O termo "Messias" tem um significado profundo no Cristianismo, incorporando o cumprimento de séculos de promessas divinas e a personificação do plano final de Deus para a humanidade. O conceito de Messias está profundamente enraizado na tradição judaica, onde originalmente significava um futuro rei ungido da linhagem de Davi que libertaria Israel da opressão e estabeleceria um reino eterno de paz e justiça. No entanto, no Cristianismo, o termo assume um significado expandido e transformador através da pessoa e obra de Jesus Cristo.
A palavra hebraica "Messias" (מָשִׁיחַ, Mashiach) significa "ungido". No Antigo Testamento, a unção era um ato ritual que significava a escolha e consagração de Deus de um indivíduo para um propósito específico, muitas vezes relacionado à realeza, sacerdócio ou profecia. Por exemplo, o rei Davi foi ungido pelo profeta Samuel (1 Samuel 16:13), simbolizando sua seleção divina para liderar Israel. Os escritos proféticos, particularmente em livros como Isaías, Jeremias e Daniel, contêm inúmeras referências a um futuro ungido que realizaria os propósitos redentores de Deus.
Em Isaías 9:6-7, encontramos uma visão profética deste Messias vindouro:
"Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros, e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do aumento do seu governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar com justiça e com retidão, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isso."
Esta passagem encapsula a expectativa de um governante divinamente designado que estabeleceria um reino caracterizado por justiça, retidão e paz. Para o povo judeu, essa esperança estava entrelaçada com sua identidade nacional e seu relacionamento de aliança com Deus.
Com o advento de Jesus Cristo, a compreensão cristã do Messias passa por uma transformação significativa. Jesus é identificado como o cumprimento das profecias messiânicas, mas Sua missão e identidade transcendem as expectativas tradicionais de um libertador político ou militar. Os escritores do Novo Testamento, particularmente os autores dos Evangelhos, apresentam Jesus como o Messias há muito esperado que traz salvação espiritual e inaugura o Reino de Deus de uma maneira que supera o reinado terreno.
No Evangelho de Mateus, a genealogia de Jesus é meticulosamente traçada até Davi, sublinhando sua reivindicação legítima ao título messiânico (Mateus 1:1-17). Mateus 1:1 abre com:
"Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão."
Este registro genealógico estabelece o lugar legítimo de Jesus na linhagem davídica, cumprindo as profecias do Antigo Testamento sobre a linhagem do Messias. Além disso, o anúncio do anjo a José em Mateus 1:21 revela o propósito divino da missão de Jesus:
"Ela dará à luz um filho, e você o chamará de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados."
Aqui, a ênfase muda da libertação política para a redenção espiritual. O papel de Jesus como Messias não se limita à restauração de Israel, mas se estende à salvação de toda a humanidade. Este escopo universal é ainda mais destacado no Evangelho de João, onde Jesus é proclamado como o "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29).
Ao longo de Seu ministério, Jesus incorpora as expectativas messiânicas de maneiras que desafiam e redefinem essas expectativas. Ele realiza milagres, ensina com autoridade e cumpre profecias específicas, como entrar em Jerusalém montado em um jumento (Zacarias 9:9; Mateus 21:1-11). No entanto, seu caminho para a realeza é marcado por humildade, sofrimento e amor sacrificial. A crucificação e ressurreição de Jesus são eventos cruciais que revelam a verdadeira natureza de Sua missão messiânica. Em Marcos 10:45, Jesus explica:
"Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos."
A cruz, um símbolo de execução romana, torna-se o meio pelo qual Jesus realiza Sua obra redentora. Ao entregar voluntariamente Sua vida, Ele derrota os poderes do pecado e da morte, reconciliando a humanidade com Deus. A ressurreição então vindica a identidade de Jesus como o Messias e inaugura a nova aliança, onde os crentes são convidados a um relacionamento restaurado com Deus através da fé em Cristo.
O significado do termo "Messias" no Cristianismo é ainda enriquecido pelas reflexões teológicas dos primeiros pais da igreja e pelo pensamento cristão subsequente. Por exemplo, em sua obra seminal "Sobre a Encarnação", Atanásio de Alexandria expõe a necessidade da encarnação e obra expiatória do Messias:
"O Verbo se fez carne para que pudéssemos ser capacitados a nos tornar deuses; e Ele se manifestou por um corpo para que pudéssemos receber a ideia do Pai invisível; e Ele suportou a insolência dos homens para que pudéssemos herdar a imortalidade."
Atanásio destaca o impacto transformador da vinda do Messias, que capacita os crentes a participar da natureza divina e experimentar a vida eterna. Esse entendimento ressoa com o ensino do Apóstolo Paulo em Colossenses 1:19-20:
"Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliar consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, fazendo a paz pelo sangue da sua cruz."
As epístolas de Paulo frequentemente enfatizam o escopo cósmico da obra messiânica de Cristo, retratando Jesus como o reconciliador de toda a criação e o cabeça da igreja, Seu corpo. Esta dimensão eclesiológica sublinha o aspecto comunitário da missão do Messias, onde os crentes são unidos em Cristo e chamados a participar de Sua obra contínua de reconciliação e restauração.
No pensamento cristão contemporâneo, o termo "Messias" continua a inspirar e desafiar os crentes a viver à luz do exemplo e dos ensinamentos de Jesus. A identidade messiânica de Jesus chama os cristãos a abraçar uma vida de serviço, humildade e amor sacrificial, refletindo os valores do Reino de Deus. Além disso, a esperança do retorno do Messias, como antecipado em passagens escatológicas como Apocalipse 19:11-16, sustenta os crentes em sua jornada de fé, lembrando-os do cumprimento final do plano redentor de Deus.
Em conclusão, o termo "Messias" no Cristianismo significa o cumprimento das promessas de Deus através de Jesus Cristo, que transcende as expectativas tradicionais para trazer salvação espiritual e a inauguração do Reino de Deus. A vida, morte e ressurreição de Jesus redefinem a missão messiânica, enfatizando a reconciliação, redenção e o escopo universal do amor de Deus. Este entendimento profundo continua a moldar a teologia, adoração e prática cristã, inspirando os crentes a viver na esperança e na realidade da obra transformadora do Messias.