu talento musical. Saul, atormentado por um espírito maligno, encontrou alívio na harpa de Davi (1 Samuel 16:23). Isso trouxe Davi para perto de Saul e sua corte, embora Saul não soubesse do futuro papel de Davi como seu sucessor. A reputação de Davi cresceu ainda mais quando ele corajosamente derrotou o gigante filisteu, Golias, com uma funda e uma pedra (1 Samuel 17:49). Esta vitória não apenas demonstrou a fé de Davi em Deus, mas também o tornou querido pelo povo de Israel e pelo filho de Saul, Jônatas, que formou uma profunda e leal amizade com Davi (1 Samuel 18:1-4).

No entanto, o favor inicial de Saul para com Davi se transformou em ciúme e medo à medida que os sucessos militares e a popularidade de Davi cresciam. As mulheres de Israel cantavam: "Saul matou seus milhares, e Davi seus dez milhares" (1 Samuel 18:7), o que alimentou a paranoia de Saul. As tentativas de Saul de matar Davi começaram em sério, e Davi foi forçado a fugir para salvar sua vida. Apesar de ser perseguido implacavelmente por Saul, Davi mostrou consistentemente respeito pela posição de Saul como o rei ungido do Senhor. Em duas ocasiões notáveis, Davi teve a oportunidade de matar Saul, mas se absteve, citando sua relutância em ferir o ungido do Senhor (1 Samuel 24:6, 1 Samuel 26:9).

O tempo de Davi como fugitivo foi marcado por sua dependência de Deus para proteção e orientação. Ele reuniu um grupo de seguidores leais e viveu entre os filisteus por um tempo, até fingindo lealdade a eles para sobreviver (1 Samuel 27). Ao longo dessas provações, Davi buscou a vontade de Deus e exibiu um coração de humildade e confiança no tempo de Deus.

O ponto de virada veio com o trágico fim do reinado de Saul. Os filisteus montaram um ataque significativo contra Israel, e na batalha subsequente no Monte Gilboa, Saul e seus filhos, incluindo Jônatas, foram mortos (1 Samuel 31:6). A morte de Saul deixou um vácuo de poder e uma nação dividida. Davi, que estava vivendo em Ziclague, uma cidade filisteia, recebeu a notícia da morte de Saul através de um amalequita que afirmou ter matado Saul a seu próprio pedido para evitar a captura (2 Samuel 1:10). Davi lamentou profundamente por Saul e Jônatas, demonstrando seu respeito e amor por eles, apesar da perseguição de Saul.

Após a morte de Saul, Davi perguntou ao Senhor se deveria subir a alguma das cidades de Judá. Deus o direcionou a Hebrom, onde os homens de Judá ungiram Davi como rei sobre a casa de Judá (2 Samuel 2:1-4). Isso iniciou o reinado de Davi, mas ele foi inicialmente apenas rei sobre a tribo do sul de Judá. As tribos do norte de Israel seguiram Isbosete, o filho sobrevivente de Saul, levando a um período de guerra civil entre a casa de Saul e a casa de Davi (2 Samuel 3).

O conflito entre as duas casas foi marcado por intrigas e alianças cambiantes. Abner, o comandante do exército de Saul, inicialmente apoiou Isbosete, mas eventualmente desertou para o lado de Davi após uma desavença com Isbosete (2 Samuel 3:6-11). O apoio de Abner foi crucial para trazer as tribos do norte a reconhecer o reinado de Davi. No entanto, Abner foi assassinado por Joabe, o comandante de Davi, em um ato de vingança pessoal (2 Samuel 3:27). Davi lamentou publicamente a morte de Abner, distanciando-se do ato e mostrando seu compromisso com a justiça e a unidade.

O reinado de Isbosete foi de curta duração, pois ele foi assassinado por dois de seus próprios homens (2 Samuel 4:5-7). Os assassinos trouxeram sua cabeça a Davi, esperando uma recompensa, mas Davi condenou sua traição e os mandou executar (2 Samuel 4:12). Este ato demonstrou ainda mais o compromisso de Davi com a justiça e sua recusa em ganhar poder por meios injustos.

Com a morte de Isbosete, os anciãos de Israel vieram a Davi em Hebrom e o ungiram rei sobre todo Israel (2 Samuel 5:3). Davi tinha trinta anos quando começou a reinar, e reinou por quarenta anos, primeiro em Hebrom sobre Judá por sete anos e meio, e depois em Jerusalém sobre todo Israel e Judá por trinta e três anos (2 Samuel 5:4-5). O reinado de Davi foi marcado por seu desejo de unificar a nação e estabelecer Jerusalém como o centro político e espiritual de Israel. Ele capturou Jerusalém dos jebuseus e a fez sua capital (2 Samuel 5:6-9), trazendo a Arca da Aliança para lá e estabelecendo-a como o coração religioso da nação (2 Samuel 6).

A jornada de Davi para a realeza é um testemunho da providência de Deus e da importância de um coração alinhado com a vontade de Deus. Apesar de inúmeros desafios e oportunidades para tomar o poder pela força, Davi buscou consistentemente a orientação de Deus e exibiu um profundo respeito pelos líderes ungidos de Deus. Sua ascensão ao poder foi marcada por paciência, fé e um compromisso com a justiça, qualidades que definiriam seu reinado e deixariam um legado duradouro para Israel.

A história de Davi também prenuncia a vinda de Jesus Cristo, o rei ungido definitivo. Como Davi, Jesus nasceu em Belém, enfrentou rejeição e perseguição, e finalmente estabeleceu um reino não pela força, mas pelo amor sacrificial e obediência à vontade de Deus. A vida de Davi nos aponta para o maior Davi, Jesus, que reina eternamente como Rei dos reis e Senhor dos senhores.

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