Você pode fornecer uma explicação versículo por versículo dos capítulos de Êxodo?

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Certamente! Vamos mergulhar na rica tapeçaria do Livro do Êxodo, um texto fundamental no Pentateuco que relata a libertação dos israelitas da escravidão egípcia, a entrega da Lei e o estabelecimento da aliança entre Deus e Seu povo. Devido ao comprimento e complexidade do livro, vamos nos concentrar nos dois primeiros capítulos para uma explicação detalhada verso por verso.

Êxodo Capítulo 1

1:1-5: "Estes são os nomes dos filhos de Israel que entraram no Egito com Jacó, cada um com sua família: Rúben, Simeão, Levi e Judá; Issacar, Zebulom e Benjamim; Dã e Naftali; Gade e Aser. Todas as pessoas que saíram da coxa de Jacó foram setenta: José, porém, estava no Egito."

Esses versículos servem como uma ponte do Livro de Gênesis, resumindo a migração da família de Jacó para o Egito. O número "setenta" significa completude e destaca os pequenos começos da nação israelita.

1:6-7: "Morreu José, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração. Os filhos de Israel, porém, foram fecundos, multiplicaram-se muito, tornaram-se numerosos e muito fortes, de modo que a terra se encheu deles."

Aqui, vemos o cumprimento da promessa de Deus a Abraão de que seus descendentes seriam numerosos (Gênesis 15:5). O crescimento populacional dos israelitas prepara o cenário para a tensão subsequente com os egípcios.

1:8: "Levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José."

Este versículo introduz uma mudança significativa na narrativa. A ignorância do novo Faraó sobre José indica uma ruptura com o relacionamento passado entre o Egito e os israelitas, levando à sua subsequente opressão.

1:9-10: "E ele disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais numeroso e mais forte do que nós. Vinde, usemos de astúcia para com eles, para que não se multipliquem, e aconteça que, vindo guerra, eles também se juntem aos nossos inimigos, e lutem contra nós, e assim subam da terra."

O medo e a paranoia do Faraó refletem um tema comum na Bíblia: o medo do "outro". Seu plano de subjugar os israelitas é impulsionado pelo desejo de manter o controle e prevenir uma possível rebelião.

1:11-14: "Portanto, puseram sobre eles mestres de obras para os afligirem com suas cargas. E eles edificaram para Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés. Mas quanto mais os afligiam, tanto mais se multiplicavam e cresciam. E os egípcios se angustiavam por causa dos filhos de Israel. E os egípcios fizeram os filhos de Israel servirem com dureza. E amarguraram-lhes a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu serviço, em que os faziam servir com dureza."

As medidas opressivas do Faraó incluem trabalho forçado e tratamento severo, mas essas ações apenas servem para cumprir a promessa de multiplicação de Deus. A resiliência dos israelitas sob opressão é um testemunho da providência divina.

1:15-17: "E o rei do Egito falou às parteiras hebreias, das quais uma se chamava Sifrá e a outra Puá, e disse: Quando ajudardes no parto as mulheres hebreias, e as virdes sobre os assentos, se for filho, matai-o; mas se for filha, viva. As parteiras, porém, temeram a Deus e não fizeram como o rei do Egito lhes ordenara, mas deixaram viver os meninos."

A desobediência das parteiras às ordens do Faraó destaca o tema de temer a Deus acima dos homens. Sua coragem e integridade moral desempenham um papel crucial na preservação da linhagem israelita.

1:18-21: "Então o rei do Egito chamou as parteiras e lhes disse: Por que fizestes isso, deixando viver os meninos? E as parteiras disseram a Faraó: Porque as mulheres hebreias não são como as egípcias; elas são vigorosas e dão à luz antes que a parteira chegue a elas. Portanto, Deus fez bem às parteiras. E o povo se multiplicou e se tornou muito forte. E aconteceu que, porque as parteiras temeram a Deus, ele lhes fez casas."

A bênção de Deus sobre as parteiras por sua fidelidade sublinha o princípio bíblico de que aqueles que honram a Deus serão honrados por Ele. Suas ações contribuem para o contínuo crescimento dos israelitas.

1:22: "Então Faraó ordenou a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem, lançareis no rio, mas a todas as filhas deixareis viver."

O decreto de Faraó para matar todos os meninos hebreus recém-nascidos afogando-os no Rio Nilo marca uma escalada em sua campanha contra os israelitas. Isso prepara o cenário para o nascimento e preservação de Moisés.

Êxodo Capítulo 2

2:1-2: "E foi um homem da casa de Levi e tomou por mulher uma filha de Levi. E a mulher concebeu e deu à luz um filho; e, vendo que ele era formoso, escondeu-o por três meses."

O nascimento de Moisés é apresentado de maneira simples, mas profunda. A linhagem de seus pais da tribo de Levi é significativa, pois os levitas mais tarde seriam separados para funções sacerdotais.

2:3: "E, não podendo mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos, e a revestiu com betume e piche, e pôs nela o menino, e a colocou nos juncos à beira do rio."

As ações da mãe de Moisés paralelam a arca de Noé, simbolizando a salvação através da água. O uso de "arca" (hebraico: tebah) conecta a história de Moisés à narrativa mais ampla de libertação.

2:4: "E sua irmã postou-se de longe, para saber o que lhe havia de acontecer."

A irmã de Moisés, mais tarde identificada como Miriam, vigia sobre ele, demonstrando amor e preocupação familiar. Seu papel prenuncia sua futura importância na narrativa do Êxodo.

