Quem viverá na terra durante o Milênio?

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A questão de quem viverá na terra durante o Milênio é um tópico fascinante e complexo dentro da escatologia cristã, envolvendo teólogos e crentes por séculos. O Milênio, conforme descrito em Apocalipse 20:1-6, é um reinado de mil anos de Cristo na terra, um período marcado por paz, justiça e retidão. Compreender quem habitará a terra durante esse tempo requer um exame dos textos bíblicos, interpretações teológicas e uma apreciação das diversas perspectivas dentro da tradição cristã.

Para começar, a principal fonte de informação sobre o Milênio é encontrada no Livro do Apocalipse. Apocalipse 20:1-3 descreve a prisão de Satanás por mil anos, impedindo-o de enganar as nações. Os versículos 4-6 então descrevem o reinado de Cristo com Seus santos:

"Então vi tronos, e sentados neles estavam aqueles a quem foi dada a autoridade de julgar. Também vi as almas daqueles que foram decapitados por causa do testemunho de Jesus e por causa da palavra de Deus, e daqueles que não adoraram a besta nem a sua imagem e não receberam a sua marca na testa ou nas mãos. Eles voltaram à vida e reinaram com Cristo por mil anos. O restante dos mortos não voltou à vida até que os mil anos se completassem. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que participa da primeira ressurreição! Sobre esses a segunda morte não tem poder, mas eles serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele por mil anos." (Apocalipse 20:4-6, ESV)

Dessa passagem, fica claro que aqueles que viverão e reinarão com Cristo durante o Milênio incluem os santos ressuscitados—aqueles que foram martirizados por sua fé e aqueles que permaneceram fiéis a Cristo, resistindo à marca da besta. Esse grupo é frequentemente referido como a "primeira ressurreição", indicando uma ressurreição especial de crentes que participarão do reino milenar de Cristo.

No entanto, essa passagem não menciona explicitamente todos os habitantes da terra durante esse período. Para obter uma imagem mais completa, devemos considerar outros textos bíblicos e interpretações teológicas. Uma questão chave é se haverá pessoas que sobreviverão à tribulação e entrarão no Milênio em seus corpos naturais e mortais. Várias profecias do Antigo Testamento e passagens do Novo Testamento sugerem que haverá, de fato, tais indivíduos.

Isaías 65:20-25 fornece uma visão profética dos novos céus e nova terra, que muitos teólogos associam ao Reino Milenar. Essa passagem descreve um tempo de longevidade e paz sem precedentes:

"Não haverá mais nela criança que viva poucos dias, nem velho que não complete os seus dias, porque o jovem morrerá com cem anos, e o pecador de cem anos será amaldiçoado. Eles construirão casas e as habitarão; plantarão vinhas e comerão seus frutos... O lobo e o cordeiro pastarão juntos; o leão comerá palha como o boi, e o pó será o alimento da serpente. Eles não farão mal nem destruirão em todo o meu santo monte, diz o SENHOR." (Isaías 65:20-25, ESV)

Essa passagem sugere que haverá pessoas vivendo em corpos naturais durante o Milênio, experimentando longa vida e prosperidade. A menção de pecadores sendo amaldiçoados implica que haverá alguns que ainda não estão perfeitos, indicando a presença de mortais que ainda têm a capacidade de pecar.

Além disso, Zacarias 14:16-19 fala de sobreviventes das nações que lutaram contra Jerusalém que subirão para adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos. Isso indica que haverá pessoas de várias nações que sobreviverão à tribulação e entrarão no Milênio:

"Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão ano após ano para adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos." (Zacarias 14:16, ESV)

Além das profecias do Antigo Testamento, o Novo Testamento também fornece insights. Mateus 25:31-46 registra o ensino de Jesus sobre o julgamento final, frequentemente referido como o julgamento das "Ovelhas e Bodes". Nessa passagem, Jesus separa os justos (ovelhas) dos injustos (bodes) com base no tratamento dado aos "menores destes meus irmãos". Os justos são convidados a herdar o reino preparado para eles, enquanto os injustos são enviados para o castigo eterno. Esse julgamento parece ocorrer no início do Milênio, sugerindo que os justos que ainda estão vivos na volta de Cristo entrarão no Reino Milenar em seus corpos naturais.

Além disso, o Apóstolo Paulo, em 1 Coríntios 15:50-52, fala da transformação que os crentes passarão na volta de Cristo:

"Eu lhes digo isto, irmãos: carne e sangue não podem herdar o reino de Deus, nem o perecível herda o imperecível. Eis que lhes digo um mistério. Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num piscar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados." (1 Coríntios 15:50-52, ESV)

Essa passagem enfatiza a transformação dos crentes que estão vivos na volta de Cristo, sugerindo que eles receberão corpos glorificados, imperecíveis, adequados para o reino eterno. No entanto, isso não exclui a possibilidade de mortais vivendo na terra durante o Milênio, pois aqueles que sobrevivem à tribulação e entram no Milênio em seus corpos naturais continuarão a viver e se multiplicar.

As interpretações teológicas do Milênio variam, com três visões principais: pré-milenismo, pós-milenismo e amilenismo. O pré-milenismo, que sustenta que Cristo retornará antes do Milênio para estabelecer Seu reino na terra, é mais consistente com a ideia de um reinado literal de mil anos com santos ressuscitados e mortais vivendo juntos. O pós-milenismo, que prevê uma era dourada de influência cristã antes da volta de Cristo, e o amilenismo, que interpreta o Milênio simbolicamente como a era atual da igreja, oferecem perspectivas diferentes, mas não necessariamente negam a possibilidade de mortais vivendo durante um futuro reinado milenar.

Em conclusão, um exame cuidadoso dos textos bíblicos e das interpretações teológicas sugere que os habitantes da terra durante o Milênio incluirão tanto santos ressuscitados quanto mortais que sobrevivem à tribulação. Os santos ressuscitados, que participam da primeira ressurreição, reinarão com Cristo em corpos glorificados, enquanto os mortais que entram no Milênio em seus corpos naturais experimentarão paz, prosperidade e longevidade sem precedentes. Essa coexistência harmoniosa de crentes glorificados e mortais reflete o poder transformador do reinado de Cristo e o cumprimento do plano redentor de Deus para a humanidade.

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