Êxodo 20:24-26 é uma passagem fascinante que fornece instruções específicas de Deus sobre a construção de altares. Esta passagem vem imediatamente após a entrega dos Dez Mandamentos e faz parte das instruções mais amplas da aliança dadas ao povo de Israel. Vamos dar uma olhada mais de perto nos versículos e explorar seu significado:
"Faça um altar de terra para mim e sacrifique nele suas ofertas queimadas e ofertas de comunhão, suas ovelhas e cabras e seu gado. Onde quer que eu faça meu nome ser honrado, eu virei a você e o abençoarei. Se você fizer um altar de pedras para mim, não o construa com pedras lavradas, pois você o profanará se usar uma ferramenta nele. E não suba ao meu altar por degraus, ou suas partes íntimas podem ser expostas." (Êxodo 20:24-26, NVI)
Esses versículos contêm várias instruções e princípios importantes sobre a construção de altares, cada um dos quais tem implicações teológicas e práticas para os israelitas e, por extensão, para nós hoje.
A primeira instrução é construir um altar de terra. Este comando enfatiza a simplicidade e a humildade na adoração. Um altar feito de terra ou pedras não lavradas seria rudimentar e desprovido de adornos, refletindo uma abordagem de adoração que não se concentra na habilidade humana ou na grandiosidade, mas no ato de adoração em si. Esta simplicidade sublinha a ideia de que Deus valoriza o coração e a intenção por trás da adoração mais do que a estrutura física.
Este princípio é ecoado em outras partes das Escrituras. Por exemplo, em Miquéias 6:8, lemos: "Ele mostrou a você, ó mortal, o que é bom. E o que o SENHOR exige de você? Que você aja com justiça, ame a misericórdia e ande humildemente com seu Deus." A ênfase está na humildade e na justiça, em vez de rituais ou estruturas elaboradas.
Deus promete que onde quer que Ele faça Seu nome ser honrado, Ele virá e abençoará o povo. Esta promessa destaca o aspecto relacional da adoração. O altar não é apenas um lugar de sacrifício, mas um ponto de encontro entre Deus e Seu povo. É um lembrete tangível da presença de Deus e de Seu desejo de abençoar aqueles que O honram.
Este conceito é mais desenvolvido no Novo Testamento, onde Jesus fala de adoração em espírito e em verdade (João 4:23-24). A localização física torna-se menos significativa do que a sinceridade e autenticidade do adorador. No entanto, o princípio permanece que Deus encontra Seu povo onde eles genuinamente O buscam.
A instrução de não usar pedras lavradas para o altar é significativa. Usar ferramentas para moldar as pedras profanaria o altar. Este comando pode ser entendido de várias maneiras. Primeiro, enfatiza a pureza da adoração. O altar não deve ser contaminado pelo esforço ou orgulho humano. É um lugar separado para Deus e deve permanecer puro e sem adulterações.
Em segundo lugar, este comando pode ser visto como uma salvaguarda contra a idolatria. No antigo Oriente Próximo, altares e templos frequentemente apresentavam entalhes e decorações elaboradas que poderiam se tornar objetos de adoração. Ao insistir em pedras não lavradas, Deus garante que o foco permaneça Nele e não no altar.
Este princípio de pureza e reverência é ecoado no Novo Testamento também. Em 1 Coríntios 3:16-17, Paulo escreve: "Vocês não sabem que vocês mesmos são o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus destruirá essa pessoa; pois o templo de Deus é sagrado, e vocês juntos são esse templo." A ênfase está em manter a pureza do lugar onde Deus habita, seja um altar físico ou a comunidade de crentes.
A instrução final é não subir ao altar por degraus, para evitar a exposição das partes íntimas. Este comando sublinha a importância da modéstia e do respeito na adoração. No contexto cultural da época, esta instrução evitaria qualquer immodéstia acidental que pudesse ocorrer devido às vestimentas usadas pelos sacerdotes ou adoradores.
Este princípio de modéstia e respeito ainda é relevante hoje. A adoração deve ser conduzida de maneira que honre a Deus e respeite a dignidade de todos os participantes. Isso inclui não apenas a modéstia física, mas também uma atitude de reverência e humildade.
Essas instruções sobre a construção de altares fazem parte de um contexto teológico mais amplo que inclui a natureza de Deus, a relação de aliança entre Deus e Seu povo e o propósito da adoração. Deus é santo, e Suas instruções para a adoração refletem Sua santidade. Os altares são um meio para o povo se aproximar de Deus, buscar perdão e expressar sua devoção. Eles também são um lembrete da provisão e bênção de Deus.
No Novo Testamento, o conceito de altares é transformado pelo trabalho de Cristo. Jesus se torna o sacrifício supremo, e a cruz se torna o altar supremo. Hebreus 13:10-12 afirma: "Temos um altar do qual aqueles que ministram no tabernáculo não têm direito de comer. O sumo sacerdote leva o sangue dos animais ao Lugar Santíssimo como oferta pelo pecado, mas os corpos são queimados fora do acampamento. E assim Jesus também sofreu fora do portão da cidade para santificar o povo por meio de seu próprio sangue." O sacrifício de Jesus cumpre e transcende o sistema sacrificial do Antigo Testamento, incluindo as instruções para a construção de altares.
Embora não construamos mais altares físicos para sacrifícios, os princípios por trás dessas instruções ainda são relevantes. Nossa adoração deve ser caracterizada por simplicidade, humildade, pureza, reverência, modéstia e respeito. Devemos nos concentrar no coração da adoração em vez dos adornos externos. Devemos buscar honrar a presença de Deus e viver de uma maneira que reflita Sua santidade.
Além disso, a ideia de que Deus nos encontra onde honramos Seu nome é um poderoso lembrete de Seu desejo de ter um relacionamento conosco. Seja em uma catedral grandiosa ou em uma casa simples, Deus está presente onde Ele é genuinamente buscado e honrado.
Em conclusão, Êxodo 20:24-26 nos ensina lições importantes sobre a natureza da adoração e nosso relacionamento com Deus. Ele nos chama a nos aproximar de Deus com humildade e reverência, a manter a pureza de nossa adoração e a honrar a presença de Deus em nossas vidas. Esses princípios são atemporais e continuam a moldar nossa compreensão e prática da adoração hoje.