Quem escreveu 2 Coríntios e a quem foi endereçado?

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A Segunda Epístola aos Coríntios, comumente referida como 2 Coríntios, é uma das epístolas paulinas encontradas no Novo Testamento. Esta carta, como muitas outras no Novo Testamento, é atribuída ao Apóstolo Paulo. Paulo, originalmente chamado Saulo de Tarso, era um fervoroso perseguidor de cristãos antes de sua dramática conversão ao cristianismo na estrada para Damasco (Atos 9:1-19). Após sua conversão, Paulo se tornou um dos apóstolos mais influentes, dedicando sua vida a espalhar o Evangelho e estabelecer comunidades cristãs em todo o Império Romano.

A autoria de 2 Coríntios é amplamente aceita como paulina, tanto pela tradição da igreja primitiva quanto pela erudição contemporânea. Esta atribuição é apoiada por evidências internas dentro da própria carta. A epístola começa com uma clara identificação de seu autor: "Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e Timóteo nosso irmão" (2 Coríntios 1:1, ESV). Esta saudação inicial não só nomeia Paulo como o autor principal, mas também menciona Timóteo, que era um companheiro próximo e colaborador de Paulo. A inclusão de Timóteo significa seu envolvimento e apoio no ministério, embora a voz e a autoridade primárias na carta sejam de Paulo.

2 Coríntios foi endereçada "à igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia" (2 Coríntios 1:1, ESV). Esta saudação indica que, embora os destinatários principais fossem os cristãos em Corinto, a carta também foi destinada aos crentes em toda a região da Acaia, que era uma província romana no sul da Grécia. A cidade de Corinto era um importante centro urbano conhecido por sua prosperidade comercial, diversidade cultural e desafios morais. Era um local estratégico para os esforços missionários de Paulo devido à sua influência e conectividade dentro do Império Romano.

O contexto em que 2 Coríntios foi escrita é crucial para entender seu conteúdo e propósito. Paulo havia fundado a igreja em Corinto durante sua segunda viagem missionária, conforme registrado em Atos 18:1-11. Após deixar Corinto, Paulo manteve correspondência com os crentes lá, abordando várias questões e desafios que enfrentavam. O relacionamento entre Paulo e a igreja de Corinto era complexo e às vezes tenso. Havia divisões dentro da igreja, lapsos morais e desafios à autoridade apostólica de Paulo.

A redação de 2 Coríntios provavelmente ocorreu por volta de 55-57 d.C., durante a terceira viagem missionária de Paulo, possivelmente da Macedônia. Esta carta seguiu uma visita dolorosa e uma carta severa (agora perdida) que Paulo havia enviado para abordar questões sérias dentro da igreja de Corinto (2 Coríntios 2:1-4). O tom de 2 Coríntios é profundamente pessoal e emocional, refletindo a preocupação pastoral de Paulo e sua defesa de seu ministério apostólico.

Um dos principais propósitos de 2 Coríntios era abordar a reconciliação entre Paulo e os crentes coríntios. Paulo expressa sua alegria pela arrependimento deles e renovado compromisso com seu ensino (2 Coríntios 7:6-16). Ele também defende sua autoridade apostólica contra detratores que questionavam sua legitimidade e buscavam minar sua influência. Esses oponentes, frequentemente referidos como "super-apóstolos" (2 Coríntios 11:5), vangloriavam-se de suas credenciais e buscavam desviar os coríntios com um evangelho diferente.

Ao defender seu ministério, Paulo destaca a natureza da verdadeira liderança cristã e o paradoxo da força na fraqueza. Ele escreve: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós" (2 Coríntios 4:7, ESV). A transparência de Paulo sobre seu próprio sofrimento e fraquezas serve para enfatizar que o poder e a glória pertencem a Deus, não aos vasos humanos. Este tema culmina em sua famosa declaração: "Mas ele me disse: 'Minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.' Portanto, de boa vontade me gloriarei mais nas minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse sobre mim" (2 Coríntios 12:9, ESV).

Outro aspecto significativo de 2 Coríntios é o ensino de Paulo sobre generosidade e doação. Os capítulos 8 e 9 são dedicados a encorajar os crentes coríntios a contribuir para a coleta para os santos em Jerusalém, que estavam passando por grandes dificuldades. Paulo enfatiza os princípios de doação alegre e sacrificial, enraizados no exemplo de Cristo: "Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza vos tornásseis ricos" (2 Coríntios 8:9, ESV).

Além desses temas, 2 Coríntios contém profundas reflexões sobre a natureza da Nova Aliança, o ministério da reconciliação e a esperança da glória eterna. Paulo contrasta a antiga aliança da lei com a nova aliança do Espírito, destacando o poder transformador e vivificante do Evangelho. Ele escreve: "E todos nós, com o rosto descoberto, contemplando a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Coríntios 3:18, NVI).

A carta também aborda a realidade da guerra espiritual e a necessidade de discernimento e vigilância. Paulo adverte os coríntios sobre falsos apóstolos e as táticas enganosas de Satanás, exortando-os a permanecer firmes na verdade do Evangelho. Ele escreve: "Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz" (2 Coríntios 11:13-14, ESV).

2 Coríntios é uma carta rica e multifacetada que fornece profundas percepções sobre o coração e o ministério de Paulo. Revela seu cuidado pastoral, profundidade teológica e compromisso inabalável com a verdade do Evangelho. Através desta epístola, Paulo não só aborda os desafios específicos enfrentados pela igreja de Corinto, mas também oferece princípios e encorajamento atemporais para todos os crentes.

Em conclusão, 2 Coríntios foi escrita pelo Apóstolo Paulo e endereçada à igreja de Deus em Corinto e aos santos em toda a Acaia. Serve como um poderoso testemunho da autoridade apostólica de Paulo, sua preocupação pastoral e seus insights teológicos. A carta encoraja os crentes a abraçar o paradoxo da força na fraqueza, a praticar a doação generosa e a permanecer firmes na verdade do Evangelho em meio a desafios e oposição. Como tal, continua a ser uma fonte de inspiração e orientação para os cristãos ao longo dos séculos.

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