Sobre o que é o Salmo 120?

0

O Salmo 120 é uma peça fascinante e profundamente comovente das escrituras que inicia a coleção conhecida como os "Cânticos de Ascensão" (Salmos 120-134). Esses salmos provavelmente eram cantados pelos peregrinos hebreus enquanto subiam a Jerusalém para os grandes festivais. O Salmo 120, em particular, estabelece um tom de lamento e súplica, refletindo a angústia do salmista e seu anseio por intervenção divina em um mundo repleto de engano e hostilidade.

O salmo começa com um clamor por ajuda: "Na minha angústia clamei ao SENHOR, e ele me respondeu" (Salmo 120:1, ESV). Este reconhecimento imediato da capacidade de resposta de Deus estabelece um tom esperançoso, mesmo em meio à angústia do salmista. Isso sublinha uma crença fundamental na fidelidade de Deus em ouvir e responder aos clamores de Seu povo. Este versículo inicial também serve como um testemunho pessoal da fidelidade passada de Deus, que fornece uma base para a súplica atual do salmista.

A angústia de que o salmista fala é mais elaborada nos versículos subsequentes. "Livra-me, ó SENHOR, dos lábios mentirosos, da língua enganosa" (Salmo 120:2, ESV). Aqui, vemos a natureza específica do sofrimento do salmista: ele está cercado por engano e falsidade. A angústia de ser enredado por mentiras e enganos é uma experiência humana atemporal. A dor causada por falsas acusações ou fofocas maliciosas pode ser profundamente ferida e isolante. A súplica do salmista por libertação não é apenas um pedido de alívio do sofrimento pessoal, mas também um clamor para que a justiça e a verdade prevaleçam.

Os próximos versículos, "O que te será dado, e o que mais te será feito, ó língua enganosa? Flechas afiadas de um guerreiro, com brasas ardentes da árvore de giesta!" (Salmo 120:3-4, ESV), retratam a severidade das consequências que aguardam o enganador. A imagem de flechas afiadas e brasas ardentes transmite uma sensação de julgamento e retribuição iminentes. Isso pode ser visto como um reflexo da confiança do salmista na justiça divina. O salmista acredita que aqueles que perpetuam mentiras e enganos enfrentarão, em última análise, o julgamento justo de Deus.

O Salmo 120 então se desloca para um lamento pessoal sobre as condições de vida do salmista: "Ai de mim, que peregrino em Meseque, que habito entre as tendas de Quedar!" (Salmo 120:5, ESV). Meseque e Quedar eram lugares distantes e estrangeiros conhecidos por seus habitantes belicosos e hostis. Ao mencionar esses locais, o salmista expressa um sentimento de alienação e estranhamento. Ele se sente como um estranho em uma terra hostil, cercado por pessoas que não compartilham seus valores ou buscam a paz. Esse sentimento de alienação pode ressoar com qualquer pessoa que já se sentiu deslocada ou cercada por hostilidade.

Os versículos finais, "Por muito tempo tenho habitado entre aqueles que odeiam a paz. Eu sou pela paz, mas quando falo, eles são pela guerra!" (Salmo 120:6-7, ESV), destacam o desejo do salmista por paz em contraste com a beligerância daqueles ao seu redor. A defesa do salmista pela paz, apesar do ambiente belicoso, sublinha um compromisso com os princípios divinos mesmo em circunstâncias adversas. Esse contraste entre as intenções pacíficas do salmista e a hostilidade circundante enfatiza a tensão e a luta de viver de forma justa em um mundo caído.

O Salmo 120, portanto, serve como uma poderosa expressão da luta do crente contra o engano, a injustiça e a hostilidade. É um lembrete de que, em tempos de angústia, podemos clamar ao Senhor, que é fiel para ouvir e responder. O salmo também nos assegura que a justiça de Deus prevalecerá, em última análise, contra a falsidade e a maldade. Este salmo encoraja os crentes a manterem seu compromisso com a paz e a justiça, mesmo quando cercados por hostilidade e engano.

Os temas do Salmo 120 são ecoados em toda a Escritura. Por exemplo, o Novo Testamento também aborda a questão do engano e a resposta do crente a ele. Em Efésios 4:25, Paulo exorta os crentes a "abandonar a falsidade" e "falar a verdade com seu próximo". Da mesma forma, Jesus, em Seu Sermão da Montanha, abençoa os pacificadores, dizendo: "Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus" (Mateus 5:9, ESV). Essas passagens reforçam o chamado para viver de forma verdadeira e pacífica, mesmo em circunstâncias desafiadoras.

Além disso, o clamor do Salmo 120 por libertação de línguas enganosas encontra ressonância nas orações de outras figuras bíblicas. O rei Davi, por exemplo, frequentemente orava por libertação de seus inimigos que usavam engano e calúnia contra ele. No Salmo 31:18, Davi ora: "Emudeçam os lábios mentirosos, que falam insolentemente contra o justo com orgulho e desprezo". Essa experiência compartilhada de sofrimento devido ao engano e o subsequente apelo a Deus por justiça e libertação é um fio comum que percorre os Salmos.

A imagem do julgamento no Salmo 120, com as flechas afiadas e as brasas ardentes, também encontra paralelos em outros textos bíblicos. Provérbios 25:18 compara uma pessoa enganosa a "um porrete, ou uma espada, ou uma flecha afiada". A imagem das brasas ardentes é usada em Isaías 6:6-7, onde um serafim toca os lábios de Isaías com uma brasa ardente para purificá-lo. Embora o contexto seja diferente, o uso de brasas ardentes como símbolo de purificação e julgamento é consistente.

A expressão de alienação do Salmo 120 e o desejo de paz em meio à hostilidade podem ser vistos como um precursor da descrição do Novo Testamento dos cristãos como "peregrinos e forasteiros" no mundo (1 Pedro 2:11, ESV). O sentimento de não pertencimento e o anseio por um ambiente pacífico e justo é um tema recorrente na jornada cristã. A experiência do salmista espelha a experiência do crente de viver em um mundo que muitas vezes se opõe aos valores divinos.

Na literatura cristã, os temas do Salmo 120 foram explorados e ampliados. Por exemplo, em "O Peregrino" de John Bunyan, o protagonista, Cristão, enfrenta engano e hostilidade em sua jornada para a Cidade Celestial. A alegoria de Bunyan reflete a luta de manter a fé e a integridade em um mundo que muitas vezes é antagonista aos valores do crente. Da mesma forma, C.S. Lewis, em "Cartas de um Diabo a seu Aprendiz", destaca a sutileza do engano e a importância da vigilância e da oração para resistir aos esquemas do diabo.

Em conclusão, o Salmo 120 é um salmo rico e multifacetado que aborda a angústia do crente diante do engano e da hostilidade. É uma súplica sincera por intervenção divina e uma afirmação confiante da justiça de Deus. O salmo encoraja os crentes a permanecerem comprometidos com a verdade e a paz, mesmo quando cercados por falsidade e conflito. Seus temas ressoam em toda a Escritura e na literatura cristã, oferecendo sabedoria e conforto atemporais para aqueles que buscam viver de forma justa em um mundo caído.

Baixar Bible Chat

appstore-icon googleplay-icon

Perguntas Relacionadas

Baixar Bible Chat

appstore-icon googleplay-icon