O momento em que um soldado romano perfurou o lado de Jesus com uma lança, fazendo com que sangue e água saíssem, é um evento profundo e profundamente simbólico registrado no Evangelho de João. Este acontecimento não é apenas historicamente significativo, mas também teologicamente rico, oferecendo insights sobre a natureza do sacrifício de Jesus e suas implicações para a humanidade.
Em João 19:34, lemos: “Mas um dos soldados perfurou-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água.” Este versículo intrigou teólogos, profissionais médicos e crentes por séculos. Para entender por que sangue e água fluíram do lado de Jesus, precisamos considerar tanto as dimensões fisiológicas quanto teológicas.
Do ponto de vista fisiológico, o fluxo de sangue e água pode ser explicado através da lente da ciência médica. Quando uma pessoa passa por um trauma físico severo, como o experimentado durante a crucificação, o corpo pode exibir respostas específicas. A crucificação era um método brutal de execução projetado para maximizar o sofrimento. Jesus teria suportado uma flagelação severa, carregando a cruz e depois sendo pregado nela. Isso teria resultado em perda significativa de sangue, desidratação e choque físico.
Uma explicação médica plausível é que Jesus sofreu de choque hipovolêmico, uma condição causada por perda severa de sangue e desidratação, levando à falência cardíaca. Quando a lança perfurou Seu lado, provavelmente perfurou o pericárdio, o saco que envolve o coração. O pericárdio contém uma pequena quantidade de fluido, e sob o estresse da crucificação, poderia ter acumulado mais fluido. Assim, a “água” poderia ser fluido pericárdico, enquanto o “sangue” seria do coração ou dos vasos circundantes. Esta explicação está alinhada com as observações de muitos especialistas médicos que estudaram a crucificação em detalhes.
No entanto, a explicação fisiológica, embora informativa, apenas arranha a superfície do significado do evento. Teologicamente, o fluxo de sangue e água do lado de Jesus carrega um simbolismo profundo que ressoa profundamente na doutrina cristã.
Primeiramente, o sangue e a água podem ser vistos como símbolos dos sacramentos da Eucaristia e do Batismo. O sangue representa a Eucaristia, onde os crentes participam do sangue de Cristo, simbolizando a nova aliança e o perdão dos pecados. O próprio Jesus, durante a Última Ceia, disse: “Este é o meu sangue da aliança, que é derramado por muitos para o perdão dos pecados” (Mateus 26:28). A água simboliza o Batismo, que significa purificação, renascimento e a lavagem dos pecados. Em João 3:5, Jesus diz a Nicodemos: “Em verdade, em verdade te digo, se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.”
Os primeiros Padres da Igreja também viram um significado profundo neste evento. Por exemplo, Santo Agostinho, em sua obra