As instruções para a construção do tabernáculo, conforme detalhado no Livro do Êxodo, estão entre as passagens mais intrincadas e simbolicamente ricas de toda a Bíblia. Essas instruções, dadas por Deus a Moisés no Monte Sinai, são encontradas principalmente nos capítulos 25 a 31 de Êxodo e depois reiteradas nos capítulos 35 a 40, quando os israelitas realizam a construção. O tabernáculo, também conhecido como a "Tenda do Encontro", serviu como a morada terrena portátil de Deus entre os israelitas durante sua jornada pelo deserto. As instruções detalhadas refletem não apenas o desejo de Deus por um lugar de adoração, mas também Sua atenção à santidade, ordem e beleza.
O comando inicial para a construção do tabernáculo é encontrado em Êxodo 25:8-9, onde Deus diz: "E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles. Exatamente como eu te mostrar, conforme o modelo do tabernáculo e de todos os seus móveis, assim o farás." Isso prepara o cenário para uma série de instruções detalhadas que abrangem a estrutura do tabernáculo, seus móveis e as vestes sacerdotais.
O primeiro item descrito é a Arca da Aliança, que residiria no Lugar Santíssimo, a parte mais interna do tabernáculo. De acordo com Êxodo 25:10-22, a Arca deveria ser feita de madeira de acácia e revestida de ouro puro por dentro e por fora. Ela deveria ter 2,5 côvados de comprimento, 1,5 côvados de largura e 1,5 côvados de altura. A Arca teria uma moldura de ouro ao redor e quatro argolas de ouro pelas quais varas feitas de madeira de acácia, também revestidas de ouro, seriam inseridas para transporte. A tampa da Arca, conhecida como o propiciatório, deveria ser feita de ouro puro com dois querubins de ouro em suas extremidades. Os querubins deveriam estar voltados um para o outro com suas asas estendidas para cima, cobrindo o propiciatório. Este propiciatório seria o lugar onde Deus se encontraria com Moisés e lhe daria comandos para os israelitas.
Em seguida, em Êxodo 25:23-30, são dadas instruções para a mesa para o Pão da Presença. Esta mesa também deveria ser feita de madeira de acácia e revestida de ouro puro. Ela teria 2 côvados de comprimento, 1 côvado de largura e 1,5 côvados de altura. Como a Arca, ela teria uma moldura de ouro e seria equipada com argolas e varas para transporte. A mesa conteria o Pão da Presença, que deveria ser colocado diante de Deus regularmente.
O candelabro de ouro, ou menorá, é descrito em Êxodo 25:31-40. Ele deveria ser feito de ouro puro e moldado como uma única peça com um eixo central e seis braços, três de cada lado. O candelabro teria copos em forma de flores de amêndoa, cada um com um botão e uma flor. Ele deveria ser feito com sete lâmpadas, e suas tenazes e bandejas também deveriam ser feitas de ouro puro. O candelabro deveria fornecer luz no Lugar Santo, a sala externa do tabernáculo.
Êxodo 26 dá uma descrição detalhada da estrutura do tabernáculo. O tabernáculo deveria ser feito de dez cortinas de linho fino torcido, fios azuis, púrpura e escarlate com querubins trabalhados nelas por um artesão habilidoso. Cada cortina deveria ter 28 côvados de comprimento e 4 côvados de largura. As cortinas deveriam ser unidas em conjuntos de cinco. Cinquenta laços de material azul deveriam ser feitos ao longo da borda da cortina final em cada conjunto, e cinquenta colchetes de ouro seriam usados para unir as cortinas de modo que o tabernáculo fosse uma unidade única.
Além disso, onze cortinas de pelo de cabra deveriam ser feitas para uma tenda sobre o tabernáculo. Essas cortinas deveriam ter 30 côvados de comprimento e 4 côvados de largura. Elas deveriam ser unidas em conjuntos de cinco e seis, com cinquenta laços e cinquenta colchetes de bronze para conectá-las. A tenda também teria uma cobertura de peles de carneiro tingidas de vermelho e outra cobertura de couro durável.
As armações para o tabernáculo deveriam ser feitas de madeira de acácia, cada armação tendo 10 côvados de comprimento e 1,5 côvados de largura, com dois encaixes para se ajustarem. Vinte armações deveriam ser feitas para o lado sul e vinte para o norte, com quarenta bases de prata sob elas. Seis armações deveriam ser feitas para o lado oeste, mais duas armações para os cantos, todas com bases de prata.
