Como Eclesiastes 12 descreve a velhice?

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Eclesiastes 12 oferece uma descrição pungente e poética da velhice, capturando o declínio inevitável do corpo humano e a fragilidade da vida. O capítulo começa com um chamado para lembrar do Criador durante a juventude, antes que venham os dias difíceis e se aproximem os anos em que se dirá: 'Não tenho neles prazer' (Eclesiastes 12:1, NVI). Isso prepara o cenário para uma descrição vívida e metafórica do processo de envelhecimento, que serve tanto como uma reflexão sobre a condição humana quanto como um lembrete da importância de uma vida vivida em reverência a Deus.

O autor de Eclesiastes, tradicionalmente acreditado ser o Rei Salomão, emprega uma série de metáforas para ilustrar o declínio físico e mental que acompanha a velhice. Essas metáforas são ricas em imagens e fornecem uma compreensão aprofundada do processo de envelhecimento.

O Escurecimento da Luz

A passagem começa com uma descrição da diminuição da luz: 'antes que o sol e a luz e a lua e as estrelas escureçam, e as nuvens voltem depois da chuva' (Eclesiastes 12:2, NVI). Essa imagem sugere uma perda de vitalidade e clareza. Assim como o mundo natural escurece e as nuvens obscurecem a luz, também a clareza da juventude se desvanece na velhice. O retorno das nuvens após a chuva implica um estado persistente de melancolia e cansaço, indicando que a recuperação e a renovação se tornam mais desafiadoras à medida que se envelhece.

O Declínio da Força Física

Os versículos 3 e 4 continuam com uma série de metáforas que descrevem o enfraquecimento do corpo:

'Quando os guardas da casa tremerem, e os homens fortes se curvarem, quando os moedores cessarem porque são poucos, e os que olham pelas janelas se escurecerem; quando as portas para a rua se fecharem e o som da moagem diminuir; quando as pessoas se levantarem ao som dos pássaros, mas todas as suas canções se tornarem fracas' (Eclesiastes 12:3-4, NVI).

Nesses versículos, 'os guardas da casa' provavelmente se referem às mãos e braços, que tremem com a idade. 'Os homens fortes' que se curvam simbolizam as pernas e as costas, que se dobram sob o peso dos anos. 'Os moedores' são os dentes, que cessam sua função à medida que caem ou se tornam poucos. 'Os que olham pelas janelas' representam os olhos, que se escurecem com a visão falhando. O fechamento das 'portas para a rua' sugere uma perda de audição, à medida que os sons do mundo exterior se tornam fracos. O levantar-se cedo ao som dos pássaros, mas não encontrar alegria em suas canções, reflete os distúrbios do sono e os prazeres diminuídos que frequentemente acompanham a velhice.

O Medo das Alturas e dos Perigos

O versículo 5 continua com o tema da vulnerabilidade e do medo:

'Quando as pessoas tiverem medo das alturas e dos perigos nas ruas; quando a amendoeira florescer e o gafanhoto se arrastar e o desejo não mais se agitar. Então as pessoas vão para sua casa eterna e os pranteadores andam pelas ruas' (Eclesiastes 12:5, NVI).

O medo das alturas e dos perigos nas ruas sugere um aumento do senso de fragilidade e cautela. O florescimento da amendoeira, que fica branca em flor, é uma metáfora para o branqueamento dos cabelos. O gafanhoto se arrastando retrata o movimento lento e laborioso dos idosos. A perda do desejo indica um declínio na vitalidade física e talvez até emocional. A referência a 'pessoas indo para sua casa eterna' e pranteadores nas ruas aponta para a inevitabilidade da morte e o reconhecimento comunitário da perda.

A Finalidade da Morte

A passagem conclui com um lembrete claro da mortalidade:

'Lembre-se dele—antes que o cordão de prata se rompa, e a taça de ouro se quebre; antes que o jarro se despedace na fonte, e a roda se quebre no poço, e o pó volte à terra de onde veio, e o espírito volte a Deus que o deu' (Eclesiastes 12:6-7, NVI).

O cordão de prata rompido e a taça de ouro quebrada são simbólicos do fim da vida. O despedaçamento do jarro e a quebra da roda no poço enfatizam ainda mais a finalidade da morte. O retorno do pó à terra e do espírito a Deus ecoa a narrativa da criação em Gênesis, onde Deus forma o homem do pó e lhe dá vida (Gênesis 2:7). Essa visão cíclica da vida e da morte destaca a natureza transitória da existência humana e o retorno final ao Criador.

O Chamado para Lembrar do Criador

Ao longo desta passagem, o tema recorrente é um chamado para lembrar do Criador. A ênfase em lembrar de Deus na juventude serve como um lembrete de que a vida é passageira e deve ser vivida com um senso de propósito e reverência. A imagem da velhice e da morte não é meramente uma lamentação da condição humana, mas também um chamado para viver sabiamente e fielmente.

O capítulo termina com um resumo das reflexões do Mestre:

'Agora que tudo foi ouvido, aqui está a conclusão do assunto: Tema a Deus e guarde os seus mandamentos, pois este é o dever de toda a humanidade. Pois Deus trará a julgamento todas as ações, incluindo tudo o que está escondido, seja bom ou mau' (Eclesiastes 12:13-14, NVI).

Essa conclusão reforça a mensagem central de Eclesiastes: que diante das incertezas da vida e da inevitabilidade do envelhecimento e da morte, o curso mais sábio de ação é viver em reverência a Deus e seguir Seus mandamentos. O reconhecimento do julgamento de Deus serve como um lembrete de responsabilidade e da significância eterna de nossas ações.

Reflexões da Literatura Cristã

Escritores cristãos frequentemente refletiram sobre os temas de Eclesiastes 12. Matthew Henry, em seu comentário, enfatiza a importância da piedade precoce e da lembrança de Deus antes do início da velhice. Ele observa que a descrição vívida do envelhecimento serve tanto como um aviso quanto como um encorajamento para viver uma vida dedicada a Deus.

C.S. Lewis, em seu livro 'O Problema do Sofrimento', aborda a experiência humana do envelhecimento e do sofrimento, sugerindo que essas experiências podem nos aproximar de Deus e aprofundar nossa dependência Dele. As reflexões de Lewis alinham-se com a mensagem de Eclesiastes, que chama para uma vida vivida em consciência de nosso Criador e nosso retorno final a Ele.

Conclusão

Eclesiastes 12 oferece uma descrição profunda e poética da velhice, usando metáforas ricas para descrever o declínio físico e mental que acompanha os anos posteriores da vida. Esta passagem serve como um lembrete da natureza transitória da existência humana e da importância de lembrar e reverenciar a Deus ao longo de nossas vidas. As imagens vívidas e as reflexões pungentes convidam os leitores a considerar a brevidade da vida e a significância eterna de viver de acordo com os mandamentos de Deus. Diante do envelhecimento e da mortalidade, Eclesiastes 12 nos chama a uma vida de sabedoria, fé e reverência ao nosso Criador.

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