A doutrina de "uma vez salvo, sempre salvo", também conhecida como a perseverança dos santos ou segurança eterna, é um conceito teológico que tem sido tema de discussão e, por vezes, debate dentro dos círculos cristãos, incluindo entre os batistas. A ideia postula que, uma vez que uma pessoa é verdadeiramente salva ao aceitar Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, ela está eternamente segura em sua salvação e não pode perdê-la. Esta crença está enraizada na compreensão da salvação como um ato divino de graça, em vez de uma realização humana, e é frequentemente associada ao quadro teológico mais amplo da teologia reformada.
Para entender se os batistas acreditam nesta doutrina, é importante reconhecer que os batistas não são um grupo monolítico. Há uma ampla diversidade de crenças e práticas dentro da tradição batista, que pode variar de mais calvinista a mais arminiana em teologia. No entanto, muitos batistas, particularmente aqueles alinhados com as tradições batistas do sul e outras tradições batistas conservadoras, aderem à doutrina da segurança eterna.
A base para essa crença é frequentemente encontrada em várias passagens bíblicas chave. Uma das mais frequentemente citadas é João 10:27-29, onde Jesus diz: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu a mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai." Esta passagem é interpretada como significando que a segurança do crente não depende de sua própria capacidade de manter a fé, mas sim do poder e fidelidade de Deus.
Da mesma forma, Romanos 8:38-39 oferece a segurança da segurança do crente: "Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa em toda a criação, será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor." Esta passagem destaca a ideia de que nada externo pode romper o relacionamento entre o crente e Deus, uma vez que esse relacionamento foi estabelecido através da fé em Cristo.
O apóstolo Paulo também escreve em Efésios 1:13-14 sobre o Espírito Santo como um selo e garantia de nossa herança: "Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho da salvação de vocês, foram selados com o Espírito Santo prometido, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória." Este selo pelo Espírito Santo é visto como uma promessa divina da segurança eterna do crente.
Embora essas e outras passagens forneçam uma forte base bíblica para a crença na segurança eterna, é importante reconhecer que nem todos os batistas ou cristãos concordam com essa interpretação. Alguns batistas, particularmente aqueles que se inclinam para uma perspectiva teológica arminiana, acreditam que é possível que uma pessoa se afaste de sua fé e perca sua salvação. Eles podem apontar para passagens como Hebreus 6:4-6, que fala daqueles que uma vez foram iluminados e depois caem, como evidência de que a salvação requer fé contínua e perseverança.
Na história batista, o debate sobre a segurança eterna tem sido frequentemente conectado ao debate teológico mais amplo entre o calvinismo e o arminianismo. Os calvinistas, que enfatizam a soberania de Deus e a doutrina da predestinação, são mais propensos a afirmar a doutrina da segurança eterna, vendo-a como um desdobramento natural da crença de que a salvação é inteiramente uma obra da graça de Deus. Os arminianos, por outro lado, enfatizam o livre arbítrio humano e a necessidade de manter a fé, e assim podem rejeitar a noção de segurança eterna em favor de uma segurança condicional que depende da fidelidade contínua do crente.
Apesar dessas diferenças, muitos batistas encontram um terreno comum na certeza da salvação. A certeza, neste contexto, refere-se à confiança que os crentes podem ter em sua salvação com base nas promessas de Deus e no testemunho interior do Espírito Santo. Mesmo entre aqueles que não abraçam totalmente a doutrina de "uma vez salvo, sempre salvo", há frequentemente uma forte ênfase na certeza que vem de um relacionamento genuíno com Cristo.
Além do apoio bíblico, a doutrina da segurança eterna também é refletida nas confissões de fé batistas. Por exemplo, a Fé e Mensagem Batista, que é uma declaração de fé adotada pela Convenção Batista do Sul, afirma a perseverança dos santos ao declarar: "Todos os verdadeiros crentes perseveram até o fim. Aqueles que Deus aceitou em Cristo, e santificou pelo Seu Espírito, nunca cairão do estado de graça, mas perseverarão até o fim."
Em conclusão, embora haja diversidade dentro da tradição batista em relação à doutrina da segurança eterna, muitos batistas de fato acreditam em "uma vez salvo, sempre salvo". Esta crença está fundamentada em uma compreensão teológica da salvação como uma obra da graça de Deus, apoiada por passagens das escrituras que enfatizam a segurança e a certeza do crente. No entanto, também é importante reconhecer as nuances e diferenças dentro da comunidade batista mais ampla, bem como as conversas teológicas em andamento que continuam a moldar esta importante doutrina.