O que a Bíblia diz sobre suportar o sofrimento para a glória futura?

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Suportar o sofrimento é um tema que permeia profundamente o tecido da Bíblia, e é particularmente comovente quando considerado no contexto da glória futura. Do ponto de vista de um pastor cristão não denominacional, a Bíblia oferece uma compreensão multifacetada do sofrimento, oferecendo tanto um profundo senso de esperança quanto um chamado à fé firme.

Uma das passagens mais convincentes que aborda essa questão vem do Apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos. Em Romanos 8:18, Paulo escreve: "Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada" (NVI). Este versículo encapsula a esperança cristã de que quaisquer provações e tribulações que experimentamos nesta vida são transitórias e pálidas em comparação com a glória eterna que nos espera.

A perspectiva de Paulo não é isolada; está profundamente enraizada nos ensinamentos de Jesus Cristo. O próprio Jesus falou sobre o sofrimento e seu propósito redentor. Nas Bem-aventuranças, Ele disse: "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o reino dos céus" (Mateus 5:10, NVI). Aqui, Jesus reconhece que o sofrimento é muitas vezes uma consequência de viver uma vida alinhada com a vontade de Deus, mas Ele também nos assegura que tal sofrimento não é em vão. É acompanhado pela promessa de recompensa celestial.

O conceito de suportar o sofrimento para a glória futura é ainda mais elaborado em 2 Coríntios 4:17, onde Paulo escreve: "Pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles" (NVI). Este versículo enfatiza que nossas provações não são apenas temporárias, mas também são instrumentais na preparação para um estado eterno de glória. Paulo usa as palavras "leves e momentâneos" para descrever nossos sofrimentos, não para diminuir sua realidade, mas para destacar sua insignificância no grande esquema da eternidade.

O Novo Testamento está repleto de exemplos de indivíduos que suportaram o sofrimento com a esperança da glória futura. O Apóstolo Pedro, que ele próprio enfrentou severa perseguição, escreveu para encorajar os primeiros cristãos: "Amados, não se surpreendam com o fogo ardente que surge entre vocês para prová-los, como se algo estranho estivesse acontecendo com vocês. Mas alegrem-se na medida em que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também se alegrem quando a sua glória for revelada" (1 Pedro 4:12-13, NVI). As palavras de Pedro nos lembram que o sofrimento não é uma anomalia na vida cristã; ao contrário, é uma participação nos sofrimentos de Cristo, que leva, em última análise, a compartilhar de Sua glória.

O Livro do Apocalipse também oferece uma vívida descrição da glória futura que aguarda aqueles que suportam o sofrimento. Em Apocalipse 21:4, João escreve: "Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem luto, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou" (NVI). Esta visão de um novo céu e uma nova terra fornece uma imagem poderosa da erradicação final do sofrimento e do estabelecimento de um estado eterno de alegria e paz.

Além do Novo Testamento, o Antigo Testamento também oferece valiosas percepções sobre a relação entre sofrimento e glória futura. A história de Jó é uma exploração profunda desse tema. Jó, um homem justo, suporta imenso sofrimento, perdendo sua riqueza, seus filhos e sua saúde. Ao longo de sua provação, Jó luta para entender o propósito de seu sofrimento. No final, Deus restaura as fortunas de Jó, e Jó ganha uma compreensão mais profunda da soberania e sabedoria de Deus. A história de Jó ilustra que, embora possamos não compreender sempre as razões do nosso sofrimento, podemos confiar no plano final de Deus e em Sua promessa de restauração.

Os Salmos oferecem outra rica fonte de conforto e esperança para aqueles que suportam o sofrimento. O Salmo 30:5 declara: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (NVI). Este versículo captura a natureza transitória do sofrimento e a certeza da alegria futura. Os salmistas frequentemente expressam sua angústia e lamento, mas também afirmam consistentemente sua confiança na libertação e fidelidade de Deus.

A literatura cristã ao longo dos tempos também tem lidado com o tema do sofrimento e da glória futura. C.S. Lewis, em seu livro "O Problema do Sofrimento", explora a ideia de que o sofrimento é uma ferramenta usada por Deus para nos refinar e aperfeiçoar. Lewis escreve: "Deus sussurra para nós em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nossas dores: é o Seu megafone para despertar um mundo surdo." Lewis sugere que o sofrimento pode servir como um chamado de despertar, nos aproximando de Deus e nos preparando para a glória que está por vir.

Dietrich Bonhoeffer, um pastor e teólogo alemão que foi executado por sua resistência ao regime nazista, também escreveu extensivamente sobre o tema do sofrimento. Em seu livro "O Custo do Discipulado", Bonhoeffer enfatiza que seguir a Cristo envolve abraçar a cruz e suportar o sofrimento. Ele escreve: "O sofrimento, então, é o distintivo do verdadeiro discipulado. O discípulo não está acima de seu mestre." A vida e os escritos de Bonhoeffer servem como um poderoso testemunho da realidade de que suportar o sofrimento é uma parte integral da jornada cristã, mas é acompanhada pela esperança da glória futura.

À luz desses ensinamentos e reflexões bíblicas, como devemos, como cristãos, abordar o sofrimento em nossas próprias vidas? Em primeiro lugar, somos chamados a manter nossa fé e confiança em Deus, mesmo no meio das provações. Tiago 1:2-4 nos encoraja a "considerar motivo de grande alegria, meus irmãos, quando passarem por várias provações, porque vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação completa, para que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma" (NVI). Esta passagem destaca a ideia de que o sofrimento pode levar ao crescimento e maturidade espiritual.

Além disso, somos chamados a apoiar e encorajar uns aos outros em nosso sofrimento. Gálatas 6:2 nos instrui a "carregar os fardos uns dos outros, e assim vocês cumprirão a lei de Cristo" (NVI). A comunidade cristã desempenha um papel vital em ajudar os indivíduos a suportar o sofrimento, proporcionando apoio emocional, espiritual e prático.

A oração é outro aspecto essencial de suportar o sofrimento. Os Salmos estão cheios de orações de lamento, onde os salmistas derramam seus corações a Deus, expressando sua dor e buscando Sua intervenção. Filipenses 4:6-7 nos encoraja a apresentar nossos pedidos a Deus com ação de graças, prometendo que "a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus" (NVI). Através da oração, podemos encontrar consolo e força, sabendo que Deus ouve e responde aos nossos clamores.

Finalmente, devemos manter nossos olhos fixos na esperança última da glória futura. Hebreus 12:1-2 nos exorta a "correr com perseverança a corrida que nos é proposta, fixando os olhos em Jesus, o autor e consumador da fé. Pela alegria que lhe fora proposta, ele suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus" (NVI). Focando em Jesus e na alegria que nos espera, podemos encontrar a motivação para suportar nossos sofrimentos presentes.

Em resumo, a Bíblia oferece uma perspectiva abrangente e cheia de esperança sobre suportar o sofrimento para a glória futura. Através dos ensinamentos de Jesus, dos escritos de Paulo e Pedro, da sabedoria do Antigo Testamento e das reflexões de pensadores cristãos, somos lembrados de que o sofrimento, embora doloroso, é temporário e serve a um propósito maior. É um caminho que leva ao crescimento espiritual, a uma intimidade mais profunda com Deus e, em última análise, à glória eterna que Ele prometeu àqueles que permanecem fiéis. À medida que navegamos pelas provações desta vida, mantenhamos firme a esperança da glória futura, confiando no plano soberano de Deus e em Seu amor infalível.

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