O que a Bíblia diz sobre apedrejar pessoas por seus pecados?

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A posição da Bíblia sobre o apedrejamento como punição pelo pecado é um tópico complexo que merece um exame minucioso. Para entender essa questão, devemos nos aprofundar no contexto histórico do Antigo Testamento, nos ensinamentos de Jesus no Novo Testamento e na narrativa abrangente de pecado e redenção dentro da Bíblia.

No Antigo Testamento, o apedrejamento era prescrito como uma forma de pena capital para várias ofensas. Por exemplo, em Levítico 20:10, a pena para o adultério era o apedrejamento: "Se um homem cometer adultério com a esposa de outro homem - com a esposa de seu vizinho - tanto o adúltero quanto a adúltera devem ser mortos." Da mesma forma, em Deuteronômio 21:18-21, um filho teimoso e rebelde poderia ser levado perante os anciãos e apedrejado até a morte. Essas leis faziam parte da Lei Mosaica, dada aos israelitas como uma aliança entre eles e Deus.

O propósito dessas penalidades severas era multifacetado. Em primeiro lugar, serviam como um dissuasor contra o pecado, promovendo uma sociedade santa e justa. Em segundo lugar, sublinhavam a seriedade do pecado e a importância da obediência aos mandamentos de Deus. Por último, refletiam a santidade e a justiça de Deus, que não pode tolerar o pecado.

No entanto, é crucial entender que a Lei Mosaica foi dada a um povo específico (os israelitas) em um tempo específico (o período do Antigo Testamento) sob uma aliança específica (a Antiga Aliança). O Novo Testamento, que introduz a Nova Aliança através de Jesus Cristo, traz uma perspectiva transformadora sobre o pecado, a punição e a redenção.

Os ensinamentos e ações de Jesus proporcionam uma mudança profunda na forma como entendemos a punição pelo pecado. Uma das passagens mais reveladoras é a história da mulher pega em adultério em João 8:1-11. Os fariseus trouxeram a mulher a Jesus, lembrando-O de que a Lei de Moisés ordenava que ela fosse apedrejada. Eles perguntaram a Jesus o que Ele achava que deveria ser feito, esperando apanhá-Lo em uma armadilha. Jesus respondeu: "Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela" (João 8:7). Um por um, os acusadores foram embora, e Jesus disse à mulher: "Nem eu te condeno. Vai-te, e não peques mais" (João 8:11).

Esta passagem é significativa por várias razões. Em primeiro lugar, destaca a hipocrisia dos acusadores, que foram rápidos em condenar a mulher enquanto ignoravam seus próprios pecados. Em segundo lugar, a resposta de Jesus enfatiza a misericórdia e o perdão em vez da estrita adesão à lei. Por último, a diretiva de Jesus para "não peques mais" sublinha a importância do arrependimento e da transformação.

Os ensinamentos de Jesus consistentemente enfatizavam o amor, a misericórdia e o perdão. No Sermão da Montanha, Ele ensinou: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois da mesma forma que julgardes, sereis julgados, e com a medida que usardes, também vos medirão" (Mateus 7:1-2). Este ensinamento chama os cristãos à humildade e compaixão, reconhecendo que todos somos pecadores necessitados da graça de Deus.

O apóstolo Paulo também aborda a questão do pecado e da punição em suas epístolas. Em Romanos 3:23, ele escreve: "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus." Este versículo sublinha a universalidade do pecado e a necessidade de redenção. Paulo continua explicando que somos justificados pela graça de Deus através da fé em Jesus Cristo (Romanos 3:24). Esta justificação não se baseia na nossa adesão à lei, mas na morte sacrificial e ressurreição de Jesus.

Em Gálatas 3:24-25, Paulo explica que a lei foi nosso tutor até que Cristo viesse, mas agora que a fé chegou, não estamos mais sob um tutor. Isso indica que a Lei Mosaica, com suas penalidades como o apedrejamento, serviu a um propósito ao guiar os israelitas, mas não é mais o padrão para os cristãos. Em vez disso, somos chamados a viver pelo Espírito, que produz amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5:22-23).

O Novo Testamento aponta consistentemente para Jesus como o cumprimento da lei e a solução definitiva para o problema do pecado. Em Hebreus 10:1-18, o autor explica que os sacrifícios e penalidades do Antigo Testamento eram uma sombra das boas coisas que estavam por vir. O sacrifício de Jesus na cruz foi a expiação uma vez por todas pelo pecado, tornando obsoleto o antigo sistema de sacrifícios e penalidades.

Portanto, de uma perspectiva do Novo Testamento, a prática de apedrejar pessoas por seus pecados não é aplicável aos cristãos. O foco muda da justiça punitiva para a graça redentora. Isso não significa que o pecado seja tratado levianamente; pelo contrário, significa que a penalidade pelo pecado foi paga por Jesus, e somos chamados a responder com arrependimento, fé e uma vida transformada.

Também é importante considerar a narrativa bíblica mais ampla de pecado e redenção. A Bíblia conta a história da queda da humanidade no pecado, começando com Adão e Eva no Jardim do Éden (Gênesis 3). Esta queda trouxe a separação de Deus e a introdução da morte e do sofrimento no mundo. Ao longo do Antigo Testamento, vemos os esforços de Deus para chamar Seu povo de volta a Si mesmo através de alianças, profetas e leis.

A solução definitiva para o problema do pecado é encontrada em Jesus Cristo. Em João 3:16, lemos: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." A vida, morte e ressurreição de Jesus fornecem os meios para nossa reconciliação com Deus. Através da fé Nele, recebemos o perdão dos pecados e a promessa da vida eterna.

Em conclusão, enquanto o Antigo Testamento prescreve o apedrejamento como punição para certos pecados, o Novo Testamento revela uma nova maneira de entender o pecado e a redenção através de Jesus Cristo. A ênfase muda da justiça punitiva para a graça redentora, chamando os cristãos a viver vidas marcadas pelo amor, misericórdia e perdão. O apedrejamento, como prática, não é aplicável aos cristãos sob a Nova Aliança. Em vez disso, somos chamados a seguir o exemplo de Jesus, que mostrou compaixão aos pecadores e lhes ofereceu um caminho para o arrependimento e a transformação.

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