A questão de como a tradição da Igreja e as Escrituras interagem para formar a doutrina é uma investigação profunda e essencial dentro da eclesiologia cristã. Essa interação não é apenas um tópico acadêmico, mas uma realidade vivida que influencia as crenças, práticas e vida espiritual de milhões de crentes em todo o mundo. Para explorar essa interação, devemos nos aprofundar nas definições, desenvolvimentos históricos, implicações teológicas e aplicações práticas tanto das Escrituras quanto da tradição.
As Escrituras, para a maioria dos cristãos, referem-se à Bíblia Sagrada, uma coleção de textos considerados divinamente inspirados e autoritativos. Inclui o Antigo Testamento, que é compartilhado com o Judaísmo, e o Novo Testamento, que contém escritos específicos do Cristianismo, como os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, as Epístolas e o Apocalipse.
A tradição, por outro lado, abrange o corpo de ensinamentos, práticas, ritos litúrgicos e insights espirituais que foram transmitidos através das gerações, começando pelos próprios apóstolos e passando pelos primeiros padres da igreja, concílios e líderes subsequentes da igreja. A tradição serve como uma transmissão viva da fé, continuamente engajando-se com novas gerações e culturas.
A Igreja primitiva não tinha o Novo Testamento como o conhecemos hoje; era guiada principalmente pelos ensinamentos de Jesus transmitidos oralmente pelos apóstolos e primeiros discípulos. Essa tradição oral foi crucial para as primeiras comunidades cristãs. Com o tempo, partes dessa tradição foram escritas, levando aos textos que agora constituem o Novo Testamento. A canonização das Escrituras não se finalizou até vários séculos após Cristo, durante os quais a tradição desempenhou um papel crítico na formação da doutrina e prática cristã.
O papel dos concílios ecumênicos, como os de Niceia (325 d.C.) e Calcedônia (451 d.C.), ilustra como a tradição e as Escrituras trabalharam juntas para abordar controvérsias doutrinárias e heresias. Esses concílios apelaram tanto aos textos escritos das Escrituras quanto à tradição apostólica oral para formular doutrinas como a Trindade e a natureza de Cristo.
Do ponto de vista teológico, a interação entre as Escrituras e a tradição pode ser vista como uma relação dinâmica e recíproca. As Escrituras são fundamentais, dado seu status inspirado; é a norma normans (