2:5-6: "E a filha de Faraó desceu para se lavar no rio, e suas donzelas passeavam pela margem do rio; e ela viu a arca entre os juncos, e mandou sua criada buscá-la. E, abrindo-a, viu o menino, e eis que o menino chorava. E ela teve compaixão dele, e disse: Este é um dos filhos dos hebreus."

A compaixão da filha de Faraó é uma intervenção divina. Sua disposição em adotar Moisés, apesar de saber sua origem hebraica, reflete a soberania de Deus em usar meios inesperados para cumprir Seus propósitos.

2:7-9: "Então disse sua irmã à filha de Faraó: Irei chamar-te uma ama das mulheres hebreias, para que amamente o menino para ti? E a filha de Faraó disse-lhe: Vai. E a donzela foi e chamou a mãe do menino. E a filha de Faraó disse-lhe: Leva este menino e amamenta-o para mim, e eu te darei o teu salário. E a mulher tomou o menino e o amamentou."

Em uma reviravolta notável, a própria mãe de Moisés é paga para amamentar seu filho. Este arranjo não só garante a sobrevivência de Moisés, mas também permite que ele seja nutrido em sua herança hebraica.

2:10: "E o menino cresceu, e ela o trouxe à filha de Faraó, e ele se tornou seu filho. E ela chamou seu nome Moisés, e disse: Porque eu o tirei das águas."

O nome de Moisés (hebraico: Mosheh) é significativo. Significa "tirado", refletindo tanto seu resgate do Nilo quanto seu futuro papel em liderar os israelitas para fora do Egito.

2:11-12: "E aconteceu naqueles dias, sendo Moisés já grande, que saiu a seus irmãos e viu seus fardos; e viu um egípcio ferindo um hebreu, um de seus irmãos. E olhou para um lado e para o outro, e vendo que não havia ninguém, matou o egípcio e escondeu-o na areia."

A identificação de Moisés com seus irmãos hebreus e seu ato impulsivo de justiça revelam seu senso emergente de vocação, embora inicialmente marcado por violência e segredo.

2:13-14: "E saiu no segundo dia, e eis que dois homens hebreus brigavam; e disse ao que fazia a injustiça: Por que feres o teu próximo? E ele disse: Quem te fez príncipe e juiz sobre nós? Pensa matar-me, como mataste o egípcio? Então Moisés temeu e disse: Certamente este negócio é conhecido."

A tentativa de Moisés de mediar entre dois hebreus é recebida com suspeita e rejeição, destacando sua alienação. Seu medo de ser exposto o leva a fugir.

2:15: "Ouvindo, pois, Faraó este caso, procurou matar Moisés. Mas Moisés fugiu da face de Faraó e habitou na terra de Midiã; e sentou-se junto a um poço."

A fuga de Moisés para Midiã representa um período de exílio e preparação. Poços frequentemente simbolizam encontros divinos e novos começos nas narrativas bíblicas.

2:16-17: "O sacerdote de Midiã tinha sete filhas, as quais vieram tirar água e encheram os bebedouros para dar de beber ao rebanho de seu pai. Então vieram os pastores e as expulsaram; Moisés, porém, levantou-se e as defendeu, e deu de beber ao rebanho delas."

A defesa de Moisés das filhas de Jetro no poço demonstra seu caráter como protetor e líder. Este ato de bondade leva à sua integração na comunidade midianita.

2:18-20: "E voltando elas a Reuel, seu pai, ele disse: Como é que viestes hoje tão depressa? E elas disseram: Um egípcio nos livrou da mão dos pastores, e também nos tirou água bastante, e deu de beber ao rebanho. E ele disse às suas filhas: E onde está ele? Por que deixastes o homem? Chamai-o para que coma pão."

Reuel, também conhecido como Jetro, reconhece o valor de Moisés e o convida para sua casa. Esta hospitalidade marca o início de um relacionamento significativo.

2:21-22: "E Moisés consentiu em morar com aquele homem; e ele deu a Moisés sua filha Zípora. E ela deu à luz um filho, e ele chamou seu nome Gérson, porque disse: Fui peregrino em terra estranha."

O casamento de Moisés com Zípora e o nascimento de Gérson significam sua nova vida em Midiã. O nome Gérson (que significa "peregrino ali") reflete o senso de exílio de Moisés e sua jornada de fé.

2:23-25: "E aconteceu, depois de muitos dias, que morreu o rei do Egito; e os filhos de Israel gemiam por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa da servidão. E Deus ouviu o seu gemido, e lembrou-se da sua aliança com Abraão, com Isaque e com Jacó. E Deus olhou para os filhos de Israel, e atentou para a sua condição."

Esses versículos finais do Capítulo 2 preparam o cenário para a intervenção de Deus. Os clamores dos israelitas por libertação chegam a Deus, que se lembra de Sua aliança e se prepara para agir em seu favor. Esta lembrança e compaixão divinas sublinham a fidelidade de Deus às Suas promessas.

Nestes capítulos iniciais, vemos a mão providencial de Deus em ação, preservando e preparando Moisés para seu futuro papel como libertador de Israel. Os temas de sofrimento, intervenção divina e cumprimento das promessas de Deus estão entrelaçados nesta narrativa, preparando o cenário para os eventos dramáticos que se desenrolarão nos capítulos subsequentes de Êxodo.

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