O que simboliza a imagem da mulher e da besta em Apocalipse 17?

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A imagem da mulher e da besta em Apocalipse 17 é uma das visões mais vívidas e complexas do Livro do Apocalipse. Esta passagem tem intrigado e confundido estudiosos, teólogos e leitores leigos por séculos. Para entender seu simbolismo, é crucial mergulhar nos contextos históricos, culturais e teológicos nos quais essa visão foi revelada ao Apóstolo João.

Apocalipse 17 começa com um dos sete anjos que tinham as sete taças vindo a João e dizendo: "Venha, eu lhe mostrarei o castigo da grande prostituta, que está sentada sobre muitas águas" (Apocalipse 17:1, NVI). Esta introdução prepara o palco para uma visão dramática e simbólica. A mulher é descrita como sentada sobre uma besta escarlate que estava coberta com nomes blasfemos e tinha sete cabeças e dez chifres (Apocalipse 17:3). Ela também está adornada de púrpura e escarlate, brilhando com ouro, pedras preciosas e pérolas, e segura um cálice de ouro cheio de abominações e da imundície de suas prostituições (Apocalipse 17:4). Na sua testa, estava escrito um nome: "Mistério, Babilônia a Grande, a Mãe das Prostitutas e das Abominações da Terra" (Apocalipse 17:5).

Para desvendar essa imagem, vamos primeiro considerar a mulher, frequentemente referida como a "grande prostituta" ou "meretriz". No simbolismo bíblico, uma mulher pode representar uma cidade, uma nação ou um sistema religioso. O fato de ela ser chamada de "Babilônia" é significativo. Babilônia, no Antigo Testamento, era uma cidade conhecida por sua idolatria, luxo e oposição a Deus. Era um símbolo de orgulho humano e rebelião contra a autoridade divina, como visto na história da Torre de Babel (Gênesis 11:1-9). No contexto do Apocalipse, Babilônia simboliza um sistema corrupto que se opõe a Deus e persegue Seu povo.

A vestimenta luxuosa da mulher e seu cálice de abominações indicam sua riqueza, poder e corrupção moral. Púrpura e escarlate eram cores associadas à realeza e riqueza no mundo antigo, sugerindo que essa mulher detém influência e autoridade significativas. O cálice de ouro cheio de abominações representa a corrupção moral e espiritual que ela espalha. Seu título, "Mãe das Prostitutas e das Abominações da Terra", sublinha seu papel em levar outros à idolatria e decadência moral.

A besta que ela cavalga é igualmente simbólica. A besta com sete cabeças e dez chifres lembra a besta descrita em Apocalipse 13, que representa um império poderoso e blasfemo. As sete cabeças e dez chifres provavelmente simbolizam uma coalizão de poderes políticos. No contexto do Império Romano, que era o poder dominante na época de João, essa besta pode ser vista como representando a natureza opressiva e persecutória do estado romano. No entanto, a besta também tem um significado simbólico mais amplo, representando qualquer sistema político ou social que se opõe a Deus e se alinha com os propósitos de Satanás.

O relacionamento entre a mulher e a besta é revelador. O fato de ela cavalgar a besta sugere que ela deriva seu poder e influência desse sistema político blasfemo. Esse relacionamento é de benefício mútuo e corrupção. A mulher usa a besta para espalhar sua influência e corrupção, enquanto a besta apoia e sustenta seu poder.

Apocalipse 17:6 adiciona outra camada a essa visão: "Vi que a mulher estava embriagada com o sangue do povo santo de Deus, o sangue daqueles que deram testemunho de Jesus." Essa imagem da mulher embriagada com o sangue dos santos destaca a perseguição e o martírio dos cristãos. Ao longo da história, vários sistemas políticos e religiosos perseguiram aqueles que permanecem fiéis a Deus, e essa visão serve como um lembrete claro dessa realidade.

A explicação do anjo em Apocalipse 17:7-18 fornece mais insights sobre o simbolismo. As sete cabeças da besta são ditas representar sete colinas sobre as quais a mulher está sentada, bem como sete reis (Apocalipse 17:9-10). A referência a sete colinas é frequentemente interpretada como uma alusão a Roma, famosa por ser construída sobre sete colinas, reforçando a conexão com o Império Romano. Os dez chifres são dez reis que receberão autoridade por um curto período e lutarão contra o Cordeiro (Apocalipse 17:12-14). Isso aponta para uma futura coalizão de poderes que se oporão a Cristo, mas que serão derrotados.

Em Apocalipse 17:16-17, vemos uma reviravolta dramática: "A besta e os dez chifres que você viu odiarão a prostituta. Eles a levarão à ruína e a deixarão nua; comerão sua carne e a queimarão com fogo. Pois Deus colocou em seus corações realizar seu propósito, concordando em entregar à besta sua autoridade real, até que as palavras de Deus sejam cumpridas." Isso sugere que o próprio sistema que apoia a mulher eventualmente se voltará contra ela, levando à sua destruição. Essa reviravolta destaca a natureza transitória e autodestrutiva das alianças malignas.

O versículo final do capítulo, Apocalipse 17:18, afirma: "A mulher que você viu é a grande cidade que reina sobre os reis da terra." Isso reforça a ideia de que a mulher representa um sistema poderoso e corrupto que domina os poderes políticos do mundo.

Em resumo, a imagem da mulher e da besta em Apocalipse 17 simboliza um sistema corrupto e idólatra que deriva seu poder de uma entidade política blasfema. Esse sistema leva outros à corrupção moral e espiritual e persegue o povo de Deus. No entanto, é autodestrutivo e enfrentará o julgamento divino. Essa visão serve tanto como um aviso quanto como um consolo para os crentes. Adverte sobre a natureza sedutora e destrutiva do poder e da corrupção mundanos, ao mesmo tempo que assegura que Deus é soberano e, em última análise, trará justiça e redenção.

A imagem em Apocalipse 17 é complexa e multifacetada, refletindo o rico simbolismo e o estilo apocalíptico do livro. Chama os leitores ao discernimento, fidelidade e esperança, lembrando-nos de que, apesar do aparente poder do mal, os propósitos de Deus prevalecerão.

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