Como Paulo aborda a relação entre judeus e gentios na igreja em Romanos?

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Na Epístola aos Romanos, o Apóstolo Paulo se dirige a um público diversificado no coração do Império Romano, composto tanto por judeus quanto por gentios. A questão da relação entre esses dois grupos dentro da igreja forma um tema central da carta, refletindo as tensões sócio-religiosas mais amplas da época. A abordagem de Paulo para essa questão é tanto teológica quanto pastoral, visando promover a unidade e o entendimento entre os crentes de diferentes origens.

Fundamentos Teológicos

Paulo começa estabelecendo uma base teológica comum para judeus e gentios. Em Romanos 1:16, ele afirma famosamente: "Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do gentio." Esta declaração destaca a universalidade do evangelho e prepara o terreno para seus argumentos subsequentes.

A Universalidade do Pecado e da Salvação

Uma das principais estratégias de Paulo ao abordar a relação entre judeus e gentios é enfatizar a universalidade tanto do pecado quanto da salvação. Em Romanos 3:23, ele afirma: "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus." Esta declaração nivela o campo moral e espiritual, mostrando que tanto judeus quanto gentios estão igualmente necessitados da graça de Deus.

Seguindo isso, Paulo desenvolve o conceito de justificação pela fé, que ele apresenta como uma solução que transcende as fronteiras étnicas e culturais. Em Romanos 3:29-30, ele pergunta retoricamente: "É Deus apenas o Deus dos judeus? Não é também o Deus dos gentios? Sim, dos gentios também, visto que há um só Deus, que justificará os circuncidados pela fé e os incircuncidados por meio da mesma fé." Aqui, Paulo está fazendo uma afirmação radical sobre a inclusividade da fé cristã, afirmando que a mesma fé que justifica os judeus (os circuncidados) também justifica os gentios (os incircuncidados).

O Papel da Lei

Uma parte significativa do discurso de Paulo em Romanos trata do papel da Lei (Torá) na vida de um cristão. Ele aborda uma potencial fonte de divisão na igreja romana: a visão mantida por alguns cristãos judeus de que a observância da Lei era necessária para a salvação. Paulo argumenta que a Lei nunca foi destinada a ser um meio de salvação, mas sim uma maneira de revelar o pecado e apontar para a necessidade de um salvador (Romanos 3:20).

Em Romanos 7, Paulo descreve a Lei como santa e boa, mas argumenta que ela é impotente para salvar devido à fraqueza da carne humana. Isso o leva à conclusão de que a salvação só pode ser alcançada através de Jesus Cristo e não através da Lei. Este argumento é destinado a preencher a lacuna entre os cristãos judeus, que podem ter a Lei em alta estima, e os cristãos gentios, que nunca estiveram sob a Lei.

A Analogia da Oliveira

Em Romanos 11, Paulo usa a analogia de uma oliveira para explicar a relação entre judeus e gentios no plano de salvação de Deus. Ele descreve o povo de Israel como os ramos naturais de uma oliveira e os gentios como ramos selvagens enxertados entre eles (Romanos 11:17-24). Esta analogia ilustra que ambos os grupos compartilham a mesma raiz de fé e são igualmente parte do plano de Deus. Também serve como um aviso contra a arrogância por parte dos gentios; eles não devem se vangloriar contra os ramos, mas sim reconhecer sua dependência da raiz.

Exortações Práticas

As discussões teológicas de Paulo não são meramente acadêmicas; elas têm implicações práticas sobre como judeus e gentios devem se relacionar na igreja. Em Romanos 14 e 15, Paulo exorta os crentes a aceitarem uns aos outros e a não julgarem uns aos outros sobre questões discutíveis, como leis dietéticas e dias sagrados. Ele escreve: "Aceitem o que é fraco na fé, sem discutir assuntos controvertidos" (Romanos 14:1). Esta exortação promove a paz e a unidade, enfatizando que o reino de Deus "não é uma questão de comer e beber, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Romanos 14:17).

Conclusão

Ao longo de Romanos, Paulo aborda a relação entre judeus e gentios com uma profunda compreensão teológica e um coração pastoral. Sua carta aos Romanos não é apenas um tratado teológico, mas também um chamado à unidade e ao amor entre todos os crentes, independentemente de suas origens étnicas ou culturais. Ao fundamentar seus argumentos na universalidade do pecado e da salvação e enfatizar a natureza inclusiva do evangelho, Paulo estabelece uma base para uma comunidade que transcende divisões étnicas e é unida na fé em Cristo. Seus ensinamentos em Romanos permanecem profundamente relevantes para a igreja hoje, enquanto continua a lidar com questões de diversidade e unidade.

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