A Páscoa é uma das celebrações mais significativas no Cristianismo, comemorando a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Este evento é fundamental para a fé cristã, simbolizando a vitória de Jesus sobre o pecado e a morte, e oferecendo a promessa de vida eterna aos crentes. No entanto, a questão de saber se a Páscoa é um feriado cristão ou pagão surge devido ao seu desenvolvimento histórico e cultural, que inclui várias influências ao longo dos séculos.
Para entender as origens e o significado da Páscoa, devemos primeiro explorar sua base bíblica. A ressurreição de Jesus é descrita em todos os quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Em Mateus 28:5-6, o anjo diz às mulheres no túmulo: "Não tenham medo, pois sei que vocês estão procurando Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ele ressuscitou, como disse." Este evento é a pedra angular da fé cristã, como o apóstolo Paulo enfatiza em 1 Coríntios 15:14: "E se Cristo não ressuscitou, nossa pregação é inútil e também é a sua fé."
A celebração da Páscoa como um festival cristão distinto começou na Igreja primitiva. O momento da Páscoa estava ligado à Páscoa judaica, pois a Última Ceia, que foi a última refeição de Jesus com seus discípulos, foi uma refeição pascal. Os primeiros cristãos, muitos dos quais eram judeus, naturalmente associaram a ressurreição de Jesus a este importante festival judaico. Nos primeiros séculos, houve alguma discordância sobre a data exata da Páscoa, levando ao Concílio de Niceia em 325 d.C., que estabeleceu a fórmula para calcular a Páscoa como o primeiro domingo após a primeira lua cheia após o equinócio vernal.
No entanto, a associação da Páscoa com certos elementos e símbolos pagãos é inegável. O próprio nome "Páscoa" acredita-se ser derivado de Eostre, uma deusa pré-cristã na Inglaterra, celebrada no início da primavera. Esta conexão é notada pelo Venerável Beda, um monge inglês do século VIII, que escreveu sobre o mês de Eosturmonath, que foi nomeado após a deusa e corresponde aproximadamente a abril. Esta etimologia sugere que, à medida que o Cristianismo se espalhou, ele absorveu e reaproveitou certos elementos das tradições e festivais locais para transmitir a mensagem cristã.
A incorporação de símbolos como ovos e coelhos nas celebrações da Páscoa também aponta para influências pré-cristãs. Os ovos, por exemplo, há muito são um símbolo de nova vida e renascimento, usados nos festivais de primavera de várias culturas. No Cristianismo, o ovo foi adotado como um símbolo da ressurreição, representando o túmulo vazio do qual Jesus ressuscitou. Da mesma forma, o coelho, conhecido por sua reprodução prolífica, tornou-se associado à Páscoa como um símbolo de fertilidade e nova vida, embora sua conexão com a ressurreição seja mais tênue.
Apesar dessas associações pagãs, o núcleo da Páscoa permanece distintamente cristão. É uma celebração da ressurreição de Jesus, um evento que é central para a teologia e adoração cristãs. A decisão da Igreja primitiva de celebrar a Páscoa na época do equinócio vernal, quando muitos festivais de primavera pagãos ocorriam, pode ser vista como um movimento estratégico para fornecer uma alternativa cristã às celebrações existentes, facilitando assim a propagação do Cristianismo.
Ao longo da história, a Igreja frequentemente se envolveu na prática de "cristianizar" costumes e festivais pagãos, transformando-os em oportunidades para ensinar e celebrar verdades cristãs. Esta prática não é exclusiva da Páscoa; pode ser vista em outros feriados cristãos, como o Natal. A intenção não era sincretizar o paganismo com o Cristianismo, mas redimir e redirecionar práticas culturais para a adoração do único Deus verdadeiro.
Nos tempos contemporâneos, os aspectos comerciais e seculares da Páscoa, como o Coelhinho da Páscoa e as caças aos ovos, têm ainda mais obscurecido as águas, às vezes ofuscando o significado religioso do feriado. Para os cristãos, no entanto, o foco permanece na ressurreição de Jesus e suas implicações para a fé e a vida. A Páscoa é um tempo de regozijo na esperança e renovação que a ressurreição traz, um tema que ressoa profundamente com a mensagem do Evangelho.
Teologicamente, a Páscoa é a culminação da temporada da Quaresma, um período de reflexão, arrependimento e preparação para a celebração da ressurreição. As práticas litúrgicas associadas à Páscoa, como a Vigília Pascal e os serviços ao nascer do sol, enfatizam a transição da escuridão para a luz, da morte para a vida, espelhando a narrativa da ressurreição.
Em resumo, embora a Páscoa tenha absorvido certos elementos e símbolos pagãos ao longo da história, sua essência está firmemente enraizada na tradição cristã. É uma celebração da ressurreição de Jesus Cristo, um evento crucial que define a crença e a esperança cristãs. A presença de influências pré-cristãs não diminui o significado da Páscoa como um feriado cristão; ao contrário, reflete o processo histórico de adaptação cultural e evangelização. Para os cristãos, a Páscoa é um lembrete profundo do poder redentor de Deus e da promessa de nova vida através de Jesus Cristo.