Quem escreveu o livro de Salmos?

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O Livro dos Salmos é um dos livros mais amados e amplamente lidos da Bíblia, oferecendo uma rica tapeçaria de orações, hinos e poesias que expressam toda a gama de emoções e experiências humanas. A autoria dos Salmos é um tópico que intriga estudiosos, teólogos e leigos há séculos. Embora o Rei Davi seja frequentemente creditado como autor de muitos dos Salmos, o livro é na verdade uma compilação de obras de vários autores ao longo de vários séculos.

Davi: O Principal Contribuinte

O Rei Davi é tradicionalmente considerado o principal autor dos Salmos. As superscrições de setenta e três dos 150 Salmos os atribuem a Davi. Estes incluem alguns dos Salmos mais conhecidos e queridos, como o Salmo 23, "O Senhor é meu pastor", e o Salmo 51, uma comovente oração de arrependimento. As experiências de vida de Davi—seu tempo como pastor, sua ascensão ao reinado, suas façanhas militares e suas falhas pessoais—são refletidas nos Salmos a ele atribuídos. Seu profundo relacionamento com Deus, marcado tanto por uma fé profunda quanto por intensas lutas, é evidente nesses escritos.

Salmo 23:1-4 (NVI):

O Senhor é meu pastor, nada me faltará.
Ele me faz deitar em pastos verdes,
ele me conduz a águas tranquilas,
ele restaura minha alma.
Ele me guia pelos caminhos certos
por amor do seu nome.
Mesmo que eu ande
pelo vale mais escuro,
não temerei mal algum,
pois tu estás comigo;
teu cajado e teu bastão,
eles me confortam.

Outros Contribuintes

Asafe

Asafe, um proeminente músico levita nomeado por Davi, é creditado com doze Salmos (Salmos 50, 73-83). Os Salmos de Asafe frequentemente se concentram em temas de justiça divina e soberania de Deus. Eles refletem uma perspectiva comunitária, abordando as experiências e lutas coletivas da comunidade israelita.

Salmo 73:1-3 (NVI):

Certamente Deus é bom para Israel,
para aqueles que são puros de coração.
Mas quanto a mim, meus pés quase escorregaram;
eu quase perdi meu equilíbrio.
Pois eu invejava os arrogantes
quando via a prosperidade dos ímpios.

Os Filhos de Corá

Os Filhos de Corá, um grupo de cantores e compositores levitas, são creditados com onze Salmos (Salmos 42-49, 84-85, 87-88). Esses Salmos são caracterizados por sua profunda expressão emocional e frequentemente se concentram em temas de anseio por Deus e a alegria da adoração.

Salmo 42:1-2 (NVI):

Assim como a corça anseia por correntes de água,
assim minha alma anseia por ti, meu Deus.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo.
Quando poderei ir e me encontrar com Deus?

Salomão

O Rei Salomão, filho e sucessor de Davi, é atribuído com dois Salmos (Salmos 72 e 127). Conhecido por sua sabedoria, os Salmos de Salomão refletem suas percepções sobre a natureza das bênçãos de Deus e a futilidade dos esforços humanos sem orientação divina.

Salmo 127:1 (NVI):

Se o Senhor não edificar a casa,
os construtores trabalham em vão.
Se o Senhor não vigiar a cidade,
os guardas vigiam em vão.

Moisés

O Salmo 90 é atribuído a Moisés, tornando-o o Salmo mais antigo da coleção. Este Salmo reflete a perspectiva única de Moisés como líder dos israelitas durante suas peregrinações no deserto. É uma meditação sobre a brevidade da vida humana e a natureza eterna de Deus.

Salmo 90:1-2 (NVI):

Senhor, tu tens sido nosso refúgio
ao longo de todas as gerações.
Antes que os montes nascessem
ou que trouxesses à existência o mundo inteiro,
de eternidade a eternidade tu és Deus.

Salmos Anônimos

Muitos dos Salmos são anônimos, sem autor específico mencionado em suas superscrições. Esses Salmos, frequentemente chamados de "Salmos órfãos", contribuem para a rica diversidade do Saltério. Eles cobrem uma ampla gama de temas, incluindo louvor, lamento, ação de graças e sabedoria.

Compilação e Canonização

O Livro dos Salmos foi compilado ao longo de vários séculos, com contribuições de vários autores e editores. A forma final do Saltério provavelmente tomou forma durante o período pós-exílico, quando a comunidade judaica buscava preservar seu patrimônio religioso e identidade. Os Salmos eram usados tanto na adoração pessoal quanto comunitária, servindo como um hinário para o Segundo Templo em Jerusalém.

Os Salmos são divididos em cinco livros, cada um terminando com uma doxologia, ou um curto hino de louvor a Deus. Essa estrutura pode refletir um paralelo intencional com os cinco livros da Torá (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), enfatizando o papel dos Salmos na vida religiosa de Israel.

Temas Teológicos

Os Salmos cobrem uma vasta gama de temas teológicos, fornecendo um quadro abrangente da experiência humana em relação a Deus. Alguns dos temas principais incluem:

  1. A Soberania de Deus: Muitos Salmos enfatizam o governo de Deus sobre toda a criação e Sua autoridade sobre nações e indivíduos.

  2. Sofrimento Humano e Justiça Divina: Os Salmos frequentemente lidam com o problema do mal e o sofrimento dos justos, buscando segurança na justiça final de Deus.

  3. Louvor e Adoração: Numerosos Salmos são dedicados ao louvor e adoração a Deus, celebrando Seus atributos e obras poderosas.

  4. Arrependimento e Perdão: Salmos como o Salmo 51 expressam profundo remorso pelo pecado e um anseio pelo perdão e restauração de Deus.

  5. Confiança e Confiança: Os Salmos frequentemente encorajam a confiança na fidelidade e proteção de Deus, mesmo diante da adversidade.

Os Salmos na Adoração Cristã

O Livro dos Salmos ocupa um lugar especial na adoração e devoção cristã. Ao longo da história, os cristãos têm recorrido aos Salmos em busca de conforto, orientação e inspiração. Os Salmos são frequentemente citados no Novo Testamento, e o próprio Jesus usou os Salmos em Seus ensinamentos e orações. Por exemplo, na cruz, Jesus citou o Salmo 22:1, dizendo: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46, NVI).

Os Salmos também têm sido parte integrante das tradições litúrgicas de várias denominações cristãs. Eles são usados na Liturgia das Horas, também conhecida como o Ofício Divino, na Igreja Católica Romana, e são uma parte central do Livro de Oração Comum Anglicano. Muitos hinários protestantes incluem versões métricas dos Salmos, permitindo que as congregações cantem essas antigas orações em seus serviços de adoração.

Conclusão

Em resumo, o Livro dos Salmos é uma coleção de cânticos e orações sagradas escritas por várias pessoas ao longo de um longo período de tempo. Embora o Rei Davi seja o contribuinte mais proeminente, outros autores incluem Asafe, os Filhos de Corá, Salomão, Moisés e vários escritores anônimos. Os Salmos refletem uma ampla gama de emoções e experiências humanas, oferecendo percepções atemporais sobre a natureza de Deus e a vida de fé. Como uma parte querida das tradições judaica e cristã, os Salmos continuam a inspirar e elevar os crentes ao redor do mundo.

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