Êxodo 26:31-37 descreve o véu que separaria o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. O véu deveria ser feito de fios azuis, púrpura e escarlate e linho fino torcido, com querubins trabalhados nele por um artesão habilidoso. Ele deveria ser pendurado em quatro postes de madeira de acácia revestidos de ouro e colocados em bases de prata. A cortina para a entrada da tenda deveria ser feita de maneira semelhante, com fios azuis, púrpura e escarlate e linho fino torcido, e deveria ser pendurada em cinco postes com ganchos de ouro e bases de bronze.
O altar do holocausto é descrito em Êxodo 27:1-8. Ele deveria ser feito de madeira de acácia e revestido de bronze. Ele deveria ter 5 côvados de comprimento e 5 côvados de largura, e 3 côvados de altura. O altar deveria ter chifres em seus quatro cantos, e todos os seus utensílios—panelas, pás, bacias, garfos e braseiros—deveriam ser feitos de bronze. Uma grelha, uma rede de bronze, deveria ser feita para ele, e o altar deveria ser oco, com tábuas dentro.
O pátio do tabernáculo é descrito em Êxodo 27:9-19. Ele deveria ter 100 côvados de comprimento e 50 côvados de largura, com cortinas de linho fino torcido, 20 côvados de comprimento, de cada lado. A entrada do pátio deveria estar no lado leste, com uma cortina de 20 côvados de comprimento feita de fios azuis, púrpura e escarlate e linho fino torcido, com quatro postes e quatro bases. Todos os postes ao redor do pátio deveriam ter faixas e ganchos de prata, e suas bases deveriam ser de bronze.
Em Êxodo 28, Deus fornece instruções detalhadas para as vestes sacerdotais, particularmente para Arão e seus filhos. As vestes incluíam um peitoral, um éfode, uma túnica, uma túnica tecida, um turbante e um cinto. Essas vestes deveriam ser feitas de ouro, fios azuis, púrpura e escarlate, e linho fino torcido. O éfode deveria ter peças de ombro com pedras de ônix gravadas com os nomes das doze tribos de Israel. O peitoral deveria ser feito dos mesmos materiais e ter doze pedras, cada uma representando uma das tribos. A túnica deveria ser feita inteiramente de tecido azul, com romãs de fios azuis, púrpura e escarlate ao redor da bainha, e sinos de ouro entre elas. O turbante deveria ter uma placa de ouro puro com a inscrição "SANTO AO SENHOR".
Em Êxodo 30:22-38, Deus dá instruções para fazer o óleo da unção e o incenso. O óleo da unção deveria ser feito de mirra, canela, cálamo, cássia e azeite de oliva. Ele deveria ser usado para ungir o tabernáculo, a Arca da Aliança, a mesa e todos os seus utensílios, o candelabro e seus acessórios, o altar do incenso, o altar do holocausto e todos os seus utensílios, e a bacia com seu suporte. O incenso deveria ser feito de resina de goma, ônica, gálbano e incenso puro, e deveria ser puro e sagrado.
Finalmente, em Êxodo 31:12-17, Deus enfatiza a importância do sábado como um sinal entre Ele e os israelitas. Os israelitas deveriam observar o sábado como um dia de descanso, santo ao Senhor. Qualquer pessoa que o profanasse deveria ser morta, e qualquer pessoa que fizesse qualquer trabalho nesse dia deveria ser cortada de seu povo. O sábado era uma aliança perpétua para as gerações futuras.
As instruções para a construção do tabernáculo não são meramente um conjunto de plantas arquitetônicas, mas uma profunda declaração teológica. Elas enfatizam a santidade de Deus, Seu desejo de habitar entre Seu povo e a necessidade de adoração adequada. Cada elemento do tabernáculo, desde a Arca da Aliança até as vestes sacerdotais, carrega um profundo significado simbólico, apontando, em última análise, para a maior realidade cumprida em Jesus Cristo. Como o escritor de Hebreus explica, o tabernáculo era "uma cópia e sombra do que está no céu" (Hebreus 8:5), e suas instruções detalhadas revelam o cuidado meticuloso com que Deus preparou um caminho para Seu povo se aproximar Dele.