Em 1 Coríntios 5-7, o Apóstolo Paulo aborda várias questões críticas que estavam perturbando a igreja em Corinto. Esses capítulos são ricos em ensinamentos sobre disciplina eclesiástica, moralidade sexual e casamento. A orientação de Paulo não é apenas relevante para o contexto imediato da igreja de Corinto, mas também oferece princípios atemporais para a comunidade cristã de hoje.
Paulo começa no Capítulo 5 abordando uma questão grave de imoralidade sexual dentro da igreja. Ele menciona explicitamente um caso em que um homem está vivendo com a esposa de seu pai, uma ação condenada até pelos padrões da sociedade pagã circundante (1 Coríntios 5:1). Paulo está espantado não apenas pelo pecado em si, mas também pela complacência e arrogância da igreja em lidar com isso. Ele admoesta os coríntios por sua falta de luto por esse pecado e por não tomarem medidas corretivas (1 Coríntios 5:2).
Paulo instrui a igreja a "entregar esse homem a Satanás para a destruição da carne, para que seu espírito seja salvo no dia do Senhor" (1 Coríntios 5:5). Esta frase indica uma forma de excomunhão, onde o indivíduo é removido da esfera protetora da comunidade eclesiástica. O objetivo dessa ação severa é redentivo, e não punitivo, visando o arrependimento e a salvação final do pecador.
Além disso, Paulo enfatiza a importância da pureza dentro do corpo da igreja. Ele usa a analogia do fermento, explicando que, assim como uma pequena quantidade de fermento leveda toda a massa, o pecado não controlado pode corromper toda a comunidade (1 Coríntios 5:6-7). Ele exorta os coríntios a celebrarem a vida cristã não com o "fermento velho" de malícia e maldade, mas com o "pão ázimo" de sinceridade e verdade (1 Coríntios 5:8).
No Capítulo 6, Paulo aborda duas questões principais: processos judiciais entre crentes e mais ensinamentos sobre imoralidade sexual.
Paulo está consternado que membros da igreja de Corinto estejam levando suas disputas aos tribunais seculares em vez de resolvê-las dentro da comunidade cristã. Ele questiona por que eles submeteriam suas queixas a aqueles que não fazem parte da igreja e que não compartilham de seus valores (1 Coríntios 6:1-6). Paulo argumenta que os santos julgarão o mundo e até mesmo os anjos, então eles deveriam ser capazes de julgar questões triviais entre si (1 Coríntios 6:2-3).
Ele sugere que seria melhor sofrer o dano ou ser fraudado do que prejudicar o testemunho da igreja ao expor queixas diante de descrentes (1 Coríntios 6:7). Este ensinamento destaca a importância da unidade e reconciliação dentro do corpo de Cristo.
Paulo então retorna ao tema da imoralidade sexual, alertando que aqueles que se envolvem em tais comportamentos não herdarão o reino de Deus (1 Coríntios 6:9-10). Ele lista vários pecados, incluindo imoralidade sexual, idolatria, adultério e homossexualidade, entre outros. No entanto, ele também oferece uma mensagem de esperança, lembrando aos coríntios que alguns deles estavam anteriormente envolvidos nesses pecados, mas foram lavados, santificados e justificados em nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de Deus (1 Coríntios 6:11).
Paulo enfatiza a santidade do corpo, explicando que ele é um templo do Espírito Santo e não deve ser unido a uma prostituta (1 Coríntios 6:15-19). Ele destaca a profunda união espiritual entre Cristo e o crente, exortando-os a glorificar a Deus com seus corpos (1 Coríntios 6:20).
O Capítulo 7 trata extensivamente de questões relacionadas ao casamento, solteirice e relações sexuais. Paulo fornece conselhos práticos a diferentes grupos dentro da igreja, incluindo casais casados, solteiros e viúvas.
