O arminianismo é uma estrutura teológica dentro do cristianismo que surgiu como uma resposta às doutrinas da predestinação e eleição articuladas por João Calvino e seus seguidores. Nomeado em homenagem a Jacobus Arminius, um teólogo holandês que viveu de 1560 a 1609, o arminianismo apresenta uma compreensão alternativa da soberania divina e do livre-arbítrio humano, enfatizando o papel da escolha humana no processo de salvação.
Jacobus Arminius inicialmente estudou sob a orientação de Theodore Beza, um calvinista convicto, mas sua jornada teológica o levou a questionar alguns dos determinismos rígidos encontrados no pensamento calvinista. O trabalho de Arminius eventualmente deu origem a um movimento que buscava reconciliar a soberania de Deus com a responsabilidade humana, focando na compatibilidade da presciência divina e da liberdade humana.
Um dos princípios centrais do arminianismo é a crença na eleição condicional. Ao contrário da doutrina calvinista da eleição incondicional, onde Deus predestina certos indivíduos à salvação independentemente de qualquer mérito ou ação prevista de sua parte, o arminianismo postula que a eleição de Deus é baseada na presciência daqueles que escolheriam livremente aceitar Sua graça. Esta visão é apoiada por passagens como Romanos 8:29, que afirma: "Porque aqueles que Deus conheceu de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho." Os arminianos interpretam isso como significando que a predestinação de Deus é contingente à Sua presciência das decisões humanas.
Outro aspecto chave do arminianismo é o conceito de graça preveniente. Esta doutrina afirma que a graça de Deus precede a decisão humana, permitindo que os indivíduos respondam ao Seu chamado. A graça preveniente é vista como uma assistência divina que restaura a vontade e permite que as pessoas escolham a salvação, contrariando os efeitos do pecado original. Esta graça é resistível, o que significa que os indivíduos podem escolher rejeitá-la, mantendo a integridade do livre-arbítrio humano. Esta ideia é apoiada por escrituras como João 1:9, que se refere à verdadeira luz que "ilumina a todos", sugerindo uma graça universal disponível para todos.
O arminianismo também enfatiza a expiação universal, a crença de que a morte sacrificial de Cristo foi destinada a todas as pessoas, não apenas aos eleitos. Esta visão é extraída de passagens como 1 João 2:2, que afirma: "Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo." Os arminianos argumentam que a expiação de Cristo é suficiente para todos, mas só é eficaz para aqueles que acreditam.
A doutrina da graça resistível é outro pilar da teologia arminiana. Ela sustenta que, embora a graça de Deus seja estendida a todos, os indivíduos têm a liberdade de aceitá-la ou rejeitá-la. Isso contrasta com a doutrina calvinista da graça irresistível, onde a graça de Deus inevitavelmente leva à salvação dos eleitos. Os arminianos citam versículos como Mateus 23:37, onde Jesus lamenta sobre Jerusalém, dizendo: "Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e não quiseste." Este versículo é visto como evidência de que o desejo de Deus pode ser resistido pela vontade humana.
A perseverança dos santos, ou a segurança do crente, é outra área onde o arminianismo diverge do calvinismo. Enquanto o calvinismo ensina que aqueles verdadeiramente eleitos por Deus perseverarão na fé até o fim, o arminianismo propõe que é possível para os crentes caírem da graça. Esta crença na segurança condicional é baseada em passagens como Hebreus 6:4-6, que adverte contra o afastamento após ter recebido o conhecimento da verdade.
A ênfase do arminianismo na responsabilidade humana e no livre-arbítrio teve um impacto significativo em várias tradições cristãs, particularmente dentro do metodismo, que foi fortemente influenciado por John Wesley. A teologia wesleyana, um ramo do arminianismo, desenvolveu ainda mais essas ideias, enfatizando a santificação e a busca pela santidade.
Em resumo, o arminianismo é uma perspectiva teológica que busca equilibrar a soberania de Deus com a liberdade humana. Afirma que a eleição de Deus é baseada na presciência, que a graça está disponível para todos e pode ser resistida, e que a expiação de Cristo é universal. Embora reconheça a seriedade do pecado e a necessidade da graça divina, também sustenta a capacidade e a responsabilidade dos indivíduos de responder ao chamado de Deus. Esta estrutura oferece uma visão convincente de um Deus que deseja que todos sejam salvos e uma humanidade dotada da liberdade de escolhê-Lo, refletindo a natureza dinâmica e relacional da fé cristã.