A questão do que distingue um "cristão" de um "crente em Cristo" é intrigante e complexa, tocando no cerne da identidade, fé e prática dentro da tradição cristã. Para explorar isso, devemos investigar tanto os fundamentos teológicos quanto as manifestações práticas desses termos, reconhecendo a diversidade de interpretações entre diferentes comunidades cristãs.
No seu cerne, o termo "cristão" historicamente se refere a alguém que não apenas acredita nos ensinamentos de Jesus Cristo, mas também O segue ativamente de uma maneira visível e transformadora. A palavra "cristão" aparece pela primeira vez no Novo Testamento no livro de Atos: "Os discípulos foram chamados cristãos pela primeira vez em Antioquia" (Atos 11:26, NVI). Aqui, é implícito que o termo foi usado para descrever aqueles que eram distintos em seu comportamento e estilo de vida, refletindo os ensinamentos de Cristo.
Um "crente em Cristo", por outro lado, pode ser entendido como qualquer pessoa que reconhece a divindade e o papel salvífico de Jesus. Esta crença é fundamental e muitas vezes vista como o ponto de partida da jornada cristã. Um crente aceita os princípios fundamentais da fé, como a encarnação, crucificação e ressurreição de Jesus Cristo, bem como Seu papel como Salvador e Redentor da humanidade. Esta crença é essencial para a salvação, como destacado em Romanos 10:9: "Se você declarar com sua boca: 'Jesus é Senhor', e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dos mortos, será salvo" (NVI).
No entanto, a distinção surge na profundidade e expressão dessa crença. Enquanto todos os cristãos são crentes em Cristo, nem todos os crentes podem incorporar plenamente o que significa ser um cristão. Esta distinção pode ser vista em várias áreas-chave:
1. Discipulado e Transformação:
Ser cristão envolve um compromisso com o discipulado, o que significa seguir Jesus não apenas na crença, mas na ação. Envolve um relacionamento transformador com Cristo que impacta todos os aspectos da vida. O próprio Jesus chama Seus seguidores a uma vida de discipulado: "Quem quiser ser meu discípulo deve negar a si mesmo, tomar sua cruz diariamente e seguir-me" (Lucas 9:23, NVI). Este chamado ao discipulado indica uma vida marcada pela abnegação, sacrifício e uma busca contínua pela semelhança com Cristo.
Um crente pode reconhecer Jesus como Senhor, mas um cristão busca ativamente viver Seus ensinamentos, permitindo que sua fé molde suas ações, decisões e interações com os outros. Esta transformação é frequentemente visível nos frutos do Espírito, conforme descrito em Gálatas 5:22-23, que incluem amor, alegria, paz, paciência, bondade, bondade, fidelidade, gentileza e autocontrole.
2. Comunidade e Envolvimento na Igreja:
Outro fator distintivo é o papel da comunidade e a participação no corpo de Cristo, a Igreja. Um cristão geralmente está ativamente envolvido em uma comunidade de crentes, reconhecendo a importância da comunhão, adoração e crescimento comunitário. Hebreus 10:24-25 enfatiza este aspecto: "E consideremos como podemos estimular uns aos outros ao amor e às boas obras, não deixando de nos reunir, como alguns têm o costume de fazer, mas encorajando-nos uns aos outros — e ainda mais à medida que vocês veem o Dia se aproximando" (NVI).
Ser cristão implica um compromisso com a Igreja, não apenas como uma instituição, mas como o corpo vivo de Cristo na terra. Isso envolve participar dos sacramentos, engajar-se na adoração comunitária e contribuir para a missão da Igreja de espalhar o Evangelho e servir ao mundo. Um crente em Cristo pode ter fé pessoal, mas pode não estar necessariamente integrado na vida e missão da Igreja da mesma forma.
3. Vida Ética e Moral:
A ética cristã está profundamente enraizada nos ensinamentos de Jesus e dos apóstolos, chamando para uma vida que reflete os valores do Reino de Deus. Isso inclui amar o próximo, praticar o perdão, buscar a justiça e viver com integridade. Espera-se que um cristão incorpore esses princípios éticos na vida diária, guiado pelo Espírito Santo e informado pelas Escrituras.
Tiago 2:14-17 desafia os crentes a demonstrar sua fé através de ações: "De que adianta, meus irmãos e irmãs, se alguém afirma ter fé, mas não tem obras? Pode essa fé salvá-los? Suponha que um irmão ou uma irmã esteja sem roupas e sem comida diária. Se um de vocês lhes disser: 'Vão em paz; mantenham-se aquecidos e bem alimentados', mas não fizer nada sobre suas necessidades físicas, de que adianta? Da mesma forma, a fé por si só, se não for acompanhada de ação, está morta" (NVI).
Um crente em Cristo pode aderir às doutrinas da fé, mas pode não viver consistentemente esses imperativos éticos. Um cristão, no entanto, se esforça para alinhar sua vida com os ensinamentos morais de Cristo, permitindo que sua fé influencie seu comportamento de maneiras tangíveis.
4. Testemunho e Evangelismo:
Finalmente, ser cristão envolve um compromisso de testemunhar aos outros sobre o poder transformador do Evangelho. Isso não se trata apenas de proclamação verbal, mas também de viver uma vida que reflete visivelmente o amor e a graça de Cristo. A Grande Comissão em Mateus 28:19-20 chama os cristãos a "ir e fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei" (NVI).
Um crente em Cristo pode ter fé pessoal, mas pode não se sentir compelido a compartilhá-la com os outros ou pode não vê-la como uma parte integral de sua identidade. Um cristão, no entanto, vê o evangelismo e o testemunho como um desdobramento natural de seu relacionamento com Cristo, impulsionado pelo desejo de compartilhar a esperança e o amor que encontrou.
Em resumo, a distinção entre um cristão e um crente em Cristo reside na profundidade do compromisso, na transformação da vida e na participação ativa na missão e comunidade da Igreja. Enquanto a crença em Cristo é a base, ser cristão envolve uma aceitação holística do discipulado, vida ética, adoração comunitária e testemunho. Trata-se de permitir que a crença em Cristo permeie todos os aspectos da vida, levando a uma fé dinâmica e vibrante que impacta tanto o indivíduo quanto o mundo ao seu redor.