Provérbios 9:7-8 afirma: "Quem corrige o zombador atrai insultos; quem repreende o ímpio sofre abusos. Não repreenda os zombadores, ou eles o odiarão; repreenda os sábios, e eles o amarão." Esses versículos, como muitos no livro de Provérbios, oferecem sabedoria prática para a vida cotidiana, focando especificamente na natureza da correção e nas diferentes respostas que ela provoca em vários tipos de pessoas.
Para apreciar plenamente o significado desses versículos, é útil entender o contexto mais amplo de Provérbios. O livro de Provérbios faz parte da literatura de sabedoria no Antigo Testamento, que também inclui Jó, Salmos, Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Esses livros são caracterizados por seu foco em questões práticas e filosóficas da vida, frequentemente abordando temas como moralidade, o temor do Senhor e a busca pela sabedoria.
Em Provérbios 9, o capítulo começa com uma personificação da sabedoria como uma mulher que construiu sua casa e preparou um banquete, convidando todos os simples a virem e ganharem entendimento. Essa imagem prepara o cenário para o comportamento contrastante dos zombadores e dos sábios, conforme discutido nos versículos 7-8.
Um zombador, conforme descrito em Provérbios, é alguém que é desdenhoso e desdenha da sabedoria e da correção. No texto hebraico, a palavra usada para "zombador" é "לֵץ" (lets), que também pode ser traduzida como "escarnecedor" ou "escarnecedor". Este termo é usado ao longo de Provérbios para descrever indivíduos que são arrogantes e resistentes à instrução. Por exemplo, Provérbios 21:24 afirma: "O orgulhoso e arrogante—'Zombador' é seu nome—comporta-se com fúria insolente."
Quando alguém tenta corrigir um zombador, a resposta é frequentemente de insulto e abuso. O zombador não está interessado em aprender ou melhorar; em vez disso, responde com hostilidade. Essa reação está enraizada no orgulho e na recusa em reconhecer suas próprias falhas. Portanto, o provérbio aconselha a não corrigir os zombadores porque é um esforço inútil que só traz dano àquele que oferece a correção.
Da mesma forma, repreender os ímpios, aqueles que são moralmente corruptos e fixos em seus caminhos, resulta em abuso. Os ímpios estão frequentemente entrincheirados em seu comportamento pecaminoso e não estão dispostos a mudar. Provérbios 15:12 ecoa esse sentimento: "Os zombadores ressentem-se da correção, então evitam os sábios." Os ímpios, como os zombadores, são resistentes à correção e responderão com animosidade.
Em contraste marcante com os zombadores e os ímpios, os sábios são aqueles que abraçam a correção e a repreensão. Provérbios 9:8b afirma: "Repreenda os sábios e eles o amarão." A pessoa sábia valoriza a sabedoria e entende que a correção é um caminho para o crescimento e a melhoria. Essa abertura à correção é uma marca da sabedoria ao longo do livro de Provérbios. Por exemplo, Provérbios 12:1 diz: "Quem ama a disciplina ama o conhecimento, mas quem odeia a correção é estúpido."
Os sábios reconhecem que a repreensão e a correção são atos de amor e cuidado, destinados a ajudá-los a se tornarem melhores indivíduos. É por isso que eles respondem com amor e apreciação em vez de hostilidade. A pessoa sábia vê a correção como uma oportunidade para ganhar mais sabedoria e refinar seu caráter.
Entender as distinções entre esses tipos de pessoas tem implicações práticas para como interagimos com os outros. Como cristãos, somos chamados a ser discernentes em nossos relacionamentos e interações. O próprio Jesus aconselhou Seus discípulos a serem "prudentes como as serpentes e simples como as pombas" (Mateus 10:16). Isso significa que, embora devamos agir com pureza e boas intenções, também devemos ser sábios e discernentes em nossas ações.
Ao lidar com zombadores e ímpios, muitas vezes é sábio abster-se de oferecer correção, pois provavelmente levará a conflitos e maior entrincheiramento em seus caminhos. Em vez disso, podemos orar por eles e buscar oportunidades para demonstrar o amor de Cristo de outras maneiras, esperando que seus corações eventualmente se amoleçam.
Por outro lado, quando encontramos aqueles que estão abertos à sabedoria e à correção, não devemos hesitar em oferecer orientação e repreensão quando necessário. Provérbios 27:5-6 destaca o valor de tais interações: "Melhor é a repreensão aberta do que o amor oculto. As feridas de um amigo podem ser confiáveis, mas um inimigo multiplica beijos." O verdadeiro amor e amizade envolvem a disposição de oferecer correção para a melhoria da outra pessoa.
Esses versículos também nos convidam a refletir sobre nossas próprias respostas à correção. Somos mais como o zombador, resistentes e hostis à crítica, ou somos como os sábios, abertos e apreciativos da repreensão? Provérbios 9:10 afirma: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento." Um aspecto chave de temer o Senhor é a humildade—reconhecer nossas próprias limitações e estar aberto ao aprendizado e ao crescimento.
No Novo Testamento, o apóstolo Paulo ecoa esse sentimento em suas cartas. Em 2 Timóteo 3:16-17, ele escreve: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, repreender, corrigir e treinar na justiça, para que o servo de Deus esteja perfeitamente equipado para toda boa obra." Como seguidores de Cristo, devemos abraçar a correção como um meio de nos tornarmos mais parecidos com Ele, perfeitamente equipados para toda boa obra.
Provérbios 9:7-8 oferece uma sabedoria profunda sobre a natureza da correção e as diferentes respostas que ela provoca em vários indivíduos. Ao entender as características dos zombadores, dos ímpios e dos sábios, podemos navegar nossas interações com os outros de maneira mais eficaz e refletir sobre nossa própria abertura à correção. Em última análise, esses versículos nos chamam a buscar sabedoria, humildade e o temor do Senhor, reconhecendo que a correção é uma ferramenta valiosa para o crescimento e a transformação em nossa jornada de fé.