O que Jesus ensina sobre o jejum em Mateus 9:14-17?

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No Evangelho de Mateus, capítulo 9, versículos 14-17, Jesus aborda o tema do jejum de maneira profunda e ilustrativa. A passagem diz o seguinte:

"Então os discípulos de João vieram até ele, dizendo: 'Por que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam?' E Jesus lhes disse: 'Podem os convidados do casamento lamentar enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado deles, e então jejuarão. Ninguém põe um pedaço de pano novo em uma roupa velha, pois o remendo se rasga da roupa, e o rasgo fica pior. Nem se põe vinho novo em odres velhos. Se o fizer, os odres se rompem, o vinho se derrama e os odres se estragam. Mas o vinho novo é posto em odres novos, e assim ambos se conservam.'" (Mateus 9:14-17, ESV)

Esta passagem fornece um ensinamento multifacetado sobre o jejum, encapsulado em três imagens-chave: o noivo, o pano novo e o vinho novo em odres velhos. Para compreender plenamente o ensinamento de Jesus, é essencial desvendar essas imagens e entender suas implicações no contexto de Seu ministério e da narrativa bíblica mais ampla.

O Noivo e os Convidados do Casamento

Quando questionado pelos discípulos de João sobre por que Seus discípulos não jejuam, Jesus responde com a imagem de uma festa de casamento. Ele se compara a um noivo e Seus discípulos aos convidados do casamento. Na cultura judaica, um casamento era um tempo de grande alegria e celebração, não de luto ou jejum. Jesus implica que Sua presença entre Seus discípulos é como uma celebração de casamento. Enquanto Ele, o noivo, está com eles, é inapropriado que jejuem, pois o jejum está tradicionalmente associado ao luto, arrependimento e busca da intervenção de Deus.

Esta imagem destaca a natureza única e transformadora do ministério de Jesus. Sua presença significa a chegada do Reino de Deus, um tempo de cumprimento e alegria. O Antigo Testamento frequentemente usa a imagem do casamento para descrever o relacionamento entre Deus e Seu povo (Isaías 62:5; Oséias 2:19-20). Ao se identificar como o noivo, Jesus está fazendo uma afirmação profunda sobre Sua identidade e missão. Ele é o Messias há muito esperado, trazendo a alegria e o cumprimento das promessas de Deus.

No entanto, Jesus também reconhece que chegará um tempo em que o noivo será "tirado" dos convidados do casamento. Esta é uma referência velada à Sua iminente crucificação, morte e ascensão. Após Sua partida, os discípulos de fato jejuarão, refletindo as práticas tradicionais de luto e busca da orientação de Deus durante tempos de ausência e anseio.

O Pano Novo e a Roupa Velha

Jesus continua Seu ensinamento com a analogia do pano novo e da roupa velha. Ele explica que ninguém costura um pedaço de pano novo em uma roupa velha porque o novo remendo encolherá e se rasgará do pano velho, tornando o rasgo pior. Esta imagem ilustra a incompatibilidade entre o novo e o velho.

No contexto do ministério de Jesus, a "roupa velha" representa as práticas e estruturas religiosas existentes, incluindo as práticas tradicionais de jejum observadas pelos discípulos de João e pelos fariseus. O "pano novo" simboliza a nova realidade que Jesus está inaugurando—o novo pacto, caracterizado pela graça, redenção e habitação do Espírito Santo.

Jesus não está meramente adicionando uma nova prática ou ensinamento ao quadro religioso existente; Ele está trazendo uma transformação fundamental. O novo pacto não pode ser contido dentro das antigas estruturas e práticas sem causar uma ruptura. Este ensinamento enfatiza a natureza radical da mensagem de Jesus e a necessidade de uma nova compreensão e abordagem às práticas espirituais, incluindo o jejum.

O Vinho Novo e os Odres Velhos

A imagem final que Jesus usa é a do vinho novo e dos odres velhos. Ele explica que o vinho novo deve ser colocado em odres novos. Se o vinho novo for colocado em odres velhos, os odres se romperão, e tanto o vinho quanto os odres serão arruinados. Odres novos, sendo mais flexíveis, podem se expandir com o vinho em fermentação.

Aqui, o vinho novo representa a nova vida e os ensinamentos que Jesus traz. Os odres velhos simbolizam os antigos sistemas e tradições religiosas. Assim como o vinho novo requer odres novos, a nova vida em Cristo requer novas formas e expressões. As antigas estruturas não podem conter o poder dinâmico e transformador do Evangelho.

Esta analogia sublinha a necessidade de renovação e flexibilidade ao abraçar o novo pacto. Ela desafia os crentes a estarem abertos ao trabalho do Espírito Santo e a permitir que suas vidas e práticas sejam transformadas pela nova realidade que Jesus traz.

Síntese e Aplicação

Ao sintetizar essas três imagens, o ensinamento de Jesus sobre o jejum em Mateus 9:14-17 revela vários princípios-chave:

  1. A Presença de Cristo Transforma as Práticas Espirituais: A presença de Jesus, o noivo, transforma a natureza e o tempo das práticas espirituais como o jejum. Embora o jejum continue sendo uma disciplina valiosa, seu contexto e propósito são redefinidos à luz da presença e missão de Jesus.

  2. Incompatibilidade do Velho e do Novo: O novo pacto que Jesus inaugura é fundamentalmente diferente das práticas religiosas antigas. Ele requer novas formas e expressões que possam acomodar o poder transformador do Evangelho.

  3. Flexibilidade e Renovação: Os crentes são chamados a serem flexíveis e abertos à renovação, permitindo que o Espírito Santo guie e transforme suas práticas espirituais. Esta abertura garante que a nova vida em Cristo não seja limitada por antigas estruturas e tradições.

Em termos práticos, este ensinamento convida os cristãos a abordarem o jejum—e outras disciplinas espirituais—com uma compreensão renovada. O jejum não é meramente uma prática ritualística, mas um meio de se aproximar de Deus, buscar Sua orientação e expressar dependência dEle. É uma expressão de anseio pela plenitude do Reino de Deus e um reconhecimento do poder transformador da presença de Jesus.

Além disso, esta passagem desafia os crentes a avaliarem suas práticas e tradições espirituais. Elas são flexíveis e abertas à orientação do Espírito Santo? Elas refletem a nova vida e liberdade que Jesus traz? Ou estão limitadas por formas e estruturas antigas que podem não ser mais relevantes ou eficazes?

Em conclusão, o ensinamento de Jesus sobre o jejum em Mateus 9:14-17 é uma instrução profunda e multifacetada que exige uma compreensão mais profunda de Sua presença e missão. Ele convida os crentes a abraçarem o novo pacto com abertura e flexibilidade, permitindo que suas vidas e práticas sejam transformadas pelo poder dinâmico do Evangelho. Através deste ensinamento, Jesus redefine o jejum e outras disciplinas espirituais, enfatizando seu papel no contexto de Sua obra redentora e da presença contínua do Espírito Santo.

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