Abidiah é um nome que não aparece diretamente na Bíblia, e parece que pode haver uma ligeira confusão ou um erro de grafia de uma figura bíblica mais conhecida. É possível que o nome referido seja 'Abias' ou 'Obadias', ambos figuras significativas no Antigo Testamento. Para esclarecer e fornecer uma compreensão abrangente, abordarei tanto Abias quanto Obadias, pois ambos desempenham papéis importantes na história bíblica.
Abias, também grafado como Abião em algumas traduções, era filho de Roboão e neto de Salomão. Ele se tornou rei de Judá e é mencionado em 1 Reis 14:31 e 2 Crônicas 13. Seu reinado foi relativamente curto, durando apenas três anos, aproximadamente de 913 a 911 a.C.
O mandato de Abias como rei é notável por sua confrontação com Jeroboão, o rei de Israel. Este conflito é detalhado em 2 Crônicas 13, onde Abias se posiciona no Monte Zemaraim e faz um discurso a Jeroboão e aos israelitas, lembrando-os da aliança davídica e de sua rebelião contra a dinastia escolhida por Deus. O discurso de Abias é uma declaração de fé no Senhor, enfatizando que Judá permaneceu fiel às práticas do templo e ao sacerdócio levítico, enquanto Israel abandonou essas tradições.
2 Crônicas 13:10-12 captura parte do discurso de Abias:
'Mas quanto a nós, o Senhor é nosso Deus, e não o abandonamos. Os sacerdotes que servem ao Senhor são filhos de Arão, e os levitas os assistem. Todas as manhãs e todas as noites apresentam holocaustos e incenso aromático ao Senhor. Colocam o pão sobre a mesa cerimonialmente limpa e acendem as lâmpadas no candelabro de ouro todas as noites. Estamos observando os requisitos do Senhor nosso Deus. Mas vocês o abandonaram. Deus está conosco; ele é nosso líder. Seus sacerdotes com suas trombetas soarão o grito de batalha contra vocês. Povo de Israel, não lutem contra o Senhor, o Deus de seus antepassados, pois vocês não terão sucesso.'
Apesar de sua fé e do sucesso inicial na batalha em que Judá derrotou Israel, o reinado de Abias também é marcado por sua falha em seguir plenamente os caminhos do Senhor. 1 Reis 15:3 observa:
'Ele cometeu todos os pecados que seu pai havia cometido antes dele; seu coração não era totalmente devotado ao Senhor seu Deus, como o coração de Davi, seu antepassado, havia sido.'
Essa dualidade no caráter de Abias—um rei que professa fé, mas não se compromete totalmente com os caminhos de Deus—serve como um lembrete das complexidades e desafios da liderança no antigo Israel.
Outro Abias mencionado na Bíblia é o filho de Jeroboão, o primeiro rei do reino do norte de Israel. Este Abias é notado em 1 Reis 14. Ao contrário de seu pai, que levou Israel à idolatria, Abias é descrito favoravelmente. Quando ele adoeceu, Jeroboão enviou sua esposa disfarçada ao profeta Aías para inquirir sobre o destino de seu filho. O profeta Aías entregou uma grave profecia contra a casa de Jeroboão, mas observou que Abias era o único na família de Jeroboão em quem o Senhor encontrou algo bom (1 Reis 14:13):
'Todo Israel chorará por ele e o enterrará. Ele é o único pertencente a Jeroboão que será enterrado, porque ele é o único na casa de Jeroboão em quem o Senhor, o Deus de Israel, encontrou algo bom.'
Esta passagem destaca a retidão individual de Abias em meio a uma dinastia corrupta, sublinhando o tema bíblico de que Deus julga os indivíduos com base em seus próprios méritos e fidelidade.
Obadias é outra figura significativa no Antigo Testamento, conhecido principalmente como o autor do menor livro da Bíblia Hebraica, o Livro de Obadias. Este livro profético, consistindo de apenas um capítulo, foca no julgamento contra Edom, uma nação descendente de Esaú, irmão de Jacó.
O contexto da profecia de Obadias é a participação dos edomitas no saque de Jerusalém durante um tempo de calamidade, provavelmente a destruição babilônica de Jerusalém em 586 a.C. Obadias condena Edom por sua violência contra sua nação irmã, Israel, e prediz sua eventual queda e a restauração de Israel.
Obadias 1:10-12 declara:
'Por causa da violência contra seu irmão Jacó, você será coberto de vergonha; você será destruído para sempre. No dia em que você ficou à distância enquanto estranhos levavam suas riquezas e estrangeiros entravam em seus portões e lançavam sortes por Jerusalém, você era como um deles. Você não deveria se alegrar com a desgraça de seu irmão no dia de sua desgraça, nem se alegrar com o povo de Judá no dia de sua destruição, nem se vangloriar tanto no dia de sua angústia.'
A mensagem de Obadias enfatiza temas de justiça, retribuição e a soberania de Deus sobre todas as nações. Serve como um lembrete de que a aliança de Deus com Israel inclui tanto bênçãos para a obediência quanto maldições para a desobediência, e que a justiça de Deus se estende a todas as nações, responsabilizando-as por suas ações contra Seu povo escolhido.
Há também outro Obadias mencionado na Bíblia, que serviu como um oficial de alto escalão na corte do rei Acabe. Este Obadias é notado por sua fé devota e coragem durante um tempo de severa perseguição aos profetas do Senhor pela rainha Jezabel. 1 Reis 18:3-4 descreve suas ações:
'Acabe havia convocado Obadias, seu administrador do palácio. (Obadias era um crente devoto no Senhor. Enquanto Jezabel estava matando os profetas do Senhor, Obadias havia escondido cem profetas em duas cavernas, cinquenta em cada uma, e os havia fornecido com comida e água.)'
A bravura e o compromisso de Obadias com Deus em um ambiente tão hostil são um testemunho de sua fé e integridade. Sua história se cruza com a narrativa do profeta Elias, particularmente quando Elias desafia os profetas de Baal no Monte Carmelo. O papel de Obadias em preservar as vidas dos profetas do Senhor destaca a importância de servos fiéis que trabalham nos bastidores para sustentar a obra de Deus e proteger Seu povo.
Ao examinar as figuras de Abias e Obadias, vemos um mosaico de fé, liderança e justiça divina entrelaçado na história de Israel. Abias, tanto o rei de Judá quanto o filho de Jeroboão, apresenta um quadro complexo de fé e falha, enquanto Obadias, seja como profeta ou protetor de profetas, exemplifica uma devoção inabalável a Deus. Essas narrativas nos lembram da natureza multifacetada dos personagens bíblicos e dos temas duradouros de fidelidade, justiça e soberania de Deus que permeiam as Escrituras.