O Antigo Testamento, rico em sua tapeçaria de profecia e simbolismo, fornece inúmeras prefigurações da crucificação de Jesus Cristo. Essas profecias, tecidas ao longo do texto por vários profetas, criam uma imagem convincente que aponta para o sofrimento, morte e sacrifício final do Messias. Compreender essas prefigurações não só aprofunda nossa apreciação do Antigo Testamento, mas também enriquece nossa compreensão do cumprimento do Novo Testamento em Jesus Cristo.
Uma das profecias mais impressionantes e detalhadas sobre a crucificação é encontrada em Isaías 53. Frequentemente referida como a passagem do "Servo Sofredor", Isaías 53 descreve vividamente uma figura que carrega os pecados de muitos, é desprezada e rejeitada pelos homens, e é finalmente levada como um cordeiro ao matadouro. Isaías 53:5-6 (ESV) declara:
"Mas ele foi traspassado por nossas transgressões; foi esmagado por nossas iniquidades; sobre ele estava o castigo que nos trouxe paz, e com suas feridas fomos curados. Todos nós, como ovelhas, nos desviamos; cada um se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós."
Esta passagem é notável em sua especificidade. A imagem de ser "traspassado" e "esmagado" prefigura o sofrimento físico que Jesus suportou na cruz. A noção de que o Servo carrega as iniquidades dos outros alinha-se perfeitamente com a compreensão do Novo Testamento do sacrifício expiatório de Jesus. Todo o capítulo de Isaías 53 pinta um quadro de um Messias sofredor que assume sobre si o castigo merecido por outros, uma clara prefiguração da crucificação.
Outra profecia significativa é encontrada no Salmo 22, um salmo de Davi que é frequentemente referido como o "Salmo da Cruz". Escrito séculos antes da crucificação, o Salmo 22 começa com as palavras: "Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?" (Salmo 22:1, ESV), que o próprio Jesus cita enquanto está na cruz (Mateus 27:46, ESV). O salmo continua com descrições que paralelam de forma assustadora os eventos da crucificação:
"Estou derramado como água, e todos os meus ossos estão fora do lugar; meu coração é como cera; derrete-se dentro do meu peito; minha força está seca como um caco de barro, e minha língua gruda no meu paladar; tu me deitas no pó da morte. Pois cães me cercam; um bando de malfeitores me rodeia; traspassaram minhas mãos e meus pés—posso contar todos os meus ossos—eles olham e se regozijam sobre mim; dividem minhas vestes entre si, e sobre minha roupa lançam sortes." (Salmo 22:14-18, ESV)
A imagem vívida de ser "derramado como água", ossos "fora do lugar" e o traspassar das mãos e pés são alusões diretas às realidades físicas da crucificação. A menção de lançar sortes sobre as vestes é um detalhe cumprido no relato do Novo Testamento sobre a morte de Jesus (João 19:23-24, ESV), mostrando a natureza profética deste salmo.
O profeta Zacarias também fornece uma profecia pungente sobre a crucificação. Zacarias 12:10 (ESV) declara:
"E derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e súplicas de misericórdia, para que, quando olharem para mim, para aquele a quem traspassaram, chorem por ele, como se chora por um filho único, e lamentem amargamente por ele, como se lamenta por um primogênito."
Esta profecia não só fala do traspassar do Messias, mas também do profundo luto e reconhecimento do significado deste ato. O traspassar mencionado aqui correlaciona-se com o traspassar do lado de Jesus por um soldado romano (João 19:34, ESV), solidificando ainda mais a conexão entre a profecia do Antigo Testamento e o cumprimento do Novo Testamento.
O sistema sacrificial instituído no Antigo Testamento também serve como uma prefiguração da crucificação. O cordeiro pascal, descrito em Êxodo 12, é um símbolo poderoso da morte sacrificial de Jesus. O cordeiro deveria ser sem defeito (Êxodo 12:5, ESV), simbolizando a ausência de pecado de Cristo. Seu sangue, aplicado aos umbrais das portas, protegia os israelitas do julgamento de Deus, assim como o sangue de Cristo protege os crentes da ira de Deus. Paulo faz explicitamente essa conexão em 1 Coríntios 5:7 (ESV): "Pois Cristo, nosso cordeiro pascal, foi sacrificado."
Além disso, os rituais do Dia da Expiação descritos em Levítico 16 fornecem uma imagem vívida da obra expiatória de Cristo. O sumo sacerdote colocava suas mãos sobre a cabeça de um bode, transferindo simbolicamente os pecados do povo para o animal, que era então enviado ao deserto, carregando seus pecados. Este ato prefigura Jesus como o bode expiatório final, carregando os pecados da humanidade e removendo-os tão longe quanto o leste está do oeste (Salmo 103:12, ESV).
A serpente de bronze em Números 21:4-9 é outro evento do Antigo Testamento que prefigura a crucificação. Quando os israelitas foram mordidos por cobras venenosas, Deus instruiu Moisés a fazer uma serpente de bronze e levantá-la em um poste. Aqueles que olhassem para ela seriam curados. Jesus faz referência a este evento em João 3:14-15 (ESV), dizendo:
"E assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também o Filho do Homem deve ser levantado, para que todo aquele que nele crer tenha vida eterna."
O levantamento da serpente de bronze é um tipo de Cristo sendo levantado na cruz, oferecendo cura e salvação a todos que crerem.
O Antigo Testamento também contém numerosos tipos e sombras apontando para a crucificação. A disposição de Abraão em sacrificar seu filho Isaque em Gênesis 22 é uma prefiguração profunda. Isaque, carregando a madeira para seu próprio sacrifício até o Monte Moriá, espelha Jesus carregando sua cruz até o Gólgota. A provisão de Deus de um carneiro como substituto para Isaque prefigura a expiação substitutiva de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29, ESV).
Os escritos proféticos de Daniel também contribuem para a prefiguração da crucificação. Daniel 9:24-26 (ESV) fala de um "Ungido" que será "cortado" e não terá nada:
"Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para acabar com a transgressão, para pôr fim ao pecado, para expiar a iniquidade, para trazer justiça eterna, para selar visão e profecia, e para ungir o lugar santíssimo. Saiba e entenda que desde a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém até a vinda de um ungido, um príncipe, haverá sete semanas. Então, por sessenta e duas semanas, será novamente edificada com praças e fossos, mas em tempos difíceis. E depois das sessenta e duas semanas, um ungido será cortado e não terá nada."
A frase "cortado" é entendida por muitos estudiosos como uma referência à morte do Messias, e o contexto de expiação pela iniquidade alinha-se com o propósito da crucificação de Jesus.
Em resumo, o Antigo Testamento está repleto de prefigurações da crucificação de Jesus Cristo. Através de profecias, tipos e sombras, as Escrituras apontam para o sofrimento e morte sacrificial do Messias. O Servo Sofredor de Isaías, o Salmo da Cruz de Davi, o traspassado de Zacarias, o cordeiro pascal, o Dia da Expiação, a serpente de bronze, Abraão e Isaque, e o Ungido de Daniel, todos contribuem para uma rica tapeçaria que encontra seu cumprimento final em Jesus Cristo. Essas prefigurações não só validam a inspiração divina e a coerência da Bíblia, mas também aprofundam nossa compreensão do significado profundo da morte de Jesus na cruz.