Determinar o ano exato da morte de Jesus é um tema que intriga estudiosos, historiadores e teólogos há séculos. Embora o Novo Testamento forneça relatos detalhados da vida e ministério de Jesus, ele não especifica a data exata de Sua crucificação. No entanto, ao examinar registros históricos, textos bíblicos e dados astronômicos, podemos fazer uma estimativa bem informada sobre o ano da morte de Jesus.
Os Evangelhos, principalmente os sinóticos—Mateus, Marcos e Lucas—junto com João, fornecem informações cruciais sobre o momento da crucificação de Jesus. Esses textos, embora não apontem um ano específico, oferecem detalhes que ajudam a enquadrar a linha do tempo de Sua morte dentro do contexto mais amplo da história romana e judaica.
A crucificação de Jesus está ligada ao festival judaico da Páscoa, como indicado em todos os quatro Evangelhos. De acordo com o Evangelho de João, Jesus foi crucificado no dia da preparação para a Páscoa (João 19:14), o que sugere que Ele morreu em uma sexta-feira. Os Evangelhos sinóticos também apoiam esse momento, pois descrevem Jesus compartilhando a Última Ceia com Seus discípulos na noite anterior à Sua crucificação, o que se alinha com as preparações para a Páscoa.
Para restringir o ano, consideramos o mandato de Pôncio Pilatos, o governador romano que presidiu o julgamento de Jesus. Registros históricos, como os do historiador judeu Josefo e do historiador romano Tácito, indicam que Pilatos governou a Judeia de 26 d.C. a 36 d.C. Esse período fornece os limites externos para os possíveis anos da crucificação de Jesus.
O calendário judaico, sendo baseado em fases lunares, requer uma compreensão de como as datas da Páscoa se alinhariam com o calendário juliano usado pelos romanos. A Páscoa ocorre no 15º dia do mês judaico de Nisan, que pode cair em diferentes dias da semana, dependendo do ciclo lunar. Cálculos astronômicos podem nos ajudar a identificar quais anos dentro do governo de Pilatos tiveram uma sexta-feira que coincidiu com a Páscoa.
Dois candidatos principais emergem desses cálculos: 30 d.C. e 33 d.C. Ambos os anos foram extensivamente estudados e propostos por estudiosos como possíveis anos para a crucificação.
Muitos estudiosos favorecem o ano 30 d.C. como o ano da morte de Jesus devido ao alinhamento da Páscoa com uma sexta-feira naquele ano. Essa data também é apoiada pela linha do tempo do ministério de Jesus, que geralmente se acredita ter durado aproximadamente três anos, começando por volta de 27 d.C. O Evangelho de Lucas menciona que Jesus começou Seu ministério "com cerca de trinta anos de idade" (Lucas 3:23), e se considerarmos Seu nascimento por volta de 4 a 6 a.C., 30 d.C. se encaixa bem com essa cronologia.
Alternativamente, 33 d.C. é outro forte candidato devido a alinhamentos astronômicos semelhantes. Este ano também se encaixa no contexto histórico mais amplo, permitindo um ministério ligeiramente mais longo se Jesus começou Seu trabalho público por volta de 29 d.C. Alguns estudiosos argumentam que certos eventos descritos nos Evangelhos, como a purificação do Templo e interações com autoridades romanas, podem sugerir um período de ministério mais longo que poderia se estender até 33 d.C.
Embora o ano exato da morte de Jesus seja significativo para a precisão histórica, é crucial lembrar que as implicações teológicas de Sua crucificação e ressurreição transcendem datas específicas. A mensagem central dos Evangelhos é o poder redentor do sacrifício de Jesus e Sua vitória sobre a morte, que oferece salvação e esperança aos crentes.
Em resumo, embora não possamos afirmar definitivamente o ano exato da morte de Jesus, 30 d.C. e 33 d.C. são os candidatos mais plausíveis com base em evidências históricas, bíblicas e astronômicas. Ambos os anos caem dentro do governo de Pôncio Pilatos e se alinham com o momento do festival da Páscoa, conforme descrito nos Evangelhos. Independentemente da data precisa, a crucificação de Jesus permanece um evento crucial na história cristã, incorporando o cerne da fé cristã. Ao refletirmos sobre este momento profundo, somos lembrados da importância duradoura da vida, morte e ressurreição de Jesus na formação da jornada espiritual dos crentes ao longo dos tempos.