O que Paulo quer dizer quando diz que faz o que não quer fazer em Romanos 7?

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Em Romanos 7, o Apóstolo Paulo apresenta uma das passagens mais profundas e introspectivas do Novo Testamento. Ele mergulha na condição humana, na luta entre a carne e o espírito, e na natureza do pecado. Quando Paulo diz: "Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero fazer—isso continuo fazendo" (Romanos 7:19, NVI), ele está articulando uma experiência humana universal: o conflito interno entre nossos desejos de fazer o bem e a realidade de nossas ações pecaminosas.

A discussão de Paulo em Romanos 7:14-25 faz parte de um argumento maior que se estende por vários capítulos. Em Romanos 6, Paulo fala sobre estar morto para o pecado, mas vivo em Cristo. Ele enfatiza que os crentes não são mais escravos do pecado porque foram unidos a Cristo em Sua morte e ressurreição. No entanto, em Romanos 7, Paulo muda para uma reflexão mais pessoal, ilustrando a luta contínua com o pecado mesmo depois de ter sido justificado pela fé.

Paulo começa reconhecendo a bondade da lei: "Assim, a lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom" (Romanos 7:12, NVI). A lei revela os padrões de Deus e expõe o pecado, mas não fornece o poder para superar o pecado. Em vez disso, muitas vezes destaca nossa incapacidade de viver de acordo com os padrões de Deus, levando-nos a Cristo para a salvação.

Em Romanos 7:14, Paulo afirma: "Sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido como escravo ao pecado" (NVI). Aqui, Paulo usa o termo "carnal" (ou "da carne" em algumas traduções) para descrever a condição humana. Apesar de serem redimidos, os crentes ainda vivem em um mundo caído e possuem uma natureza pecaminosa que luta contra seu desejo de obedecer a Deus.

O tumulto interno de Paulo é vividamente descrito em Romanos 7:15-17: "Não entendo o que faço. Pois o que quero fazer não faço, mas o que odeio, isso faço. E se faço o que não quero fazer, concordo que a lei é boa. Como está, não sou mais eu mesmo quem o faz, mas é o pecado que vive em mim" (NVI). Esta passagem captura a essência da luta. Paulo quer fazer o bem, mas se vê fazendo o oposto. Ele reconhece que a lei é boa porque está alinhada com a vontade de Deus, mas também reconhece que o pecado, que habita nele, é o culpado por suas ações.

O conceito de "pecado que vive em mim" é crucial para entender o argumento de Paulo. Ele não está se absolvendo de responsabilidade, mas sim destacando a influência pervasiva do pecado. Este pecado interior é um remanescente da velha natureza que os crentes continuam a combater. Paulo elabora mais sobre isso em Romanos 7:18: "Pois sei que o bem em si não habita em mim, isto é, na minha natureza pecaminosa. Pois tenho o desejo de fazer o bem, mas não consigo realizá-lo" (NVI). Este versículo destaca a impotência do esforço humano sem intervenção divina. Apesar de saber o que é certo e desejar fazê-lo, Paulo confessa sua incapacidade de alcançá-lo por conta própria.

O clímax do lamento de Paulo é encontrado em Romanos 7:24: "Que homem miserável eu sou! Quem me livrará deste corpo que está sujeito à morte?" (NVI). Este grito de desespero reflete a profundidade da luta de Paulo e seu reconhecimento de sua necessidade de libertação. No entanto, Paulo não nos deixa em desespero. Ele imediatamente responde à sua própria pergunta em Romanos 7:25: "Graças a Deus, que me livra por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor!" (NVI). A libertação deste conflito interno vem através de Jesus Cristo, que capacita os crentes a viver de acordo com o Espírito.

A luta de Paulo em Romanos 7 não é uma experiência isolada, mas uma realidade comum para todos os cristãos. Mesmo depois de aceitar Cristo, os crentes continuam a lutar contra o pecado. Esta luta é um sinal de vida espiritual e crescimento, pois indica um desejo de viver de acordo com a vontade de Deus. A presença deste conflito não deve levar ao desespero, mas a uma dependência mais profunda de Cristo e do Espírito Santo.

Em Romanos 8, Paulo fornece a solução para a luta descrita em Romanos 7. Ele começa com uma declaração triunfante: "Portanto, agora não há condenação para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1, NVI). Esta garantia de nenhuma condenação é a base para viver uma vida cristã vitoriosa. Paulo explica que a lei do Espírito de vida em Cristo Jesus nos libertou da lei do pecado e da morte (Romanos 8:2). O Espírito Santo que habita nos crentes capacita-os a superar a carne e viver de acordo com a vontade de Deus.

Paulo contrasta viver de acordo com a carne com viver de acordo com o Espírito em Romanos 8:5-6: "Os que vivem de acordo com a carne têm suas mentes voltadas para o que a carne deseja; mas os que vivem de acordo com o Espírito têm suas mentes voltadas para o que o Espírito deseja. A mente governada pela carne é morte, mas a mente governada pelo Espírito é vida e paz" (NVI). A chave para superar a luta descrita em Romanos 7 é fixar nossas mentes nas coisas do Espírito e confiar no poder do Espírito Santo para viver uma vida piedosa.

A luta que Paulo descreve em Romanos 7 serve como um lembrete da batalha contínua entre a carne e o Espírito. Ela destaca a necessidade de dependência contínua de Cristo e do Espírito Santo. Embora os crentes experimentem este conflito ao longo de suas vidas, podem se confortar sabendo que a vitória é garantida através de Jesus Cristo. Como Paulo conclui em Romanos 8:37: "Não, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (NVI).

Em resumo, quando Paulo diz que faz o que não quer fazer em Romanos 7, ele está expressando o conflito interno experimentado por todos os crentes. Esta luta é resultado da presença contínua do pecado em nossas vidas, mesmo depois de termos sido justificados pela fé. A lei revela nossa incapacidade de alcançar a justiça por conta própria, levando-nos a Cristo para a libertação. Através do poder do Espírito Santo, os crentes podem superar a carne e viver de acordo com a vontade de Deus. Esta passagem serve como um poderoso lembrete de nossa necessidade de dependência contínua de Cristo e do trabalho transformador do Espírito Santo em nossas vidas.

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