Quais escrituras descrevem a prática da comunhão?

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A prática da comunhão, também conhecida como a Ceia do Senhor ou Eucaristia, é uma tradição profunda e sagrada dentro do Cristianismo, enraizada profundamente no Novo Testamento. As escrituras que descrevem e informam essa prática são ricas em significado teológico, fornecendo uma base para entender sua importância e papel na vida dos crentes.

As descrições mais diretas e explícitas da comunhão são encontradas nos Evangelhos Sinópticos e na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios. Essas passagens relatam a instituição da Ceia do Senhor por Jesus Cristo durante a Última Ceia com Seus discípulos.

1. O Evangelho de Mateus

No Evangelho de Mateus, o relato da Última Ceia é fornecido em Mateus 26:26-29:

"Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, e, tendo dado graças, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: 'Tomem e comam; isto é o meu corpo.' Em seguida, tomou um cálice, e, tendo dado graças, deu-o a eles, dizendo: 'Bebam dele todos vocês. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado por muitos para o perdão dos pecados. Digo-lhes que de agora em diante não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que o beberei novo com vocês no reino de meu Pai.'"

Esta passagem destaca a natureza simbólica do pão e do vinho, representando o corpo e o sangue de Jesus, respectivamente. Também enfatiza a nova aliança estabelecida através da morte sacrificial de Cristo, que traz o perdão dos pecados.

2. O Evangelho de Marcos

Da mesma forma, o Evangelho de Marcos fornece um relato paralelo em Marcos 14:22-25:

"Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, e, tendo dado graças, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: 'Tomem; isto é o meu corpo.' Em seguida, tomou um cálice, e, tendo dado graças, deu-o a eles, e todos beberam dele. 'Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado por muitos,' disse-lhes ele. 'Digo-lhes a verdade: não beberei novamente do fruto da videira até aquele dia em que o beberei novo no reino de Deus.'"

O relato de Marcos é quase idêntico ao de Mateus, reforçando o significado do pão e do vinho como símbolos do corpo e do sangue de Jesus e o estabelecimento de uma nova aliança.

3. O Evangelho de Lucas

O Evangelho de Lucas também fornece um relato da Última Ceia em Lucas 22:14-20:

"Quando chegou a hora, Jesus e seus apóstolos reclinaram-se à mesa. E ele lhes disse: 'Tenho desejado ansiosamente comer esta Páscoa com vocês antes de sofrer. Pois digo-lhes que não a comerei novamente até que ela se cumpra no reino de Deus.' Depois de tomar o cálice, deu graças e disse: 'Tomem isto e dividam entre vocês. Pois digo-lhes que não beberei novamente do fruto da videira até que venha o reino de Deus.' E tomou o pão, deu graças, partiu-o e deu-o a eles, dizendo: 'Isto é o meu corpo dado por vocês; façam isto em memória de mim.' Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: 'Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vocês.'"

O relato de Lucas inclui a importante adição do comando de Jesus para "fazer isto em memória de mim," que sublinha a natureza comemorativa da prática da comunhão. É um meio pelo qual os crentes lembram e proclamam a morte sacrificial de Jesus.

4. A Primeira Carta aos Coríntios

O Apóstolo Paulo fornece um relato detalhado da Ceia do Senhor em 1 Coríntios 11:23-26, que é particularmente significativo porque é o relato escrito mais antigo do evento, anterior aos Evangelhos:

"Pois recebi do Senhor o que também lhes passei: O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, partiu-o e disse: 'Isto é o meu corpo, que é dado por vocês; façam isto em memória de mim.' Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: 'Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim.' Pois sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês proclamam a morte do Senhor até que ele venha."

O relato de Paulo enfatiza a continuidade da tradição, pois ele a recebeu do Senhor e a passou para a igreja de Corinto. Também reitera a importância da lembrança e da proclamação na prática da comunhão.

5. O Evangelho de João

Embora o Evangelho de João não forneça um relato direto da instituição da Ceia do Senhor, inclui um discurso teológico significativo sobre o significado do corpo e do sangue de Jesus em João 6:53-58:

"Jesus lhes disse: 'Digo-lhes a verdade: se vocês não comerem a carne do Filho do Homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em vocês. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. Assim como o Pai vivo me enviou e eu vivo por causa do Pai, assim aquele que se alimenta de mim viverá por minha causa. Este é o pão que desceu do céu. Seus antepassados comeram o maná e morreram, mas quem se alimenta deste pão viverá para sempre.'"

Esta passagem, frequentemente referida como o Discurso do Pão da Vida, fornece uma compreensão teológica mais profunda do significado do corpo e do sangue de Jesus. Enfatiza a necessidade de participar do sacrifício de Jesus para a vida eterna e a união íntima entre Cristo e o crente.

Significado Teológico e Prática

A prática da comunhão não é meramente uma observância ritualística, mas está imbuída de profundo significado teológico. Serve como uma lembrança da morte sacrificial de Jesus, uma proclamação de Sua obra expiatória e um meio de graça através do qual os crentes experimentam nutrição espiritual e comunhão com Cristo.

A Didaqué, um escrito cristão primitivo, fornece mais insights sobre a prática da comunhão na igreja primitiva. Inclui orações de agradecimento pelo pão e pelo cálice, refletindo a natureza comunitária e celebrativa da Eucaristia (Didaqué 9-10).

Os pais da igreja primitiva, como Justino Mártir e Inácio de Antioquia, também escreveram extensivamente sobre a Eucaristia, enfatizando sua importância no culto cristão e seu papel em unir os crentes com Cristo e uns com os outros. Justino Mártir, em sua Primeira Apologia, descreve a Eucaristia como uma oferta de agradecimento e uma participação no corpo e no sangue de Cristo (Primeira Apologia 66).

Conclusão

As escrituras fornecem uma compreensão abrangente e multifacetada da prática da comunhão. Desde os relatos dos Evangelhos Sinópticos da Última Ceia até as instruções detalhadas de Paulo em 1 Coríntios e o discurso teológico de João, o Novo Testamento oferece um rico tecido de ensinamentos que informam e moldam a prática da comunhão. Esta tradição sagrada serve como um poderoso lembrete do amor sacrificial de Jesus, uma proclamação da nova aliança e um meio de experimentar a presença e a graça de Cristo na vida dos crentes.

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