Qual é o significado de Jesus dizer que Ele veio para chamar os pecadores, não os justos?

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A declaração de Jesus de que Ele veio para chamar pecadores, não os justos, é uma declaração profunda de Sua missão e do coração da mensagem do Evangelho. Esta declaração, encontrada nos Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, encapsula a essência do ministério de Jesus e revela a natureza da graça e misericórdia de Deus para com a humanidade. Para apreciar plenamente seu significado, é essencial explorar o contexto em que Jesus fez essa declaração, as implicações teológicas e as aplicações práticas para os crentes de hoje.

Contexto da Declaração

Esta declaração de Jesus está registrada em três dos Evangelhos sinóticos: Mateus 9:13, Marcos 2:17 e Lucas 5:32. Em cada caso, o contexto é semelhante. Jesus está jantando com cobradores de impostos e pecadores, o que provoca críticas dos fariseus e mestres da lei. Eles questionam por que Jesus, um rabino, se associaria com tais pessoas. Jesus responde com as agora famosas palavras:

"Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento." (Lucas 5:31-32, NVI)

Implicações Teológicas

1. Reconhecimento da Pecaminosidade Humana

A declaração de Jesus destaca a realidade universal da pecaminosidade humana. Segundo a Bíblia, todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Romanos 3:23). Ao declarar que Ele veio para chamar pecadores, Jesus reconhece que todos precisam de redenção. O termo "pecadores" aqui não é para excluir ninguém, mas sim para destacar o fato de que todas as pessoas, independentemente de sua posição social ou moral, precisam da graça de Deus.

2. A Natureza da Graça de Deus

A missão de Jesus de chamar pecadores é um testemunho da graça ilimitada de Deus. Graça, por definição, é favor imerecido. Não é algo que pode ser ganho através de atos justos ou superioridade moral. Os fariseus, que se orgulhavam de sua adesão à lei, não conseguiram entender esse conceito. Eles se viam como justos e, portanto, não precisavam da graça que Jesus oferecia. No entanto, a declaração de Jesus revela que a graça de Deus é estendida àqueles que reconhecem sua própria pecaminosidade e sua necessidade de um Salvador.

3. Arrependimento como Caminho para a Redenção

O chamado de Jesus aos pecadores está intrinsecamente ligado ao arrependimento. A palavra grega para arrependimento, "metanoia", significa uma mudança de mente ou um afastamento do pecado. A missão de Jesus não era apenas se associar com pecadores, mas levá-los ao arrependimento e transformação. Isso é evidente em suas interações com indivíduos como Zaqueu, o cobrador de impostos, que ao encontrar Jesus, se arrependeu e fez restituição por seus erros (Lucas 19:1-10). O arrependimento é a porta para experimentar a plenitude do perdão e da graça de Deus.

Aplicações Práticas

1. Abraçando a Humildade

Uma das principais lições da declaração de Jesus é a importância da humildade. Reconhecer nossa própria pecaminosidade e necessidade da graça de Deus é o primeiro passo para um arrependimento genuíno e transformação. Essa humildade deve se estender às nossas interações com os outros. Em vez de adotar uma atitude de julgamento como os fariseus, somos chamados a estender graça e compaixão àqueles que estão lutando com o pecado.

2. Estendendo Graça aos Outros

O ministério de Jesus foi caracterizado por sua disposição de alcançar aqueles que eram marginalizados e desprezados pela sociedade. Como seus seguidores, somos chamados a fazer o mesmo. Isso significa estender graça e amor àqueles que podem ser considerados "pecadores" pelos padrões da sociedade. Envolve construir relacionamentos, oferecer apoio e apontá-los para o poder transformador do Evangelho.

3. Vivendo uma Vida de Arrependimento

O arrependimento não é um evento único, mas um processo contínuo. Como crentes, somos chamados a viver vidas de arrependimento contínuo, constantemente nos afastando do pecado e nos voltando para Deus. Isso envolve autoexame regular, confissão e um compromisso com o crescimento espiritual. O apóstolo João nos lembra que se confessarmos nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça (1 João 1:9).

Exemplos Bíblicos

Os Evangelhos fornecem inúmeros exemplos de indivíduos que responderam ao chamado de Jesus para o arrependimento. Um exemplo notável é a mulher pega em adultério (João 8:1-11). Quando trazida diante de Jesus pelos fariseus, que pretendiam apedrejá-la de acordo com a lei, Jesus respondeu com compaixão. Ele desafiou os acusadores, dizendo: "Aquele de vocês que estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela" (João 8:7, NVI). Um por um, eles foram embora, e Jesus disse à mulher: "Eu também não a condeno. Vá e não peque mais" (João 8:11, NVI). Este encontro destaca a ênfase de Jesus na graça e no chamado ao arrependimento.

Outro exemplo é a parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32). Nesta parábola, um jovem desperdiça sua herança em uma vida pecaminosa, mas eventualmente cai em si e retorna ao pai, buscando perdão. A resposta do pai é de graça e aceitação esmagadoras. Esta parábola ilustra a alegria no céu por um pecador que se arrepende (Lucas 15:7) e o amor ilimitado de Deus para com aqueles que voltam para Ele.

O Papel da Igreja

A Igreja, como o corpo de Cristo, é chamada a continuar a missão de Jesus de chamar pecadores ao arrependimento. Isso envolve pregar o Evangelho, oferecer discipulado e criar uma comunidade onde a graça e a verdade sejam mantidas. O apóstolo Paulo, em suas cartas, enfatiza a importância de restaurar aqueles que caíram em pecado com um espírito de mansidão (Gálatas 6:1). A Igreja deve ser um lugar onde os indivíduos possam experimentar o poder transformador da graça de Deus e serem encorajados a viver vidas de arrependimento e santidade.

Conclusão

A declaração de Jesus de que Ele veio para chamar pecadores, não os justos, é um poderoso lembrete do coração do Evangelho. Revela a necessidade universal da graça de Deus, a natureza do arrependimento e o amor ilimitado de Deus para com a humanidade. Como crentes, somos chamados a abraçar a humildade, estender graça aos outros e viver vidas de arrependimento contínuo. Ao fazer isso, continuamos a missão de Jesus, oferecendo esperança e transformação a um mundo necessitado.

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