O Evangelho de João é um relato profundo e teologicamente rico da vida, ministério, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Um dos aspectos-chave do Evangelho de João é sua ênfase no cumprimento das profecias do Antigo Testamento. João 12 é particularmente significativo a esse respeito, pois contém vários eventos e declarações que cumprem diretamente a profecia bíblica. Compreender como esses eventos cumprem a profecia pode aprofundar nossa apreciação pela coerência e orquestração divina das Escrituras.
Em João 12, encontramos a narrativa da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, Sua previsão de Sua morte e Seu último discurso público antes de Sua crucificação. Cada um desses elementos está carregado de significado profético.
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém é um dos eventos mais celebrados nos Evangelhos. Em João 12:12-15, lemos:
"No dia seguinte, a grande multidão que tinha vindo para a festa ouviu que Jesus estava a caminho de Jerusalém. Eles pegaram ramos de palmeiras e saíram para encontrá-lo, gritando: 'Hosana!' 'Bendito é aquele que vem em nome do Senhor!' 'Bendito é o rei de Israel!' Jesus encontrou um jumentinho e montou nele, como está escrito: 'Não tenha medo, filha de Sião; veja, seu rei está vindo, montado no filhote de uma jumenta.'"
Este evento cumpre a profecia encontrada em Zacarias 9:9:
"Alegre-se muito, filha de Sião! Grite, filha de Jerusalém! Veja, seu rei vem até você, justo e vitorioso, humilde e montado em um jumento, no filhote de uma jumenta."
A profecia de Zacarias fala de um rei humilde, mas vitorioso, entrando em Jerusalém. A escolha de um jumento, em vez de um cavalo, simboliza paz e humildade. Ao entrar em Jerusalém montado em um jumento, Jesus cumpre essa profecia específica, demonstrando que Ele é o Messias prometido que vem em paz e justiça. A aclamação do povo de "Hosana" e sua referência a Jesus como o "rei de Israel" sublinham ainda mais o reconhecimento de Jesus como o cumprimento das expectativas messiânicas.
Em João 12:23-24, Jesus fala sobre Sua morte iminente:
"Jesus respondeu: 'Chegou a hora de o Filho do Homem ser glorificado. Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na terra e morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto.'"
Aqui, Jesus usa a metáfora de um grão de trigo para descrever Sua morte e seu propósito redentor. Essa imagem é reminiscente de Isaías 53, um capítulo frequentemente referido como a passagem do "Servo Sofredor". Isaías 53:10-11 afirma:
"Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e embora o Senhor faça de sua vida uma oferta pelo pecado, ele verá sua descendência e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão. Depois de sofrer, ele verá a luz da vida e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento meu servo justo justificará a muitos, e ele levará as iniquidades deles."
A profecia de Isaías fala de um servo que sofre e morre como uma oferta pelo pecado, mas que, em última análise, traz justificação a muitos. A referência de Jesus ao grão de trigo que morre para produzir muitos frutos ecoa esse tema de morte sacrificial levando a uma vida abundante e redenção. Ao prever Sua morte dessa maneira, Jesus se alinha com o Servo Sofredor de Isaías 53, cumprindo a profecia de um Messias redentor e sacrificial.
Em João 12:27-30, lemos sobre uma voz do céu afirmando a missão de Jesus:
"'Agora minha alma está perturbada, e o que direi?