Como o Livro de Mórmon difere da Bíblia?

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O Livro de Mórmon e a Bíblia são dois textos religiosos distintos que têm grande importância dentro de suas respectivas tradições de fé. A Bíblia é a escritura sagrada do Cristianismo, reverenciada por milhões ao redor do mundo, enquanto o Livro de Mórmon é um texto central do movimento dos Santos dos Últimos Dias, comumente conhecido como Mormonismo. Para entender como esses dois textos diferem, é essencial mergulhar em suas origens, conteúdo, perspectivas teológicas e os papéis que desempenham dentro de suas respectivas comunidades religiosas.

A Bíblia, composta pelo Antigo Testamento e pelo Novo Testamento, é uma coleção de escritos que abrange vários séculos. O Antigo Testamento, também conhecido como a Bíblia Hebraica, contém textos que são sagrados tanto para o Judaísmo quanto para o Cristianismo. Inclui narrativas históricas, leis, profecias, poesia e literatura de sabedoria. O Novo Testamento, por outro lado, foca na vida, ensinamentos, morte e ressurreição de Jesus Cristo, bem como na igreja cristã primitiva. A Bíblia é considerada pelos cristãos como divinamente inspirada e autoritativa. Como afirma 2 Timóteo 3:16-17 (NVI), "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o servo de Deus esteja perfeitamente preparado para toda boa obra."

O Livro de Mórmon, publicado pela primeira vez em 1830 por Joseph Smith, é considerado pelos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Igreja SUD) como outro testamento de Jesus Cristo. Segundo Smith, o livro foi traduzido de placas de ouro inscritas por antigos profetas que viveram no continente americano. A narrativa dentro do Livro de Mórmon abrange aproximadamente de 600 a.C. a 421 d.C. e inclui a história de duas grandes civilizações, os nefitas e os lamanitas, que são considerados descendentes de israelitas. Central no Livro de Mórmon é a aparição de Jesus Cristo nas Américas após Sua ressurreição, onde Ele ensina e ministra ao povo.

Uma das principais diferenças entre a Bíblia e o Livro de Mórmon reside em suas origens. A Bíblia é uma compilação de textos escritos por vários autores ao longo de um longo período, com seu processo de canonização ocorrendo ao longo de vários séculos. Os livros do Antigo Testamento foram escritos em hebraico e aramaico, enquanto os livros do Novo Testamento foram escritos em grego. O processo de canonização envolveu o discernimento por líderes religiosos e comunidades para determinar quais textos eram divinamente inspirados e autoritativos. Este processo foi guiado por critérios como autoria apostólica, consistência com a doutrina estabelecida e aceitação generalizada entre os primeiros cristãos.

Em contraste, o Livro de Mórmon é atribuído a um único tradutor, Joseph Smith, que afirmou ter recebido assistência divina na tradução das placas de ouro. O processo de tradução é dito ter envolvido o uso de pedras videntes, conhecidas como Urim e Tumim, que Smith colocava em um chapéu para ler os caracteres nas placas. Este método de tradução é único para o Livro de Mórmon e difere significativamente da maneira como a Bíblia foi compilada e canonizada.

Outra diferença chave é o conteúdo e o foco dos dois textos. A Bíblia abrange uma ampla gama de gêneros literários e temas teológicos, incluindo a criação do mundo, a história de Israel, a vida e o ministério de Jesus Cristo e os ensinamentos dos apóstolos. Ela fornece uma narrativa abrangente do relacionamento de Deus com a humanidade, desde a criação até o fim dos tempos. Os ensinamentos da Bíblia são fundamentais para a doutrina e prática cristã, cobrindo tópicos como salvação, pecado, graça e a natureza de Deus.

O Livro de Mórmon, embora também aborde temas teológicos, é mais focado na história e nas experiências de grupos específicos nas antigas Américas. Ele enfatiza a ideia de que Deus se revelou a pessoas em diferentes partes do mundo e que as Américas têm sua própria história sagrada. O livro inclui ensinamentos sobre fé, arrependimento, batismo e o Espírito Santo, e destaca a importância de seguir Jesus Cristo. A aparição de Cristo nas Américas é um evento crucial no Livro de Mórmon, reforçando a crença de que Sua expiação e ressurreição são universais e não limitadas ao Velho Mundo.

As perspectivas teológicas da Bíblia e do Livro de Mórmon também diferem de maneiras significativas. O Cristianismo tradicional, baseado na Bíblia, ensina que a salvação é pela graça mediante a fé em Jesus Cristo (Efésios 2:8-9). Ele enfatiza a natureza caída da humanidade, a necessidade de redenção e a suficiência do sacrifício expiatório de Cristo. A Bíblia apresenta uma visão trinitária de Deus, com o Pai, o Filho e o Espírito Santo sendo pessoas distintas, mas de uma só essência.

A teologia mórmon, derivada do Livro de Mórmon e de outras escrituras SUD, inclui crenças adicionais que não são encontradas no Cristianismo tradicional. Por exemplo, os mórmons acreditam no conceito de progresso eterno, onde os indivíduos podem se tornar como Deus através da obediência aos Seus mandamentos e participação em ordenanças sagradas. A Igreja SUD também ensina que Deus o Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo são seres distintos com identidades separadas, em vez de serem um em essência. Esta visão da Divindade é uma divergência da doutrina trinitária defendida pelo Cristianismo mainstream.

O papel da Bíblia e do Livro de Mórmon dentro de suas respectivas comunidades religiosas também destaca suas diferenças. Para os cristãos, a Bíblia é a autoridade final em questões de fé e prática. É a base sobre a qual a doutrina cristã é construída e é considerada completa e suficiente para guiar os crentes em seu relacionamento com Deus. A autoridade da Bíblia é sublinhada por versículos como Hebreus 4:12 (NVI), que afirma: "Pois a palavra de Deus é viva e eficaz. Mais afiada do que qualquer espada de dois gumes, ela penetra até dividir alma e espírito, juntas e medulas; julga os pensamentos e intenções do coração."

Na Igreja SUD, o Livro de Mórmon é visto como um complemento à Bíblia, fornecendo revelação e insight adicionais. Os mórmons acreditam que ambos os textos são sagrados e que trabalham juntos para testificar de Jesus Cristo. O Livro de Mórmon é frequentemente referido como "Outro Testamento de Jesus Cristo" e é usado em conjunto com a Bíblia no ensino e na pregação. A Igreja SUD também reconhece outras escrituras, como Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor, que contêm revelações adicionais dadas a Joseph Smith e outros líderes da igreja.

Em resumo, a Bíblia e o Livro de Mórmon são textos religiosos distintos com diferentes origens, conteúdo, perspectivas teológicas e papéis dentro de suas respectivas comunidades de fé. A Bíblia é uma compilação de escritos que abrange séculos e é fundamental para a doutrina e prática cristã. É considerada completa e autoritativa pelos cristãos. O Livro de Mórmon, por outro lado, é um texto único para a Igreja SUD, acreditado ser uma tradução divinamente inspirada de registros antigos das Américas. Ele complementa a Bíblia e fornece ensinamentos e revelações adicionais específicos para a teologia mórmon. Embora ambos os textos testifiquem de Jesus Cristo, suas diferenças destacam as diversas maneiras pelas quais as pessoas entendem e experimentam sua fé.

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