Como a Bíblia nos instrui a jejuar?

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O jejum é uma disciplina espiritual que tem sido praticada por crentes ao longo da história da fé cristã. É uma abstinência voluntária de alimentos, bebidas ou outras atividades regulares por um período de tempo para buscar uma conexão mais profunda com Deus, buscar orientação ou expressar arrependimento. A Bíblia fornece várias instruções e exemplos de jejum, oferecendo uma compreensão abrangente de seu propósito, métodos e significado espiritual.

No Antigo Testamento, o jejum estava frequentemente associado ao luto, arrependimento e busca do favor de Deus. Por exemplo, no livro de Joel, o profeta convoca o povo a um jejum sagrado, instando-os a retornar a Deus com todo o coração, com jejum, choro e lamento (Joel 2:12-13). Esta passagem destaca a importância do jejum como uma expressão de arrependimento sincero e um desejo de retornar a Deus.

Outro exemplo notável é encontrado no livro de Ester. Quando a rainha Ester soube do plano de aniquilar o povo judeu, ela convocou um jejum entre todos os judeus em Susã. Ela e seus servos também jejuaram por três dias e noites antes de ela se aproximar do rei para pleitear por seu povo (Ester 4:15-17). Este jejum foi um ato coletivo de busca da intervenção e favor de Deus em um momento de grande perigo.

No Novo Testamento, o próprio Jesus jejuou por quarenta dias e quarenta noites no deserto antes de iniciar seu ministério público (Mateus 4:1-11). Este período de jejum foi um tempo de preparação e fortalecimento espiritual, onde Jesus resistiu às tentações de Satanás e afirmou sua dependência da palavra de Deus. O exemplo de Jesus destaca a importância do jejum como um meio de preparação espiritual e capacitação.

Jesus também forneceu instruções específicas sobre como jejuar no Sermão da Montanha. Em Mateus 6:16-18, ele disse:

"Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles desfiguram o rosto para mostrar aos outros que estão jejuando. Em verdade vos digo que eles já receberam sua recompensa. Mas quando jejuarem, unjam a cabeça e lavem o rosto, para que não seja óbvio aos outros que vocês estão jejuando, mas apenas ao seu Pai, que está em secreto; e seu Pai, que vê o que é feito em secreto, os recompensará."

Deste ensinamento, aprendemos vários princípios importantes sobre o jejum. Primeiro, Jesus assume que seus seguidores jejuarão ("quando jejuarem"), indicando que o jejum é uma parte normal e esperada da vida cristã. Segundo, ele adverte contra o jejum para a aparência externa ou para ganhar a aprovação dos outros. Em vez disso, o jejum deve ser um ato privado e sincero de devoção a Deus. A ênfase está na condição espiritual interior, e não nas exibições externas.

O jejum também é mencionado no contexto de buscar a direção e orientação de Deus. No livro de Atos, vemos a igreja primitiva engajada em jejum e oração ao tomar decisões importantes. Por exemplo, em Atos 13:2-3, a igreja em Antioquia jejuou e orou antes de comissionar Barnabé e Saulo (Paulo) para sua jornada missionária. Da mesma forma, em Atos 14:23, Paulo e Barnabé nomearam presbíteros nas igrejas que estabeleceram, com oração e jejum, comprometendo-os ao Senhor.

O propósito do jejum não é manipular Deus ou ganhar seu favor através da abnegação. Em vez disso, é um meio de nos humilharmos diante de Deus, reconhecendo nossa dependência dele e buscando um relacionamento mais profundo com ele. O jejum nos ajuda a focar nossos corações e mentes em Deus, deixando de lado distrações e permitindo-nos ouvir sua voz mais claramente.

É importante abordar o jejum com a atitude e motivação corretas. Isaías 58 fornece uma crítica poderosa do jejum inadequado e destaca o tipo de jejum que agrada a Deus. O profeta Isaías se dirige ao povo que jejuava por razões egoístas e ainda assim continuava a oprimir os outros e a se envolver em injustiças. Ele declara:

"Não é este o jejum que escolhi: soltar as correntes da injustiça e desatar as cordas do jugo, libertar os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com os famintos e fornecer abrigo ao pobre desabrigado—quando você vê o nu, vesti-lo, e não se afastar de sua própria carne e sangue?" (Isaías 58:6-7)

Esta passagem enfatiza que o verdadeiro jejum não é apenas abster-se de alimentos, mas alinhar nossas ações com o coração de Deus para justiça, misericórdia e compaixão. Ela nos chama a uma abordagem holística do jejum que inclui cuidar das necessidades dos outros e viver o amor de Deus de maneiras práticas.

Além de alimentos, o jejum também pode envolver a abstenção de outras atividades ou confortos que possam nos distrair de nosso relacionamento com Deus. Por exemplo, algumas pessoas escolhem jejuar das redes sociais, entretenimento ou outras formas de consumo que podem se tornar ídolos em suas vidas. A chave é identificar o que pode estar impedindo nosso crescimento espiritual e intencionalmente deixá-lo de lado por um período de oração focada e busca de Deus.

O jejum deve sempre ser acompanhado de oração e meditação na palavra de Deus. Não é meramente um ato de abnegação, mas um tempo para se aproximar de Deus, ouvir sua voz e alinhar nossos corações com sua vontade. À medida que jejuamos e oramos, convidamos o Espírito Santo a trabalhar em nós, transformando nossos desejos e renovando nossas mentes.

Também é importante considerar nossa saúde física e limitações ao jejuar. Períodos prolongados de jejum de alimentos devem ser abordados com cautela, e pode ser sábio consultar um profissional de saúde, especialmente para aqueles com condições médicas. O jejum não é sobre prejudicar nossos corpos, mas sobre nos disciplinarmos para o propósito da piedade (1 Timóteo 4:7-8).

Em resumo, a Bíblia nos instrui a jejuar como um meio de nos humilharmos diante de Deus, buscar sua orientação, expressar arrependimento e aprofundar nosso relacionamento com ele. O jejum deve ser feito com sinceridade, humildade e um foco na presença e nos propósitos de Deus. É uma poderosa disciplina espiritual que, quando praticada com o coração e atitude corretos, pode levar a um profundo crescimento e transformação espiritual.

Ao considerarmos incorporar o jejum em nossas práticas espirituais, lembremos as palavras de Jesus e os exemplos dos fiéis ao longo das Escrituras. Jejuemos com um coração que busca a Deus acima de tudo, confiando que ele recompensará nossa devoção sincera e nos aproximará de si mesmo.

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