Paulo começa abordando uma pergunta dos coríntios sobre se é bom para um homem não se casar. Ele reconhece que o celibato é um estado bom e honroso, mas também reconhece que nem todos têm o dom do celibato (1 Coríntios 7:1-7). Portanto, para evitar a imoralidade sexual, ele aconselha que cada homem tenha sua própria esposa e cada mulher seu próprio marido (1 Coríntios 7:2).
Ele enfatiza as responsabilidades mútuas de maridos e esposas de satisfazerem as necessidades sexuais um do outro, destacando a importância das relações sexuais dentro do casamento como uma salvaguarda contra a tentação (1 Coríntios 7:3-5). Paulo também concede uma concessão temporária para os casais se absterem de relações sexuais para o propósito de oração, mas aconselha que eles se reúnam novamente para evitar a tentação devido à falta de autocontrole.
Paulo fornece conselhos específicos aos solteiros e viúvas, sugerindo que é bom para eles permanecerem solteiros como ele é (1 Coríntios 7:8). No entanto, ele reconhece que, se não puderem exercer autocontrole, é melhor se casar do que arder de paixão (1 Coríntios 7:9).
Para casais casados, Paulo reitera o ensinamento de Jesus de que a esposa não deve se separar do marido e o marido não deve se divorciar da esposa (1 Coríntios 7:10-11). Ele faz uma distinção para casamentos onde um cônjuge é crente e o outro não. Se o cônjuge descrente estiver disposto a viver com o cônjuge crente, eles não devem se divorciar, pois o cônjuge descrente é santificado pelo cônjuge crente (1 Coríntios 7:12-14). No entanto, se o cônjuge descrente escolher partir, o crente não está preso nessas circunstâncias (1 Coríntios 7:15).
Paulo introduz o princípio de permanecer na situação em que se foi chamado. Ele aconselha os crentes a permanecerem em seu estado civil atual, seja casado ou solteiro, e a servir a Deus fielmente nesse estado (1 Coríntios 7:17-24). Este princípio se estende a outros aspectos da vida, como circuncisão e escravidão, onde Paulo encoraja o contentamento e o serviço fiel a Deus, independentemente das circunstâncias.
Paulo também aborda o conceito de "crise presente", que provavelmente se refere a um período de angústia ou perseguição enfrentado pela igreja primitiva (1 Coríntios 7:25-31). À luz dessa crise, ele aconselha os solteiros a considerarem permanecer solteiros para evitar os problemas adicionais que vêm com o casamento. No entanto, ele deixa claro que casar não é pecado e que seu conselho é dado com a intenção de promover a devoção indivisa ao Senhor (1 Coríntios 7:32-35).
Paulo oferece conselhos práticos para aqueles que estão noivos, afirmando que, se um homem sentir que está agindo de maneira imprópria em relação à sua noiva e ela já passou da idade de casar, eles devem se casar (1 Coríntios 7:36). No entanto, se um homem resolveu a questão em seu coração e não está sob compulsão, ele faz bem em permanecer solteiro (1 Coríntios 7:37). Ele conclui que tanto casar quanto permanecer solteiro são bons, mas permanecer solteiro é preferível no contexto da crise presente (1 Coríntios 7:38).
Finalmente, Paulo aborda as viúvas, afirmando que elas são livres para se casar novamente, mas apenas com alguém que pertença ao Senhor (1 Coríntios 7:39). Ele expressa sua opinião pessoal de que uma viúva seria mais feliz se permanecesse como está, mas reconhece que isso não é um mandamento do Senhor (1 Coríntios 7:40).
Em 1 Coríntios 5-7, Paulo fornece orientação abrangente sobre uma variedade de questões enfrentadas pela igreja de Corinto, incluindo disciplina eclesiástica, moralidade sexual e casamento. Seus ensinamentos enfatizam a importância da pureza, unidade e fidelidade dentro da comunidade cristã. O conselho de Paulo está enraizado nos princípios de amor, santidade e devoção a Deus, oferecendo sabedoria atemporal para os crentes de todas as épocas.