A questão de como Maria, a mãe de Jesus, morreu é uma que intriga estudiosos, teólogos e crentes há séculos. Embora o Novo Testamento forneça detalhes extensos sobre a vida de Maria, particularmente seu papel no nascimento e na vida inicial de Jesus, ele é notavelmente silencioso sobre as circunstâncias que cercam sua morte. Essa ausência de detalhes nas escrituras levou a várias tradições e interpretações dentro do Cristianismo, cada uma tentando honrar seu papel fundamental na história da salvação enquanto lida com o mistério de sua passagem.
As referências do Novo Testamento a Maria após a ressurreição de Jesus são escassas. A última menção direta a ela é encontrada no Livro dos Atos, onde ela é descrita como estando presente com os apóstolos no cenáculo em Jerusalém, participando firmemente em oração (Atos 1:14). Isso sugere que ela fazia parte da comunidade cristã primitiva, mas deixa em aberto muitas questões sobre sua vida posterior e morte.
Uma das tradições mais significativas sobre a morte de Maria é a crença em sua Assunção. Essa crença é mantida predominantemente dentro da Igreja Católica Romana e da Igreja Ortodoxa Oriental, embora não seja explicitamente detalhada na Bíblia. De acordo com essa tradição, no final de sua vida terrena, Maria foi assumida corpo e alma ao céu. Essa crença destaca a honra e reverência dadas a Maria, reconhecendo seu papel único como a Theotokos, ou "Portadora de Deus".
A Assunção é celebrada como um grande dia de festa nos calendários litúrgicos católico e ortodoxo. Na tradição católica, essa crença foi definida dogmaticamente pelo Papa Pio XII em 1950 na constituição apostólica "Munificentissimus Deus". O Papa declarou que "a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, tendo completado o curso de sua vida terrena, foi assumida corpo e alma na glória celestial". Essa declaração não especificou se Maria experimentou a morte física antes de sua Assunção, deixando espaço para especulação teológica e diversidade de crença.
Na tradição ortodoxa oriental, a Assunção é frequentemente referida como a "Dormição" da Theotokos. O termo "Dormição" significa "adormecer", e reflete a crença de que Maria de fato morreu uma morte natural. No entanto, seu corpo não foi sujeito à corrupção, e ela foi ressuscitada e levada ao céu. A Dormição é uma festa central na Igreja Ortodoxa, celebrada com grande solenidade e alegria.
A falta de evidência bíblica sobre a morte de Maria também levou a vários escritos apócrifos que tentam preencher essa lacuna. Esses textos, embora não sejam considerados canônicos, fornecem uma visão sobre as crenças e tradições cristãs primitivas sobre Maria. Um desses textos é o "Transitus Mariae" ou "A Passagem de Maria", que oferece uma narrativa de sua morte e assunção. Embora esses escritos não sejam autoritativos da mesma forma que as Escrituras, eles refletem a profunda veneração e reflexão teológica que Maria inspirou na Igreja primitiva.
De uma perspectiva teológica, a crença na Assunção ou Dormição de Maria está profundamente entrelaçada com as doutrinas da Encarnação e da Ressurreição. O papel único de Maria como mãe de Jesus, que é tanto totalmente Deus quanto totalmente humano, a eleva a um lugar de honra especial. Sua Assunção é vista como um prenúncio da ressurreição que todos os crentes esperam experimentar, enfatizando a crença cristã na vitória sobre a morte através de Cristo.
Além disso, a vida e morte de Maria são frequentemente vistas através da lente de sua profunda fé e obediência a Deus. Desde seu fiat, sua aceitação voluntária da vontade de Deus na Anunciação (Lucas 1:38), até sua presença ao pé da cruz (João 19:25-27), Maria exemplifica uma vida de devoção e entrega ao plano de Deus. Sua assunção ao céu é vista como a culminação de sua jornada terrena, um testemunho de sua fidelidade e da graça concedida a ela por Deus.
Nas tradições protestantes, que geralmente não aderem à doutrina da Assunção, Maria ainda é honrada como um modelo de fé e discipulado. Embora possa haver menos ênfase nos detalhes de sua morte, sua vida permanece um exemplo poderoso de obediência e confiança em Deus. O foco é frequentemente em seu papel na narrativa bíblica e seu exemplo como seguidora de Cristo.
Em conclusão, embora o Novo Testamento não forneça detalhes sobre a morte de Maria, a mãe de Jesus, as tradições que se desenvolveram refletem a profunda reverência e significado teológico atribuídos a ela dentro do Cristianismo. Seja através da Assunção, da Dormição ou de outras interpretações, a vida e morte de Maria continuam a inspirar e desafiar os crentes a viver vidas de fé e devoção. Sua história é um lembrete da esperança e promessa de ressurreição, um princípio central da fé cristã que aponta para a vitória final sobre a morte através de Jesus Cristo.