A mensagem principal dos capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios gira em torno dos temas da generosidade, administração e a graça de dar. Esses capítulos fazem parte de uma seção maior na qual o Apóstolo Paulo se dirige à igreja de Corinto sobre a coleta para os santos em Jerusalém. O apelo de Paulo é profundo, não apenas por causa das implicações práticas para a comunidade cristã primitiva, mas também devido à profundidade teológica que sustenta sua exortação.
Paulo começa em 2 Coríntios 8 destacando o exemplo das igrejas da Macedônia. Apesar de suas próprias provações severas e extrema pobreza, eles exibiram uma alegria transbordante que resultou em grande generosidade. Paulo escreve:
"No meio de uma prova muito severa, a sua alegria transbordante e a sua extrema pobreza transbordaram em grande generosidade. Pois eu testemunho que eles deram tanto quanto podiam, e até além de sua capacidade. Totalmente por conta própria, eles nos suplicaram urgentemente pelo privilégio de participar deste serviço ao povo do Senhor." (2 Coríntios 8:2-4, NVI)
Esta passagem define o tom da mensagem de Paulo. Os macedônios deram não de seu excedente, mas de sua pobreza, e o fizeram com alegria. Este exemplo é destinado a inspirar os coríntios a atos semelhantes de generosidade. O princípio subjacente aqui é que a verdadeira generosidade não é medida pela quantidade dada, mas pelo coração e disposição por trás da doação.
Paulo então conecta este ato de dar à graça de Deus. Ele enfatiza que dar é um ato de graça, possibilitado pela própria generosidade de Deus para conosco. Ele aponta para o exemplo supremo de Jesus Cristo:
"Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vocês se fez pobre, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos." (2 Coríntios 8:9, NVI)
Aqui, Paulo não está apenas fazendo um apelo moral, mas um apelo teológico. A encarnação e o sacrifício de Jesus são os atos supremos de generosidade divina. Jesus, que possuía todas as riquezas do céu, escolheu se tornar pobre e sofrer para que a humanidade pudesse ganhar riquezas espirituais. Este amor sacrificial é o modelo para a doação cristã.
Paulo também aborda preocupações práticas sobre a coleta. Ele enfatiza a importância da disposição e prontidão, instando os coríntios a completarem o que haviam começado:
"Agora, completem a obra, para que a disposição de fazê-lo seja igualada pela sua conclusão, de acordo com os seus meios." (2 Coríntios 8:11, NVI)
Paulo toma cuidado para garantir que os coríntios entendam que sua doação deve ser proporcional aos seus meios. Ele não está defendendo uma doação imprudente que leve a dificuldades pessoais, mas uma abordagem equilibrada onde todos dão de acordo com o que têm. O princípio da equidade também é introduzido:
"Nosso desejo não é que outros sejam aliviados enquanto vocês estão pressionados, mas que haja igualdade. No momento, a abundância de vocês suprirá o que eles precisam, para que, por sua vez, a abundância deles supra o que vocês precisam. O objetivo é a igualdade." (2 Coríntios 8:13-14, NVI)
Paulo imagina uma comunidade onde os recursos são compartilhados para que ninguém esteja em necessidade. Este princípio de apoio mútuo reflete a prática cristã primitiva descrita em Atos 2:44-45, onde os crentes tinham tudo em comum e davam a quem tinha necessidade.
Em 2 Coríntios 9, Paulo continua sua exortação discutindo a maneira e a atitude de dar. Ele destaca a importância de um coração disposto:
"Cada um de vocês deve dar o que decidiu em seu coração dar, não com relutância ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria." (2 Coríntios 9:7, NVI)
Este versículo é frequentemente citado em discussões sobre administração cristã. Ele destaca que a doação não deve ser feita de má vontade ou por senso de obrigação, mas com alegria e disposição. A frase "Deus ama quem dá com alegria" sugere que a atitude com que se dá é tão importante quanto o presente em si.
Paulo também tranquiliza os coríntios de que Deus proverá para aqueles que dão generosamente:
"E Deus é capaz de abençoá-los abundantemente, para que em todas as coisas em todos os momentos, tendo tudo o que vocês precisam, vocês abundem em toda boa obra." (2 Coríntios 9:8, NVI)
Esta promessa não é uma garantia de riqueza material, mas uma garantia da provisão de Deus. O propósito desta provisão é para que os crentes possam continuar a fazer boas obras. Paulo reforça isso citando o Salmo 112:9:
"Eles distribuíram livremente seus presentes aos pobres; sua justiça dura para sempre." (2 Coríntios 9:9, NVI)
Ele enfatiza que a generosidade leva a uma justiça que tem valor duradouro. O ato de dar não é apenas um ato temporal, mas tem um significado eterno.
Paulo conclui esta seção apontando os efeitos em cadeia da generosidade. A doação dos coríntios não apenas atenderá às necessidades dos santos, mas também resultará em muitas expressões de agradecimento a Deus:
"Este serviço que vocês realizam não está apenas suprindo as necessidades do povo do Senhor, mas também transbordando em muitas expressões de agradecimento a Deus." (2 Coríntios 9:12, NVI)
A generosidade leva ao agradecimento e louvor, criando um ciclo de bênçãos. Aqueles que recebem os presentes louvarão a Deus, e os doadores serão enriquecidos de todas as maneiras para que possam continuar a ser generosos:
"Vocês serão enriquecidos de todas as maneiras para que possam ser generosos em todas as ocasiões, e por meio de nós a generosidade de vocês resultará em agradecimento a Deus." (2 Coríntios 9:11, NVI)
Finalmente, Paulo vincula o ato de dar à graça de Deus, que é a fonte e inspiração para toda a generosidade cristã:
"Graças a Deus por seu dom indescritível!" (2 Coríntios 9:15, NVI)
Esta exclamação final lembra aos coríntios que sua capacidade de dar e as bênçãos que resultam disso estão enraizadas no dom indescritível de Deus—Jesus Cristo.
Em resumo, a mensagem principal de 2 Coríntios 8 e 9 é um chamado à doação generosa, alegre e voluntária, modelada pelo amor sacrificial de Cristo. Paulo enfatiza que dar é um ato de graça, enraizado na compreensão da generosidade de Deus para conosco. Ele encoraja os coríntios a dar de acordo com seus meios, com um coração disposto, e os tranquiliza sobre a provisão de Deus. O objetivo final é atender às necessidades dos santos, criar um senso de igualdade e resultar em agradecimento e louvor a Deus.