O que é jejum de acordo com a Bíblia?

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Jejum, de acordo com a Bíblia, é uma disciplina espiritual que envolve abster-se de comida, e às vezes de bebida, por um período especificado. Esta prática está profundamente enraizada na tradição bíblica e tem sido empregada por indivíduos e comunidades como um meio de buscar a Deus, expressar arrependimento e intensificar a oração. Embora o conceito de jejum possa parecer estranho ou até assustador para alguns, é uma ferramenta poderosa para o crescimento espiritual e intimidade com Deus.

A base bíblica para o jejum pode ser encontrada tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Uma das primeiras referências ao jejum está no livro de Êxodo, onde Moisés jejuou por quarenta dias e quarenta noites no Monte Sinai enquanto recebia os Dez Mandamentos de Deus (Êxodo 34:28). Este período de jejum foi marcado por um encontro profundo com Deus, destacando a conexão entre jejum e revelação divina.

No Antigo Testamento, o jejum era frequentemente associado ao luto, arrependimento e busca pela intervenção de Deus em tempos de crise. Por exemplo, no livro de Ester, a Rainha Ester convocou um jejum de três dias entre o povo judeu enquanto enfrentavam a ameaça de aniquilação (Ester 4:16). Este ato de jejum comunitário foi uma demonstração de sua dependência coletiva de Deus e seu pedido sincero por Sua libertação.

O profeta Joel também convocou um jejum em resposta a uma devastadora praga de gafanhotos, instando o povo a "voltar-se para o Senhor de todo o coração, com jejum, choro e lamento" (Joel 2:12). Aqui, o jejum é retratado como parte integrante do arrependimento genuíno e um meio de buscar a misericórdia e restauração de Deus.

No Novo Testamento, o jejum continua a ter uma importância espiritual significativa. O próprio Jesus jejuou por quarenta dias e quarenta noites no deserto antes de iniciar Seu ministério público (Mateus 4:1-2). Este período de jejum foi um tempo de preparação, teste e fortalecimento espiritual. O exemplo de Jesus destaca o valor do jejum como uma maneira de se aproximar de Deus e ser fortalecido para o trabalho que Ele nos chamou a fazer.

Além disso, Jesus ensinou sobre o jejum no Sermão da Montanha, enfatizando a importância da sinceridade e humildade nesta prática. Ele instruiu Seus seguidores: "Quando jejuarem, não mostrem uma aparência triste como os hipócritas, pois eles desfiguram o rosto para mostrar aos outros que estão jejuando. Em verdade vos digo que eles já receberam sua recompensa. Mas quando jejuarem, unjam a cabeça e lavem o rosto, para que não pareça aos outros que vocês estão jejuando, mas apenas ao vosso Pai, que está em secreto; e vosso Pai, que vê o que é feito em secreto, vos recompensará" (Mateus 6:16-18).

Deste ensinamento, fica claro que o jejum não é para ser uma exibição pública de piedade, mas um ato privado de devoção entre o indivíduo e Deus. O foco deve estar na transformação espiritual interior, em vez das aparências externas. As palavras de Jesus também indicam que o jejum é esperado de Seus seguidores, pois Ele diz "Quando jejuarem", não "Se jejuarem".

A igreja primitiva continuou a prática do jejum, muitas vezes em conjunto com a oração, enquanto buscavam a orientação e o empoderamento de Deus. No livro de Atos, vemos exemplos da igreja jejuando antes de tomar decisões significativas, como a comissão de Paulo e Barnabé para o trabalho missionário (Atos 13:2-3) e a nomeação de presbíteros nas igrejas (Atos 14:23). Esses exemplos demonstram que o jejum era uma parte regular da vida espiritual da comunidade cristã primitiva.

O jejum, portanto, não é meramente um ato de abnegação, mas um meio de alinhar-se com a vontade e os propósitos de Deus. É uma maneira de humilhar-se diante de Deus, buscar Sua face e aproximar-se Dele. A fome física experimentada durante um jejum serve como um lembrete de nossa fome espiritual mais profunda por Deus e nossa dependência Dele para sustento e força.

Além de abster-se de comida, o jejum também pode envolver a abstenção de outras atividades ou distrações que possam impedir nosso foco em Deus. Isso pode incluir jejum de mídia, atividades sociais ou outras formas de entretenimento. O objetivo é criar espaço em nossas vidas para ouvir a voz de Deus, orar mais fervorosamente e cultivar um relacionamento mais profundo com Ele.

Embora o jejum seja uma disciplina espiritual poderosa, é importante abordá-lo com o coração e as motivações corretas. O jejum não deve ser feito por obrigação, para ganhar o favor de Deus ou para impressionar os outros. Em vez disso, deve ser motivado por um desejo genuíno de buscar a Deus, arrepender-se do pecado e crescer em santidade. Como o profeta Isaías nos lembra, o verdadeiro jejum não é apenas abster-se de comida, mas viver uma vida de justiça e retidão: "Não é este o jejum que escolhi: soltar as correntes da injustiça e desatar as cordas do jugo, pôr em liberdade os oprimidos e romper todo jugo? Não é partilhar sua comida com o faminto e abrigar o pobre desamparado—quando você vir o nu, vesti-lo, e não se esconder do seu próprio sangue?" (Isaías 58:6-7).

Em resumo, o jejum de acordo com a Bíblia é uma disciplina espiritual multifacetada que envolve abster-se de comida ou outras distrações como um meio de buscar a Deus, expressar arrependimento e intensificar a oração. Tem raízes profundas na tradição bíblica e tem sido praticado por indivíduos e comunidades ao longo da história do povo de Deus. O jejum não é sobre aparências externas ou ganhar o favor de Deus, mas sobre humilhar-se diante de Deus, buscar Sua vontade e aproximar-se Dele. À medida que nos envolvemos no jejum com o coração e as motivações corretas, nos abrimos para experimentar a presença, orientação e poder transformador de Deus em nossas vidas.

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