A história do ladrão na cruz é uma das narrativas mais comoventes e poderosas do Novo Testamento. É uma história de redenção, graça e a misericórdia infinita de Jesus Cristo. O relato é encontrado no Evangelho de Lucas, especificamente em Lucas 23:39-43. No entanto, uma pergunta que frequentemente surge é se o ladrão na cruz tinha um nome. Para responder a isso, devemos nos aprofundar nas escrituras e no contexto histórico, bem como considerar as tradições e interpretações que se desenvolveram ao longo dos séculos.
No Evangelho de Lucas, lemos:
"Um dos criminosos que estavam pendurados o insultava, dizendo: 'Você não é o Cristo? Salve a si mesmo e a nós!' Mas o outro o repreendeu, dizendo: 'Você não teme a Deus, já que está sob a mesma sentença de condenação? E nós, de fato, justamente, pois estamos recebendo a devida recompensa de nossos atos; mas este homem não fez nada de errado.' E ele disse: 'Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino.' E ele lhe disse: 'Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso.'" (Lucas 23:39-43, ESV)
Nesta passagem, os dois criminosos não são nomeados. O foco da narrativa está na interação entre Jesus e o ladrão arrependido, destacando os temas de arrependimento, fé e a autoridade de Jesus para conceder salvação.
O Novo Testamento não fornece os nomes de nenhum dos criminosos crucificados ao lado de Jesus. Esta omissão não é incomum, pois os Evangelhos frequentemente se concentram nas ações e ensinamentos de Jesus, em vez das identidades de todos os indivíduos envolvidos. O anonimato do ladrão serve para enfatizar a universalidade de sua experiência e a acessibilidade da graça de Jesus a todos que acreditam, independentemente de seu passado.
Apesar da falta de um nome no texto bíblico, a tradição cristã primitiva e os escritos apócrifos tentaram preencher essa lacuna. Um dos nomes mais conhecidos atribuídos ao ladrão arrependido é "Dimas" ou "Dismas". Este nome aparece no Evangelho apócrifo de Nicodemos, também conhecido como os Atos de Pilatos, que data do século IV. Neste texto, o bom ladrão é chamado Dimas, e o ladrão impenitente é chamado Gestas.
O Evangelho de Nicodemos não é considerado canônico pela maioria das denominações cristãs, mas influenciou a tradição e a arte cristã. Os nomes Dimas e Gestas foram adotados em vários contextos culturais e são frequentemente retratados na arte e literatura religiosa. Por exemplo, na tradição cristã ocidental, Dimas é às vezes referido como "São Dimas" e é venerado como um santo na Igreja Católica Romana e em algumas outras tradições cristãs.
Embora esses nomes não sejam encontrados nos Evangelhos canônicos, eles refletem o desejo da comunidade cristã primitiva de personalizar e entender os indivíduos envolvidos na narrativa da Paixão. O nome "Dimas" em si é derivado de uma palavra grega que significa "pôr do sol" ou "morte", o que é apropriado dado o contexto da crucificação.
É importante reconhecer que a atribuição de nomes aos ladrões na cruz é um produto da tradição e não de evidências escriturais. O foco principal dos relatos evangélicos está na obra redentora de Jesus Cristo e no poder transformador de Sua graça. A história do ladrão arrependido ilustra que a salvação está disponível para todos que se voltam para Jesus com fé, mesmo nos momentos finais da vida.
A importância da interação do ladrão arrependido com Jesus reside em suas implicações teológicas. O ladrão reconhece sua própria culpa e a justiça de sua punição, contrastando com a inocência de Jesus. Seu pedido, "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reino", demonstra uma fé notável na realeza de Jesus e na realidade de Seu reino, mesmo enquanto Jesus está pendurado na cruz. A resposta de Jesus, "Em verdade te digo, hoje estarás comigo no Paraíso", afirma a imediaticidade da salvação e a garantia da vida eterna para aqueles que acreditam.
Este encontro destaca vários pontos teológicos chave:
Arrependimento e Fé: O reconhecimento do ladrão de sua própria pecaminosidade e sua fé na capacidade de Jesus de salvá-lo são centrais para a compreensão cristã da salvação. Arrependimento e fé são os meios pelos quais os indivíduos recebem a graça de Deus.
Graça e Misericórdia: A promessa de Jesus ao ladrão destaca a graça e a misericórdia infinitas de Deus. Mesmo nos momentos finais da vida, a salvação é oferecida àqueles que se voltam para Jesus.
A Natureza do Reino de Jesus: O pedido do ladrão e a resposta de Jesus apontam para a natureza do reino de Jesus como uma realidade espiritual que transcende as circunstâncias terrenas. A realeza de Jesus não é diminuída por Sua crucificação; ao contrário, é através de Sua morte sacrificial que Seu reino é estabelecido.
Garantia da Salvação: A garantia de Jesus ao ladrão proporciona um profundo senso de esperança e segurança para todos os crentes. Afirma que a salvação é uma realidade presente e que a promessa da vida eterna é segura para aqueles que confiam em Jesus.
Em conclusão, embora os Evangelhos canônicos não forneçam um nome para o ladrão arrependido na cruz, a tradição cristã primitiva atribuiu-lhe o nome "Dimas". Esta tradição, embora não baseada nas escrituras, reflete o desejo da comunidade cristã primitiva de entender e personalizar os indivíduos envolvidos na narrativa da Paixão. A história do ladrão na cruz permanece um poderoso testemunho da graça, misericórdia e poder redentor de Jesus Cristo, enfatizando que a salvação está disponível para todos que se voltam para Ele com fé.