As Testemunhas de Jeová acreditam que Jesus é o Arcanjo Miguel?

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A crença de que Jesus é Miguel, o Arcanjo, é uma doutrina distintiva mantida pelas Testemunhas de Jeová, uma denominação cristã que surgiu no final do século XIX. Para entender essa crença, é essencial explorar a estrutura teológica e as interpretações das escrituras que a sustentam.

As Testemunhas de Jeová afirmam que Miguel, o Arcanjo, e Jesus Cristo são a mesma pessoa, embora em formas diferentes. Essa crença está enraizada na interpretação deles de passagens bíblicas específicas e na compreensão da natureza de Jesus e dos anjos. Para fornecer uma resposta abrangente, devemos nos aprofundar em sua justificativa escritural e, em seguida, contrastá-la com a perspectiva cristã mais ampla.

Primeiramente, as Testemunhas de Jeová dependem fortemente de passagens do Livro de Daniel, da Epístola de Judas e do Livro de Apocalipse para apoiar sua visão. Em Daniel 10:13, Miguel é descrito como "um dos principais príncipes", e em Daniel 12:1, ele é retratado como "o grande príncipe que se levanta a favor dos filhos do teu povo". As Testemunhas de Jeová interpretam esses versículos como indicando um papel único e exaltado para Miguel, um que eles acreditam ser adequado para Jesus.

A Epístola de Judas (Judas 1:9) descreve Miguel contendendo com o diabo pelo corpo de Moisés, enfatizando ainda mais seu papel autoritário em questões espirituais. Em Apocalipse 12:7-9, Miguel e seus anjos lutam contra o dragão (Satanás) e seus anjos, resultando na expulsão de Satanás do céu. As Testemunhas de Jeová argumentam que essa descrição de Miguel como líder das forças celestiais se alinha com o papel de Jesus descrito em outras partes do Novo Testamento.

Por exemplo, eles apontam para 1 Tessalonicenses 4:16, que afirma: "Porque o próprio Senhor descerá do céu com um grito de comando, com a voz de um arcanjo e com o som da trombeta de Deus. E os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro." As Testemunhas de Jeová interpretam "a voz de um arcanjo" como significando que o próprio Jesus tem a voz de um arcanjo, sugerindo sua identidade como Miguel.

Além disso, eles enfatizam que o termo "arcanjo" significa "anjo principal" ou "anjo principal". Como Miguel é o único anjo explicitamente identificado como arcanjo na Bíblia, eles deduzem que Miguel deve ser Jesus, que ocupa a posição mais alta entre os anjos de Deus.

Em contraste, a tradição cristã mais ampla, incluindo o cristianismo não denominacional, geralmente não apoia a identificação de Jesus com Miguel, o Arcanjo. Essa perspectiva é baseada em vários pontos teológicos e interpretações das escrituras.

Primeiramente, o Novo Testamento apresenta Jesus como o Filho eterno de Deus, distinto de todos os seres criados, incluindo os anjos. João 1:1-3 declara: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que foi feito se fez." Esta passagem enfatiza a natureza divina de Jesus (o Verbo) e seu papel na criação, diferenciando-o dos seres criados como os anjos.

Hebreus 1:3-4 destaca ainda mais a distinção entre Jesus e os anjos: "O Filho é o resplendor da glória de Deus e a representação exata do seu ser, sustentando todas as coisas pela sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade no céu. Assim, ele se tornou tão superior aos anjos quanto o nome que herdou é superior ao deles." O autor de Hebreus argumenta que Jesus é superior aos anjos, não um deles, e que ele compartilha da natureza divina de Deus.

Além disso, Hebreus 1:5-6 afirma: "Pois a qual dos anjos Deus alguma vez disse: 'Tu és meu Filho; hoje te gerei'? Ou ainda: 'Eu serei seu Pai, e ele será meu Filho'? E novamente, quando Deus traz seu primogênito ao mundo, ele diz: 'Que todos os anjos de Deus o adorem.'" Esses versículos destacam que Jesus é exclusivamente o Filho de Deus e que os anjos, incluindo Miguel, são comandados a adorá-lo, reforçando a distinção entre Jesus e os anjos.

Além disso, a tradição cristã mais ampla interpreta o termo "arcanjo" como denotando um anjo de alta patente, mas não o equipara ao Filho divino de Deus. O papel de Miguel, conforme descrito em Daniel, Judas e Apocalipse, é visto como o de um ser angélico poderoso e significativo, mas não como equivalente a Jesus.

Em resumo, enquanto as Testemunhas de Jeová sustentam a crença de que Jesus é Miguel, o Arcanjo, essa visão não é compartilhada pela maioria das denominações cristãs. A tradição cristã mais ampla mantém uma distinção clara entre Jesus, o Filho eterno de Deus, e Miguel, um arcanjo. Essa distinção é baseada na compreensão de que Jesus é divino, coeterno com o Pai e superior a todos os seres criados, incluindo os anjos. A base escritural para essa crença é encontrada em passagens que enfatizam a natureza divina única de Jesus e seu papel como objeto de adoração angélica, e não como um anjo.

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