A questão de saber se é um pecado ter relações sexuais durante a menstruação de acordo com a Bíblia é uma questão complexa e requer uma exploração cuidadosa dos ensinamentos do Antigo e do Novo Testamento, bem como do contexto mais amplo da ética e moralidade cristãs.
No Antigo Testamento, particularmente na Lei Mosaica, há instruções explícitas sobre as relações sexuais durante o período menstrual de uma mulher. Levítico 18:19 afirma: "Não se aproxime de uma mulher para ter relações sexuais durante a impureza do seu período mensal." Além disso, Levítico 20:18 acrescenta uma consequência mais severa: "Se um homem tiver relações sexuais com uma mulher durante o seu período mensal, ele expôs a fonte do seu fluxo, e ela também a descobriu. Ambos devem ser cortados do seu povo." Esses versículos indicam que, sob a Antiga Aliança, ter relações sexuais durante a menstruação era considerado uma violação grave da lei.
A razão por trás dessas proibições pode ser entendida no contexto da pureza ritual e santidade. As leis levíticas foram dadas aos israelitas para separá-los como o povo santo de Deus. A menstruação era vista como um tempo de impureza ritual, e envolver-se em relações sexuais durante esse período era considerado uma forma de contaminar ambos os parceiros. O conceito de pureza ritual era central para o relacionamento dos israelitas com Deus, e manter a pureza era uma forma de mostrar reverência e obediência aos mandamentos de Deus.
No entanto, como cristãos, também precisamos considerar os ensinamentos do Novo Testamento e a Nova Aliança estabelecida através de Jesus Cristo. O Novo Testamento não aborda explicitamente a questão das relações sexuais durante a menstruação. Em vez disso, enfatiza os princípios de amor, respeito mútuo e a santidade do casamento. Em Mateus 22:37-40, Jesus resume a lei com os maiores mandamentos: amar a Deus de todo o coração, alma e mente, e amar o próximo como a si mesmo. Esses princípios orientam a ética e a moralidade cristãs.
O apóstolo Paulo fornece mais orientações sobre as relações conjugais em suas cartas. Em 1 Coríntios 7:3-5, Paulo escreve: "O marido deve cumprir o seu dever conjugal para com a esposa, e da mesma forma a esposa para com o marido. A esposa não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas o cede ao marido. Da mesma forma, o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas o cede à esposa. Não se privem um ao outro, exceto talvez por mútuo consentimento e por um tempo, para que possam se dedicar à oração. Depois voltem a se unir, para que Satanás não os tente por causa da falta de autocontrole." A ênfase de Paulo aqui é no consentimento mútuo e na importância das relações sexuais dentro do casamento como um meio de fomentar a intimidade e prevenir a tentação.
Dado que o Novo Testamento não aborda especificamente a questão do sexo durante a menstruação, os cristãos são chamados a aplicar os princípios mais amplos de amor, respeito e consentimento mútuo em seus relacionamentos conjugais. Se um casal casado sente que ter relações sexuais durante a menstruação não é respeitoso ou amoroso, eles podem optar por abster-se durante esse período. Por outro lado, se ambos os parceiros estão confortáveis e consensuais, eles podem decidir que isso não é um problema para eles.
Também é importante considerar o papel da consciência na ética cristã. Em Romanos 14:5, Paulo escreve: "Uma pessoa considera um dia mais sagrado do que outro; outra considera todos os dias iguais. Cada um deve estar plenamente convencido em sua própria mente." Embora este versículo aborde especificamente a observância de dias especiais, o princípio pode ser aplicado mais amplamente a questões de convicção pessoal. Os cristãos são encorajados a agir de acordo com sua consciência, guiados pelo Espírito Santo e pelos ensinamentos das Escrituras.
A literatura e a teologia cristãs também oferecem insights sobre essa questão. Por exemplo, em seu livro "O Significado do Casamento", Timothy Keller enfatiza a importância do amor e respeito mútuos no relacionamento conjugal. Ele escreve: "O sexo é a maneira designada por Deus para duas pessoas dizerem reciprocamente uma à outra: 'Eu pertenço completamente, permanentemente e exclusivamente a você.'" Essa compreensão do sexo como uma expressão de pertencimento e compromisso mútuo pode ajudar os casais a tomar decisões que honrem um ao outro e seu relacionamento.
Além disso, o conceito de liberdade cristã, conforme discutido em Gálatas 5:13, é relevante: "Vocês, meus irmãos e irmãs, foram chamados para serem livres. Mas não usem a liberdade para dar vazão à carne; ao contrário, sirvam uns aos outros humildemente em amor." A liberdade cristã não é uma licença para agir de forma egoísta, mas uma oportunidade para servir e amar uns aos outros. No contexto da ética sexual, isso significa que as decisões sobre as relações sexuais devem ser tomadas com foco em servir e amar o cônjuge.
Em conclusão, enquanto o Antigo Testamento proíbe claramente as relações sexuais durante a menstruação, o Novo Testamento não fornece instruções específicas sobre esse assunto. Em vez disso, enfatiza os princípios de amor, respeito mútuo e a santidade do casamento. Os cristãos são chamados a aplicar esses princípios em seus relacionamentos e a agir de acordo com sua consciência, guiados pelo Espírito Santo e pelos ensinamentos das Escrituras. Em última análise, a decisão sobre ter ou não relações sexuais durante a menstruação deve ser tomada pelo casal casado, com foco no consentimento mútuo, respeito e amor.